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Crime às vésperas da eleição 2022

Justiça condena União a pagar R$ 100 mil à ex-esposa de petista morto em Foz do Iguaçu

Jorge Guaranho e Marcelo Arruda trocaram tiros em crime cometido em Foz do Iguaçu, às vésperas das eleições 2022.
Imagem de julgamento de Guaranho, em fevereiro de 2025. Júri considerou que morte de ex-tesoureiro do PT teve motivação política em 2022. (Foto: Divulgação/Assistência de Acusação)

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O juiz federal substituto João Rômulo da Silva Brandão, da 2ª Vara Federal de Foz do Iguaçu, condenou a União ao pagamento de R$ 100 mil por danos morais à assistente social Alexandra Moizes Miranda de Arruda, ex-esposa de Marcelo Aloizio de Arruda. Guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Arruda foi morto em 10 de julho de 2022, quando comemorava 50 anos em uma festa de aniversário que tinha como tema o partido e o presidente Lula. O crime ocorreu na cidade de Foz do Iguaçu (PR) e foi cometido por Jorge Guaranho, então policial penal federal e apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Após iniciarem uma briga, Guaranho disparou diversas vezes contra a vítima, que chegou a revidar, também com arma de fogo. A sentença reconheceu a responsabilidade objetiva da União, com base no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o qual o Estado pode ser responsabilizado quando o agente público utiliza recursos da corporação, mesmo fora do horário de serviço.

Jorge Guaranho usava uma arma pertencente à instituição federal no momento do crime cometido em Foz. Segundo os autos, Alexandra foi casada com Marcelo Arruda por mais de 25 anos e teve dois filhos com ele. Embora separados de fato à época do crime, o juiz destacou que havia entre eles vínculos afetivos e financeiros, o que justifica o direito à indenização.

A autora havia solicitado 500 salários mínimos (cerca de R$ 706 mil), mas o valor foi fixado em R$ 100 mil, acrescido de correção monetária e juros pela taxa Selic, com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. "A indenização não apaga o que aconteceu, mas é o reconhecimento por tudo que vivemos", afirmou Alexandra, em nota à imprensa. "A palavra que resume é gratidão", completou.

A União também foi condenada ao pagamento das custas processuais e de honorários advocatícios, fixados em 10% do valor da condenação. O Ministério Público Federal foi excluído do polo passivo da ação.

A companheira de Marcelo Arruda à época do crime cometido em Foz e os quatro filhos já haviam firmado um acordo com a Advocacia-Geral da União (AGU), no qual receberam R$ 1,7 milhão, dividido proporcionalmente entre eles. Os menores de idade foram indenizados por danos morais e materiais, enquanto o filho mais velho e a viúva receberam compensação por dano moral.

O autor dos disparos, Jorge Guaranho, foi condenado em fevereiro deste ano a 20 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado – por motivo torpe e por colocar outras pessoas em risco. Ele cumpre pena no Complexo Médico-Penal, na região de Curitiba, e a defesa dele tenta obter a transferência para prisão domiciliar.

O ex-policial penal tem diversas sequelas físicas e neurológicas por causa dos tiros disparados por Marcelo Arruda e por agressões que sofreu de pessoas que estavam na festa de aniversário. O Ministério Público recorreu pedindo o aumento da pena, enquanto os advogados de Guaranho buscam a redução. Os recursos aguardam julgamento.

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