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Crianças de escolas públicas de Foz do Iguaçu (PR) moldaram com as próprias mãos os primeiros tijolos que farão parte do futuro Centre Pompidou Paraná. A cena, que teve como palco o terreno onde será erguido o museu, na última semana, marca um novo capítulo para o projeto de R$ 250 milhões que promete colocar a cidade paranaense na rota dos grandes centros culturais mundiais.
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A ideia, que nasceu em 2020 em meio ao debate sobre alternativas para ampliar o potencial turístico de Foz do Iguaçu, ganhou agora forma definitiva com a apresentação do projeto arquitetônico assinado pelo paraguaio Solano Benítez, no que foi chamada de uma semana de ativação cultural.
As oficinas de fabricação de tijolos com terra do próprio local onde será construído o Centre Pompidou não foram apenas simbólicas. A produção das crianças será preservada e utilizada tanto nas obras quanto em exposições futuras.

Arquitetura do Pompidou em Foz estará integrada com a floresta vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu
Benítez apresentou seu projeto em uma palestra para profissionais da área, revelando uma concepção que combina técnicas construtivas inovadoras com elementos tradicionais, como o tijolo de terra vermelha. O museu utilizará módulos de alvenaria e concreto armado em um sistema que cria grandes salões flexíveis, áreas de convivência e um ponto central de observação.
A integração com a floresta vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu será uma marca do projeto. "A mata resiliente que nasce espontaneamente no terreno será incorporada ao espaço, dissolvendo fronteiras entre interior e exterior", explicou o arquiteto, que utilizou o idioma guarani para detalhar nuances da criação. Para ele, este é "um museu para uma população de 8,2 bilhões de pessoas, que é a população do planeta hoje".

O evento contou com a presença de autoridades brasileiras, paraguaias e francesas, além de representantes de alto escalão dos patrocinadores: Grupo Belmont, Louis Vuitton e Renault. O museu será construído em terreno cedido pela Motiva, concessionária do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.
Laurent Le Bom, presidente do Centre Pompidou, retornou a Foz do Iguaçu para acompanhar os avanços. Em discurso animado, ele revelou que transformará a instituição parisiense "numa constelação, onde a estrela mais bonita será o Pompidou de Foz do Iguaçu". O executivo explicou que, enquanto a matriz em Paris passará por reformas até 2030 — mas mantendo as portas abertas —, a filial brasileira representará uma nova fase da instituição.
Primeiro satélite no Hemisfério Sul
O Centre Pompidou de Foz será o primeiro satélite da instituição no Hemisfério Sul, somando-se ao já existente em Málaga, na Espanha. O museu será construído com recursos públicos, mas gerido pela própria instituição, que tem sede em Paris.
Embora mantenha o DNA da matriz francesa — que abriga o Museu Nacional de Arte Moderna, uma biblioteca e um centro de pesquisa musical —, a versão brasileira terá identidade própria, conectando natureza e arte. "O turismo de museus movimenta bilhões de dólares em todo mundo e colocamos Foz do Iguaçu na rota dos grandes museus do planeta, com o primeiro museu internacional da América Latina", celebrou o governador Ratinho Junior (PSD).
O governo estadual espera concluir neste segundo semestre os projetos complementares — estrutural, elétrico e hidráulico — para lançar a licitação em novembro. A decisão sobre permitir a participação de empresas internacionais na concorrência ainda depende da União.
As obras devem começar no segundo semestre de 2026. Com projeto fluido e com grandes espaços abertos, a previsão é de que o museu seja entregue em 2027.
Para o secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, Jin Petrycoski, a chegada do Centre Pompidou trará um novo perfil de visitante: "Aquele que consome arte e que viaja o mundo para visitar museus. Agora estes turistas também podem vir para Foz do Iguaçu."
O Centre Pompidou parisiense é um dos locais mais visitados de Paris e possui uma das mais completas coleções de arte moderna e contemporânea do planeta, com obras de Constantin Brancusi, René Magritte, Andy Warhol, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Louise Bourgeois e Luis Camnitzer.
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