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Gado holandês da bacia leiteira ABCW é o mais produtivo do país.
Gado holandês da bacia leiteira ABCW é o mais produtivo do país.| Foto: André Macedo/Elanco

Líder nacional em produtividade leiteira, a região de Castro, nos Campos Gerais do Paraná, foi a escolhida para sediar o Dairy Summit, evento promovido pela Elanco, uma das principais farmacêuticas veterinárias do mundo, que atua na área de saúde e nutrição animal.

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O Dairy Summit reuniu, nos dias 25 e 26 de outubro, cerca de 100 médicos veterinários e zootecnistas que prestam assistência técnica e consultoria a cooperativas e fazendas de leite dos grandes estados produtores (Minas Gerais, Paraná, Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). A programação incluiu palestras com especialistas e Dia de Campo.

O tema do evento foi "90 Dias Vitais", uma referência ao período mais crítico para a pecuária leiteira - os 60 dias antes e os 30 dias após o parto. É o período em que a vaca demanda cuidados especiais em relação à saúde e à nutrição para garantir o seu bem-estar e, consequentemente, uma boa produtividade e um bom nível reprodutivo.

“A região de Castro foi a escolhida para sediar o evento por ser caracterizada pela alta tecnologia, produção eficiente, produtividade bem acima da média nacional e elevado volume. Por isso, é uma das principais bacias leiteiras do Brasil e referência para o setor”, explica André Pratto, médico-veterinário consultor técnico da Elanco Saúde Animal.

Ele esclarece que não se trata apenas do município de Castro, mas de toda a bacia leiteira conhecida por ABCW (Arapoti, Batavo, Castrolanda e Witmarsum). Enquanto a produtividade média nacional é de 5 litros de leite por vaca ao dia, na região a média é de 30 litros/vaca/dia.

Segundo o veterinário, entre todas as regiões produtoras de leite do Brasil, é na bacia leiteira ABCW que o conceito dos 90 Dias Vitais está mais disseminado. Pratto explica que o convencional é o produtor de leite considerar apenas o período de transição (três semanas antes e três semanas após o parto) como uma fase que demanda uma atenção especial ao animal.

“A proposta da Elanco, com base em resultados de pesquisas científicas, é estender esse prazo para 90 dias (60 antes e 30 após o parto)”, defende. Os estudos mostram que esse período é de muito estresse e alterações metabólicas no animal que, se bem cuidado, vai responder com uma boa performance em produção de leite e índice de prenhez. O veterinário explica que a produtividade de leite pode aumentar entre 20% e 30% com os cuidados ao longo dos 90 dias Vitais. Para o protocolo dos 90 Dias Vitais, a Elanco oferece um pacote de soluções, com produtos voltados à saúde e nutrição animal.

O evento teve a participação de especialistas convidados que apresentaram palestras com os mais recentes resultados de pesquisa na área. O zootecnista Renato Palma Nogueira, formado pela Universidade de Lavras (MG), destacou que a lactação começa na secagem da vaca (período antes do parto, em que a vaca deixa de ser ordenhada). Segundo ele, pelo fato de a vaca não estar produzindo leite nesse período, "muitos produtores negligenciam a nutrição e os demais cuidados, o que é um erro".

Rodrigo Almeida, professor e pesquisador do Departamento de Zootecnica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), chamou a atenção para o período de transição como uma fase crítica. “Há um balanço energético e protêico negativos, uma baixa em nutrientes essenciais e, por causa disso, uma vaca imunodeprimida”, destacou. Segundo ele, tudo isso reforça a necessidade de cuidados especiais para não comprometer a produção e o nível reprodutivo do animal.

Agropecuária Reggia: 40 litros de leite/vaca/dia

O Dia de Campo do Dairy Summit foi na Agropecuária Reggia, na colônia de Witmarsum, município de Palmeira, a 70 quilômetros de Castro. De propriedade de Marcos Epp, a fazenda é considerada modelo e referência em pecuária leiteira, com a produtividade média chegando a 40 litros por vaca ao dia. O resultado é superior até mesmo à média da região que já é bem acima da média nacional.

Na Agropecuária Reggia, em Witmarsum, cada vaca produz 40 litros de leite por dia. (André Macedo/Elanco).
Na Agropecuária Reggia, em Witmarsum, cada vaca produz 40 litros de leite por dia. (André Macedo/Elanco).| Andre Macedo

A Agropecuária Reggia foi fundada em 1968. Marcos Epp é a terceira geração da família dedicada à pecuária leiteira. A propriedade tem 3.100 vacas, das quais 1.200 em lactação.

Associado à Cooperativa Witmarsum, ele atua em parceria com a Elanco e adota o programa dos 90 Dias Vitais. “Isso influencia muito no resultado. Se a gente cuida bem da vaca no pré e no pós parto, ela produz melhor e fornece um leite com mais teor de sólidos”, afirma. Os sólidos a que o produtor se refere são proteínas e gorduras, o que garante um melhor rendimento na industrialização e, por isso, uma melhor remuneração ao produtor.

Dia de Campo em Witmarsum reuniu veterinários e zootecnistas das principais regiões produtoras de leite do Brasil. (André Macedo/Elanco).
Dia de Campo em Witmarsum reuniu veterinários e zootecnistas das principais regiões produtoras de leite do Brasil. (André Macedo/Elanco).| Andre Macedo

Paraná produz 14% do leite de todo o Brasil

O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, responde por 14% da produção nacional e fica atrás de Minas Gerais, que produz 27% de todo o leite do país. Mas, o Paraná se destaca pela produtividade e isso se deve, especialmente à região do ABCW, onde a produtividade média é de 30 litros de leite por vaca ao dia.

O predomínio nas fazendas é do gado holandês, a principal raça destinada à produção leiteira. De acordo com o Censo Agropecuário do IBGE, a produtividade média nacional é de 5 litros por vaca/dia. A alta produtividade no ABCW é resultado da tecnificação das propriedades. Os pecuaristas investem em melhoria genética do rebanho, em sanidade, em nutrição e instalações adequadas.

Na bacia leiteira ABCW, há uma forte atuação de cooperativas tradicionais, tanto na produção, com produtores cooperados, quanto no processamento do leite, com indústrias de laticínios.

Lorenzo Copetti, supervisor técnico de nutrição animal da Cooperativa Castrolanda, que participou do evento, destaca que “a nossa missão é mostrar para o produtor que o período de transição não é só o pré e o pós-parto, mas todos os 90 dias, que compreendem o período de secagem da vaca (suspensão da ordenha, 60 dias antes do parto) até os 30 dias após o nascimento do bezerro”. Para o veterinário, é importante que o pecuarista tenha em mente que não se trata de um custo, mas de um investimento. “Ele está pagando agora para, na próxima lactação, ter o retorno”, pontua.

Experiência de outros estados

Juliano Pires Castro, veterinário autônomo que atua em Rio Verde (GO), participou do Dairy Summit. Ele contou que os resultados de pesquisas apresentados no evento referentes aos 90 Dias Vitais vão contribuir bastante para o seu trabalho, bem como o que ele viu na prática no Dia de Campo. “Algumas fazendas que eu atendo em Goiás já adotam esse procedimento, mas ainda são bem poucas”, diz.

Flávia Freitas Carvalho, veterinária da Cooperativa Comigo, de Goiás, disse também que o protocolo dos 90 Dias Vitais é adotado por uma minoria de fazendas na região onde ela atua, o sudoeste goiano. “Apenas as fazendas que têm um alto nível tecnológico adotam, mas vejo que este terá que ser o caminho para quem quer se manter na atividade”, pontuou.

Veterinário da região de Patos, Minas Gerais, principal estado produtor de leite do Brasil, Luis Fernando Faria Coury, participou do Dairy Summit e destacou que é visível que os melhores resultados na pecuária leiteira ocorrem nas fazendas que adotam o protocolo dos 90 Dias Vitais. São dias muito críticos que vão ter impacto em toda a vida do animal, na saúde, na produção de leite e na reprodução. Por isso temos procurado disseminar esse modelo”, frisou.

* A repórter viajou a Castro a convite da Elanco.

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