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Diálogo e articulação política

Moro tenta atrair aliados de Ratinho Junior para fortalecer projeto ao governo em 2026

Senador Moro União Brasil
Candidatura de Moro ao governo do Paraná vai precisar de aval da federação União Progressista. (Foto: Carlos Moura/Agência Senado)

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O senador Sergio Moro assumiu o comando estadual do União Brasil e deve priorizar o diálogo com integrantes da sigla e a articulação política com a federação União Progressista para pavimentar uma candidatura ao governo do Paraná em 2026. O ex-juiz da operação Lava Jato tomou posse do cargo de líder paranaense na semana passada com o aval do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, e deve intensificar as conversas internas no União Brasil e com o PP para a construção do projeto eleitoral.

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As duas siglas — que formam a maior federação partidária do país — são aliadas do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), que irá indicar um nome do grupo político e colocá-lo, possivelmente, como principal concorrente da pré-candidatura de Moro ao Executivo estadual. Em entrevista à Gazeta do Povo, o senador confirmou que é pré-candidato ao governo, mas que a decisão será tomada após reuniões com os integrantes da federação no estado.

“O União Brasil quer ter uma candidatura majoritária ao governo no próximo ano, esse era um passo necessário [assumir a presidência do partido]. Além disso, junto com o Progressistas, queremos formar duas grandes bancadas de deputados federais e estaduais da federação”, disse.

Moro reiterou que é pré-candidato ao governo do Paraná, mas que "a decisão de concorrer será tomada mais adiante porque a gente tem que estar focado nos problemas atuais do Brasil”, completou o senador, que é considerado favorito na intenção de voto do eleitor, segundo os institutos de pesquisa, até o momento.

Nas eleições de 2024, Moro teve atritos com a cúpula estadual do União Brasil por causa de posicionamentos nos pleitos em algumas cidades do estado. Mas o senador exaltou o trabalho de liderança do ex-presidente da legenda no Paraná, Felipe Francischini, e agradeceu pela transição. “No final houve uma composição amigável para que eu assumisse a presidência. Tudo pensando no presente e no futuro do partido.”

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No Paraná, o Progressistas é liderado pela família Barros, chefiada pelo ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer (MDB) e atual deputado federal Ricardo Barros. Ele deixou recentemente o primeiro escalão do governo Ratinho Junior para voltar ao Congresso. A filha de Barros, a deputada estadual Maria Victoria, é presidente do PP no Paraná. Além disso, a ex-governadora Cida Borghetti — esposa de Ricardo Barros — é cotada pela sigla para a corrida ao Palácio Iguaçu.

Internamente, uma candidatura ao governo do Paraná é considerada um impasse dentro do PP, partido aliado do governador Ratinho Junior. Em nota, a presidente estadual da sigla disse que as eleições de 2026 serão discutidas “com cautela”, assim como a presidência da federação União Progressista no Paraná. Ela destacou que os deputados federais do PP têm o respaldo do presidente nacional, o senador Ciro Nogueira (PP), para a tomada das decisões no estado.

Já Moro defendeu que o alinhamento nacional da federação União Progressista deve se refletir em 2026, no Paraná, e lembrou do desembarque dos partidos do governo Lula com a entrega de ministérios. Para o senador, o movimento está em alinhamento à oposição feita por ele ao presidente Lula.

“A política é a arte do diálogo e nosso parceiro preferencial é o Progressistas. Tenho conversado muito com os deputados dos partidos e com a presidente [do PP no Paraná], deputada estadual Maria Victoria, que é uma pessoa jovem e muito qualificada. A gente tem expectativa de fazer essa construção sem atropelos, dialogando, com a união dos partidos no cenário nacional”, avaliou o senador.

Além de Moro e Borghetti, a proximidade do Progressistas com Ratinho Junior coloca os concorrentes do PSD na briga pelo apoio nos bastidores da sigla. O ex-prefeito de Curitiba e atual secretário de Desenvolvimento Sustentável na gestão Ratinho Junior, Rafael Greca; o secretário estadual de Cidades, Guto Silva; e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi, disputam o apoio do grupo político do atual governo.

Questionado sobre a concorrência de um nome escolhido pelo governador do Paraná, Moro respondeu que nunca fez oposição ao governo de Ratinho Junior e que mantém o foco no combate ao PT e ao governo Lula.

Segundo ele, se for governador, a gestão buscará um “padrão de excelência” em áreas como saúde, educação e segurança, sem desmerecer o que foi realizado pela atual gestão. “Temos o plano de fazer, em novembro, no Paraná, o Fórum Nacional da Segurança Pública, que o União Brasil tem feito em vários estados, como recentemente na Bahia”, acrescentou.

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Uma das principais desavenças de Moro durante as eleições de 2024 foi com o deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil), que foi candidato à prefeitura de Curitiba com a deputada federal Rosangela Moro — esposa do senador — na vaga de vice. A chapa não foi para o segundo turno e o resultado gerou uma crise interna no partido entre o casal e Leprevost, antigo aliado de Ratinho Junior.

A Gazeta do Povo apurou que o União Brasil deve se reunir em Curitiba na sexta-feira (12) para apresentação das propostas de Moro aos filiados, o que também pode iniciar um processo de pacificação, apesar dos convites de outros partidos para os principais nomes do grupo político. 

Enquanto Leprevost aguarda o início da gestão Moro dentro do partido para definir o futuro político, o ex-presidente da sigla no estado é cortejado pelo Podemos. Francischini e o secretário estadual de Trabalho e Renda, Do Carmo (União), se encontraram na segunda-feira (8) com o ex-governador e ex-senador Alvaro Dias (Podemos). Nos bastidores, o partido prepara um convite para a dupla trocar o União pelo Podemos.

A mudança também pode ter repercussão no clã Francischini. O ex-presidente do União no Paraná é filho do ex-deputado federal Fernando Francischini (Solidariedade), que assumiu a presidência da federação com o PRD no Paraná. Ele voltará a disputar as eleições em 2026 — após ter sido cassado por ataques ao sistema eleitoral — e ainda deve definir o apoio eleitoral para a corrida ao governo paranaense.

Esposa do ex-parlamentar, a deputada estadual Flávia Francischini (União) também pode reforçar o quadro da federação Solidariedade-PRD. A migração de parlamentares depende da abertura da janela partidária para que os deputados mantenham os cargos eletivos, conforme as regras da legislação eleitoral.

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