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O mercado espacial movimentou US$ 596 bilhões (cerca de R$ 3,4 trilhões) em todo o mundo no ano passado. Dessa fatia, segundo a consultoria internacional Novaspace, 52% está relacionada ao segmento downstream, que engloba o uso dos dados do espaço para gerar produtos, serviços e aplicações aqui na Terra. É exatamente nesse recorte que o estado do Paraná pretende dar seus primeiros passos no setor espacial e fomentar a economia local, especialmente a agricultura.
Para isso, o governo do estado investirá R$ 4,2 milhões, por meio da Fundação Araucária e da Secretaria da Inovação e Inteligência Artificial, no Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Space. A Coamo Agroindustrial colocará mais R$ 1 milhão. O objetivo desse movimento é, segundo o governo estadual, gerar serviços que possam ser úteis à sociedade, com base em pesquisa e novos negócios que envolvem Inteligência Artificial e Internet das Coisas (IoT).
Os dados espaciais são considerados essenciais para o agronegócio. A partir das imagens lá de cima, produtores podem analisar o gerenciamento de água e medições de água, planejar o plantio, controlar perdas de grãos no transporte e, consequentemente, reduzir custos e melhorar a produtividade das lavouras. Além disso, o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) pode acessar os dados para monitorar qualidade e quantidade de água em reservatórios e rios, por exemplo.
“O Paraná não quer lançar satélites, nós não precisamos. Nós temos vários outros estados que têm competência e expertise para isso. O que queremos é ter aplicações para o uso de satélites”, ressaltou a articuladora do Napi Space e assessora de Relações Institucionais de Inovação da Fundação Araucária, Cristianne Cordeiro.
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Aplicações dos dados espaciais estão no dia a dia das pessoas
Esse segmento de dowstream pode não chamar a atenção como o lançamento de foguetes da SpaceX de Elon Musk ou da Blue Origin de Jeff Bezos, mas é onde estão as aplicações que de fato impactam no dia a dia das pessoas. Além dos casos de observação da Terra, que é onde o Paraná entrará no setor espacial, há os serviços de geolocalização e comunicação, por exemplo.
“As aplicações downstream são o principal impulsionador do crescimento projetado de US$ 348 bilhões na próxima década”, observa o consultor sênior da Novaspace, Lucas Pleney. “Os serviços de satélites, como navegação, observação da Terra e comunicações, estão se tornando cada vez mais integrais em diversos setores, incluindo agricultura, logística e planejamento urbano”, complementa.
Dados espaciais são considerados essenciais para o agronegócio.
“O espaço está presente no nosso dia a dia, como nos satélites que ajudam a prever o tempo, no monitoramento dos recursos naturais, no apoio aos agronegócios e em tantas outras aplicações. Por isso, investir em pesquisa e inovação nessa área é investir no futuro do Brasil”, destacou a coordenadora de Estudos Estratégicos e Novos Negócios da Agência Espacial Brasileira (AEB), Leila Maria Garcia Fonseca.
Participam do Napi Space instituições como o Simepar, o Instituto Senai de Tecnologia, a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, universidades públicas e o Instituto Federal do Paraná. Há ainda a parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), que focará no entendimento técnico sobre satélites, enquanto a Universidade Aberta do Brasil (UAB) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) contribuirão com abordagens jurídicas ligadas ao setor.
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