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O senador Sergio Moro assumiu o comando estadual do União Brasil e deve priorizar o diálogo com integrantes da sigla e a articulação política com a federação União Progressista para pavimentar uma candidatura ao governo do Paraná em 2026. O ex-juiz da operação Lava Jato tomou posse do cargo de líder paranaense na semana passada com o aval do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e deve intensificar as conversas internas no União Brasil e com o PP para a construção do projeto eleitoral.
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As duas siglas — que formam a maior federação partidária do país — são aliadas do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), que irá indicar um nome do grupo político e colocá-lo, possivelmente, como principal concorrente da pré-candidatura de Moro ao Executivo estadual. Em entrevista à Gazeta do Povo, o senador confirmou que é pré-candidato ao governo, mas que a decisão será tomada após reuniões com os integrantes da federação no estado.
“O União Brasil quer ter uma candidatura majoritária ao governo no próximo ano, esse era um passo necessário [assumir a presidência do partido]. Além disso, junto com o Progressistas, queremos formar duas grandes bancadas de deputados federais e estaduais da federação”, disse.
Moro reiterou que é pré-candidato ao governo do Paraná, mas que "a decisão de concorrer será tomada mais adiante porque a gente tem que estar focado nos problemas atuais do Brasil”, completou o senador, que é considerado favorito na intenção de voto do eleitor, segundo os institutos de pesquisa, até o momento.
Nas eleições de 2024, Moro teve atritos com a cúpula estadual do União Brasil por causa de posicionamentos nos pleitos em algumas cidades do estado. Mas o senador exaltou o trabalho de liderança do ex-presidente da legenda no Paraná, Felipe Francischini, e agradeceu pela transição. “No final houve uma composição amigável para que eu assumisse a presidência. Tudo pensando no presente e no futuro do partido.”
Moro destaca alinhamento nacional da federação; PP trata pré-candidatura com cautela
No Paraná, o Progressistas é liderado pela família Barros, chefiada pelo ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer (MDB) e atual deputado federal Ricardo Barros. Ele deixou recentemente o primeiro escalão do governo Ratinho Junior para voltar ao Congresso. A filha de Barros, a deputada estadual Maria Victoria, é presidente do PP no Paraná. Além disso, a ex-governadora Cida Borghetti — esposa de Ricardo Barros — é cotada pela sigla para a corrida ao Palácio Iguaçu.
Internamente, uma candidatura ao governo do Paraná é considerada um impasse dentro do PP, partido aliado do governador Ratinho Junior. Em nota, a presidente estadual da sigla disse que as eleições de 2026 serão discutidas “com cautela”, assim como a presidência da federação União Progressista no Paraná. Ela destacou que os deputados federais do PP têm o respaldo do presidente nacional, o senador Ciro Nogueira (PP), para a tomada das decisões no estado.
Já Moro defendeu que o alinhamento nacional da federação União Progressista deve se refletir em 2026, no Paraná, e lembrou do desembarque dos partidos do governo Lula com a entrega de ministérios. Para o senador, o movimento está em alinhamento à oposição feita por ele ao presidente Lula.
“A política é a arte do diálogo e nosso parceiro preferencial é o Progressistas. Tenho conversado muito com os deputados dos partidos e com a presidente [do PP no Paraná], deputada estadual Maria Victoria, que é uma pessoa jovem e muito qualificada. A gente tem expectativa de fazer essa construção sem atropelos, dialogando, com a união dos partidos no cenário nacional”, avaliou o senador.
Além de Moro e Borghetti, a proximidade do Progressistas com Ratinho Junior coloca os concorrentes do PSD na briga pelo apoio nos bastidores da sigla. O ex-prefeito de Curitiba e atual secretário de Desenvolvimento Sustentável na gestão Ratinho Junior, Rafael Greca; o secretário estadual de Cidades, Guto Silva; e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi, disputam o apoio do grupo político do atual governo.
Questionado sobre a concorrência de um nome escolhido pelo governador do Paraná, Moro respondeu que nunca fez oposição ao governo de Ratinho Junior e que mantém o foco no combate ao PT e ao governo Lula.
Segundo ele, se for governador, a gestão buscará um “padrão de excelência” em áreas como saúde, educação e segurança, sem desmerecer o que foi realizado pela atual gestão. “Temos o plano de fazer, em novembro, no Paraná, o Fórum Nacional da Segurança Pública, que o União Brasil tem feito em vários estados, como recentemente na Bahia”, acrescentou.
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Nomes de peso do União Brasil podem migrar para outros partidos
Uma das principais desavenças de Moro durante as eleições de 2024 foi com o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil), que foi candidato à prefeitura de Curitiba com a deputada federal Rosangela Moro — esposa do senador — na vaga de vice. A chapa não foi para o segundo turno e o resultado gerou uma crise interna no partido entre o casal e Leprevost, antigo aliado de Ratinho Junior.
A Gazeta do Povo apurou que o União Brasil deve se reunir em Curitiba na sexta-feira (12) para apresentação das propostas de Moro aos filiados, o que também pode iniciar um processo de pacificação, apesar dos convites de outros partidos para os principais nomes do grupo político.
Enquanto Leprevost aguarda o início da gestão Moro dentro do partido para definir o futuro político, o ex-presidente da sigla no estado é cortejado pelo Podemos. Francischini e o secretário estadual de Trabalho e Renda, Do Carmo (União), se encontraram na segunda-feira (8) com o ex-governador e ex-senador Alvaro Dias (Podemos). Nos bastidores, o partido prepara um convite para a dupla trocar o União pelo Podemos.
A mudança também pode ter repercussão no clã Francischini. O ex-presidente do União no Paraná é filho do ex-deputado federal Fernando Francischini (Solidariedade), que assumiu a presidência da federação com o PRD no Paraná. Ele voltará a disputar as eleições em 2026 — após ter sido cassado por ataques ao sistema eleitoral — e ainda deve definir o apoio eleitoral para a corrida ao governo paranaense.
Esposa do ex-parlamentar, a deputada estadual Flávia Francischini (União) também pode reforçar o quadro da federação Solidariedade-PRD. A migração de parlamentares depende da abertura da janela partidária para que os deputados mantenham os cargos eletivos, conforme as regras da legislação eleitoral.
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