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Interações sem fronteiras e simulações em fazendas experimentais são algumas das possibilidades no metaverso.

Cooperativismo

Metaverso no agro aposta em interação com produtores rurais e na sustentabilidade virtual

Rafael Fantin
03/08/2023 20:23
Se o plantio e a produção de alimentos são experiências reais na concretude da terra com resultados que dependem da imprevisibilidade climática, as boas práticas agrícolas, a divulgação do conhecimento no campo e as interações sem distâncias entre produtores rurais ganharam novas versões no mundo virtual, que ampliam possibilidades de testes e simulações com resultados mais assertivos no mundo real.
Pelo solo de poeira de pixels, os produtores rurais podem passear por fazendas do futuro no metaverso, conhecer tecnologia de ponta e novas práticas em campos experimentais ou, até, visitar uma propriedade rural do outro lado do mundo. Na última semana, jovens cooperados tiveram a primeira experiência no metaverso no lançamento do Parque Tecnológico da Integrada, durante o Cooperlíder Jovem, promovido pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), no Vila Planalto em Londrina (PR), com cerca de 400 participantes.
Durante o evento, o Parque Tecnológico (localizado em algum lugar do metaverso) se tornou uma extensão do evento real em uma experiência pioneira com os jovens de 28 cooperativas do estado. Entre os desafios, estava a busca por soluções e alternativas com criatividade para inovação no campo com uso da tecnologia de realidade virtual.
“O papel da cooperativa é facilitar o acesso às ferramentas e deixar que os jovens sejam criativos e explorem todo o potencial que essa tecnologia tem”, afirmou o superintendente geral da Integrada, Haroldo Polizel, que aposta no mundo virtual para replicar conhecimentos, aproximar os produtores cooperados independente da distância e a possibilidade de simulações com resultados efetivos no mundo real. “A ideia é trazer essa experiência para o grupo de jovens, justamente, para permitir o contato com o metaverso no agro e estimular a criatividade, pois vão surgir novas ideias de aplicabilidade”, acrescentou.
De acordo com com ele, todo o processo de produção pode ser acompanhado dentro do metaverso no agro, que abriria a possibilidade até de resolução de problemas, como conserto de máquinas com visitas às empresas fornecedoras, responsáveis pelo atendimento e a transmissão do conhecimento técnico. “Dentro da rastreabilidade de um produto, a porta de uma fazenda pode ser aberta para uma pessoa, em qualquer lugar do mundo, para conhecimento das boas práticas de produção, sendo o mundo virtual uma réplica do mundo real. Essa aproximação e interação virtual contribuem com melhorias reais de produção”, explicou Polizel.
Ele também ressaltou o baixo custo de produção, se comparado com a construção real de um Parque Tecnológico e a sustentabilidade do processo de produção com simulações efetivas no metaverso. “É possível fazer isso sim, sem desgastar nada na realidade. Isso é o que a gente acredita muito, sem falar das questões comerciais. A questão do plantio e de produzir os alimentos ainda está no mundo real, mas as relações comerciais, os cenários, aproximação entre distâncias, são oportunidades que podem ser feitas, hoje, dentro do mundo virtual”, comentou.

Tecnologias como o GPS mudaram a produção da “roça”, diz engenheira 

Produtora de laranjas em Cornélio Procópio (PR), a engenheira agrônoma Catarina Contin Gallerani, 31 anos, afirmou que a presença das tecnologias de ponta e plataformas inovadoras, como o metaverso, fazem parte do dia a dia do agronegócio moderno e são fundamentais para o processo de produção com mais eficiência e qualidade no campo. “As pessoas ainda têm aquele estereótipo que o agro é ‘roça’, mas o jovem que veio do meio rural, com pais produtores, gosta de inovação e de modernidade e, hoje, tem todas essas possibilidades sem sair de casa, que são as mesmas ferramentas que os colegas da cidade acessam”, compara.
Engenheira agrônoma acompanha inovações para tocar o negócio da família.
Engenheira agrônoma acompanha inovações para tocar o negócio da família.
Na avaliação dela, o metaverso no agro pode ser mais uma inovação importante no setor, como o GPS, que aumentou o controle e eficiência dos equipamentos. “Temos tecnologia para rastreamento das máquinas, de monitoramento do plantio e da pulverização, toda essa tecnologia de GPS. Saber onde está cada equipamento, o que ele está fazendo, quanto está consumindo de combustível e quantas sementes está jogando. Anos atrás, regulava uma vez e 'Deus ajude que vai continuar igual'. Hoje, você tem esses dados, que reduzem custos para uma produção sustentável e com mais qualidade”, ressalta.

Eficiência de testes aumenta 10% com uso da realidade virtual

Responsável pela criação da “Fazenda do Futuro” da Cooperativa Integrada, o fundador e CEO da XSpaces, Ricardo Matiello, afirmou que o metaverso no agro possibilita economia de tempo e de custo para as empresas e também mais assertividade nos processos de trabalho.
“Estudos apontam que a realidade virtual aumenta em 10% o resultado de testes. O âmbito lúdico fixa muito mais o conhecimento seja no treinamento de um colaborador ou no lançamento de um produto”, diz.
Ele lembra que a tecnologia usada para a construção do espaço virtual da cooperativa é a mesma usada nas plataformas de lançamento de motos elétricas da BMW e pelo time de basquete da NBA, Utah Jazz, na interatividade com torcedores. “Após o evento, o espaço preparado para a Cooperativa Integrada, sede da empresa no mundo virtual, vai permitir capacitações, lançamentos e até mesmo um dia de campo em uma lavoura com aplicação de um produto, mostrando a técnica pela primeira vez ao produtor rural”, exemplifica.
Matiello comentou que a construção do espaço no metaverso é feita com base em um projeto arquitetônico, que permite a interação de pessoas de todas as partes do mundo por meio dos avatares. “Um parque tecnológico, no mundo físico seria muito caro, mas pode ser uma extensão da realidade para o mundo virtual. Também é possível a reprodução de espaços reais para que as pessoas possam participar de um evento, conhecer áreas de produção ou testar produtos”, acrescenta.