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O vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins, se filiou ao partido Novo na noite desta sexta-feira (8) durante um evento na capital paranaense, que reuniu os principais nomes da sigla no âmbito nacional, entre eles o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
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O evento de apresentação de Martins como novo integrante da legenda tem como pano de fundo as articulações políticas para as eleições de 2026, tanto na corrida ao governo do Paraná, como nas “prévias” da direita para formação da chapa de oposição à reeleição de Lula. A visita de Zema a Curitiba está dentro do plano estratégico de nacionalização do nome do governador mineiro, que lançará a pré-candidatura a presidente na próxima semana em São Paulo.
A presença de Ratinho Junior (PSD) é o principal sinal da alta temperatura nos bastidores do evento. Com as pesquisas de intenções de votos apontando para o favoritismo do senador Sergio Moro (União), a entrada de Paulo Martins embaralha a sucessão ao governador paranaense.
"Minha vontade e de muita gente do partido é construir um projeto majoritário para disputar o governo do estado. A minha experiência no Executivo, agora com a vice-prefeitura, me fez entender uma série de coisas e é o momento de lutar por isso", afirmou Martins.
Ratinho Junior é presidente estadual do PSD, mas tem enfrentado dificuldades em encontrar um nome dentro da sigla para fazer frente ao ex-juiz da Lava Jato. Assim, o antigo aliado - que deixou o PL para se filiar ao Novo - surge como uma alternativa para a manutenção do grupo político no comando do Palácio do Iguaçu. Martins é ex-deputado federal e teve 1,69 milhão de votos nas eleições ao Senado de 2022, quando foi derrotado por Moro.
Na chegada ao evento, Ratinho Junior não confirmou as articulações políticas entre o Novo e o PSD, mas disse que o vice-prefeito deve ser protagonista nas eleições estaduais de 2026.
"Paulo Martins se identifica muito com o Novo. É uma jovem liderança, em ascensão no estado. Sem dúvida alguma vai ter um grande protagonismo na eleição do ano que vem, mas também no futuro do Paraná", declarou o governador paraense.
Zema parabenizou o vice-prefeito de Curitiba pela chegada ao Novo e comparou o evento à filiação de um governador pelo prestígio de figuras nacionais e de lideranças dos dois partidos, entre eles o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, Deltan Dallagnol e o deputado federal Marcel van Hattem.
O governador mineiro destacou a parceria com Ratinho Junior e afirmou que a dupla pode caminhar junto nas eleições de 2026.
"Ninguém precisa ficar preocupado, porque nós não temos nenhuma rivalidade. Se não caminharmos juntos no primeiro turno, estaremos no segundo", discursou.
No cenário nacional, Zema e Ratinho Junior aparecem entre os governadores presidenciáveis ao lado do chefe do Executivo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do mandatário goiano, Ronaldo Caiado (União Brasil).
O quarteto articula como os partidos de direita e centro-direita devem se posicionar na disputa eleitoral do ano que vem com uma ou mais candidaturas no embate com Lula, principalmente se a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) for mantida até 2026, sem aprovação da anistia.
Novo reforça oposição à escalada de Moraes no STF
Presente no evento da filiação de Paulo Martins, van Hattem é um dos deputados federais que foi denunciado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), por ocupar a Mesa Diretora em protesto à prisão domiciliar de Bolsonaro.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o deputado do Novo - que pode até ser suspenso do Parlamento - afirmou que a esquerda tem histórico de invasões violentas de prédios públicos e agora pede a punição dos parlamentares da direita pela ocupação pacífica.
"Isso é mais uma forma, na verdade, de silenciar a oposição. A fala do Lula, dizendo que todos os deputados que estiveram na Mesa tinham que ser cassados, demonstra o tipo de ditador que habita dentro dele", declarou van Hattem.
Para ele, o episódio na Câmara nos últimos dias foi uma demonstração da força da oposição. "O brasileiro está cansado com a forma como as coisas têm sido conduzidas na Câmara dos Deputados, no Senado e na República."
O presidente estadual do Novo, Lucas Santos, confirmou que a visita de Romeu Zema ao Paraná faz parte de uma estratégia voltada à construção da imagem nacional e ressaltou que o mineiro tem adotado um discurso crítico à escalada autoritária do ministro do STF Alexandre de Moraes, assim como a liderança do partido.
“O Novo já deixou clara sua posição: defende freios institucionais e o impeachment de ministros que abusam de sua autoridade — como é o caso de Moraes. Esse tema certamente será central em 2026, não só pelo impacto direto sobre o cenário eleitoral, mas porque atinge o coração da democracia brasileira”, avalia.
Para ele, Bolsonaro continua sendo a figura mais influente do campo conservador e as medidas impostas pelo ministro do Supremo podem antecipar as articulações políticas de quem assumirá o protagonismo na corrida presidencial em 2026. “A prisão domiciliar de Bolsonaro é um completo absurdo jurídico e político, sem precedentes em nossa democracia. […] A direita precisará reforçar alianças e mobilizar a militância para combater esse atropelo institucional, algo que certamente antecipa movimentos que seriam naturais mais adiante”, analisa.
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