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Na Bolsa de Valores

Como será o leilão de privatização da primeira estatal de tecnologia da informação do país

Leilão da Celepar
Paraná aposta na desestatização da Celepar para modernizar a tecnologia pública. (Foto: José Fernando Ogura/Arquivo AEN)

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O governo do estado do Paraná apresentou nesta quarta-feira (3) o modelo de negócio para a privatização da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) com previsão de leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, até o fim deste ano.

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Contratada para o estudo técnico de modelagem de desestatização da primeira govtech do país, a Ernst & Young participou da audiência pública online e informou que o edital - previsto para o último trimestre de 2025 - prevê um contrato de compra e venda das ações da empresa paranaense de economia mista.

Segundo o diretor executivo da Ernst & Young, Alexandre Vidal, o leilão da Celepar terá um único lote com a totalidade das ações de titularidade do estado do Paraná, o que vai representar o controle acionário da empresa de tecnologia da informação. A exceção será uma única ação convertida em ação preferencial “golden share”, o que garante ao governo paranaense o poder de veto em decisões da empresa após a privatização.

“O valor [das ações] será estabelecido no edital após avaliação econômico-financeira, sendo que o leilão será realizado com lances em viva voz”, explicou Vidal. A proponente que oferece o maior lance arremata as ações e, consequentemente, o controle da Celepar no Paraná. Desde 8 de agosto, os investidores interessados podem acessar a sala de informações sobre o processo de privatização da empresa para a análise do mercado, mediante o pagamento de caução de R$ 350 mil.

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O secretário de Inovação e Inteligência Artificial do estado do Paraná, Alex Canziani, lembrou que a lei que permite a desestatização foi sancionada em novembro do ano passado pelo governador Ratinho Junior (PSD), após a aprovação do projeto de lei na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A tramitação da matéria foi marcada por debates envolvendo a proteção de dados dos paranaenses.

Canziani afirmou que a Celepar possui um nível de segurança de 99,9% com a certificação do data center, o que será mantido pelo vencedor do leilão na Bolsa de Valores. “As empresas privadas demonstram qualidade no tratamento de dados sensíveis em áreas como saúde, educação, segurança e no mercado corporativo”, defendeu o secretário estadual. 

Ele disse que o projeto de lei ressalta que os dados pertencem aos cidadãos com proibição do uso para fins comerciais ou compartilhamento das informações, sendo que caberá ao estado a fiscalização. “Nos últimos anos, o Paraná recebeu mais de R$ 300 bilhões do setor privado. Os recursos da Celepar serão usados para alavancar os investimentos para a população paranaense, sendo que é vedado o custeio da máquina pública”, completou.

Segundo informações da Celepar, a empresa teve um faturamento de R$ 570 milhões no ano passado e é proprietária de um data center de 270 metros quadrados com 6,6 petabytes de armazenamento, o que equivale a 25 mil iPhones de 256 gigas de memória. A estatal é responsável por 35 aplicativos do governo paranaense. Veja os números dos serviços prestados em 2024:

  • 1,7 bilhão de faturas aos consumidores
  • 1 milhão de chamadas de emergência para o Samu
  • 980 mil carteiras de motoristas renovadas
  • 900 mil matrículas de estudantes
  • 65 mil arquivos policiais gerados via aplicativo

De acordo com o secretário de Inovação, o edital irá prever que a empresa não poderá mudar a sede da Celepar para outro estado e ainda deve permanecer com a infraestrutura física de armazenamento e processamento de dados por pelo menos 10 anos no Paraná.

Canziani apontou que o processo de privatização vai possibilitar a expansão tecnológica da Celepar com a produção ágil de soluções digitais, além de desburocratizar as contratações do governo do estado com preços mais baratos nas licitações, seja para contratos com a Celepar ou com outros fornecedores privados.

“A maioria dos países, especialmente os mais desenvolvidos, conta com empresas privadas de tecnologia para desenvolver sistemas de tecnologia e similares para seus governos e entidades estatais. Na era da Inteligência Artificial, a burocracia estatal sufoca empresas públicas de TI e as impede de ter velocidade de resposta e competitividade”, comentou.

Conforme o cronograma de desestatização, as propostas apresentadas na audiência pública serão incorporadas ao projeto até o final de setembro, quando também está previsto o lançamento do Programa de Demissão Voluntária (PDV) da Celepar. A previsão é que o edital, roadshow com os investidores e o leilão na B3 ocorram no último trimestre do ano.

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