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Parque Tecnológico de Pato Brando
Parque Tecnológico de Pato Branco, no Sudoeste do Paraná| Foto: Rodinei Santos/Prefeitura de Pato Branco

Com o objetivo de promover a inovação como alavanca para o desenvolvimento das diversas regiões do estado, o governo estadual realiza até o fim de julho um processo de credenciamento de parques tecnológicos pelo Paraná.

O trabalho, levado à frente pelo Sistema Estadual de Parques Tecnológicos (Separtec), busca fortalecer esse tipo de empreendimento, em que empresas, universidades e poder público atuam de maneira conjunta na pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas.

Em um levantamento inicial, foram identificadas 18 iniciativas por todo o Paraná, nas cidades de Cascavel, Cornélio Procópio, Curitiba (4), Foz do Iguaçu, Guarapuava, Jacarezinho, Londrina, Maringá, Medianeira, Paranavaí, Pato Branco, Ponta Grossa, Toledo e Umuarama, além do Parque Tecnológico Virtual do Paraná (veja a lista).

Até o dia 31 de julho, cada uma delas passará por uma avaliação in loco em relação a seu grau de maturidade. “Levaremos em consideração aspectos como a relação com universidades, a inserção do parque no plano diretor do município, perspectivas de internacionalização, além de equipamentos e serviços disponíveis”, conta o secretário executivo do Separtec, José Maurino Martins.

Os projetos com um grau mínimo de maturidade receberão inicialmente um credenciamento provisório e um prazo para adequação a determinadas regras para obtenção do credenciamento definitivo. A partir daí, recursos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Paraná Fomento ou Fundação Araucária devem ser liberados apenas para parques credenciados. “A ideia não é só ajudar os parques na sua estruturação e instalação, mas também empresas que quiserem se instalar dentro dos parques”, completa Martins.

O Paraná é considerado propício para o desenvolvimento de ecossistemas de inovação. A presença de três universidades federais, sete estaduais, além de quatro grandes universidades particulares e institutos de pesquisa públicos e privados, facilita a interlocução do setor acadêmico com os diversos setores da economia. “O papel do Separtec é promover essa sinergia”, comenta Martins.

O conceito de parque tecnológico refere-se a uma área física que concentra empresas, incubadoras e instituições de pesquisa para compartilhamento de conhecimento, equipamentos e recursos, gerando benefícios econômicos e sociais, além de desenvolvimento tecnológico. O poder público entra em grande medida com investimentos, principalmente por meio de incentivos fiscais.

Essa participação é fundamental principalmente na fase inicial de estruturação de um parque tecnológico, na avaliação de Elso Alberti Junior, diretor de relações internacionais da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). “Com o tempo, essa participação precisa ser diminuída, para que o parque, uma vez consolidado, possa gerar meios de se sustentar”, explica. Essa consolidação, no entanto, tem de ser encarada como um processo de longo prazo, segundo ele. “Pensar em implantação de um parque em menos de 10 anos é ser muito imediatista.”

Um estudo desenvolvido em parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Telecomunicações (MCTIC) e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília (UnB) aponta que para cada real investido pelo governo federal, os parques alavancaram cerca de R$ 3,60 de financiamento de outras fontes. “Governos têm atuado como catalisadores e apoiadores desses investimentos na sua fase de maior risco”, diz trecho do documento Estudos de Projetos de Alta Complexidade – Indicadores de Parques Tecnológicos.

O diretor da Anprotec considera que um parque tecnológico deve ser encarado como um instrumento de realização de políticas públicas. “Além de gerar inovação com conteúdo tecnológico com valor agregado, o objetivo é propiciar o desenvolvimento econômico regional, por meio do crescimento de empresas e de qualificação profissional”, diz. “Com isso, se promove a comunidade, o planejamento urbano, a qualidade de vida dos moradores”, complementa Alberti Júnior.

Casos de sucesso

Projetos de parques tecnológicos pipocam pelo estado de tempos em tempos. “Existe a intenção, a iniciativa e a experiência de parque tecnológico”, diz José Maurino Martins, secretário executivo do Separtec. “Intenção tem inúmeras, porque parque tecnológico virou um conceito da moda”, explica. “Consideramos iniciativas aquelas que já tem uma articulação de ecossistema local, com universidade, empresas e demais atores, com uma meta estabelecida”, explica.

Entre exemplos de experiências consideradas bem-sucedidas, Martins cita o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), criado em 2003, em Foz do Iguaçu, Oeste do estado, em uma parceria da Itaipu Binacional com o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). O parque ocupa uma área de 75,54 hectares, sendo 49,822 metros quarados de área construída, em que coabitam empresas, universidades, centros de pesquisa, projetos de educação, empreendedorismo, cultura, inovação e negócios.

PTI
Parque Tecnológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu| Divulgação/PTI

O conceito de parque tecnológico foi inaugurado no Brasil na cidade de Curitiba, em 1996 com o Parque de Software. “Era uma área delimitada na CIC [Cidade Industrial de Curitiba], específica para trabalhos com soluções de transmissão de dados, em que havia redução na alíquota de ISS e, com alguns requisitos, de IPTU e ITBI”, conta Fred Lacerda, diretor jurídico da Agência Curitiba. A ideia serviu de inspiração para empreendimentos similares em Florianópolis e Recife, hoje consideradas duas das cidades mais inovadoras do país.

Embora o Parque de Software ainda seja mantido pela prefeitura de Curitiba, com 18 empresas instaladas, outras iniciativas ganharam mais espaço na cidade, caso do Curitiba Tecnológica, que ficou conhecido como ISS Tecnológico, por dar desconto no imposto a empresas que investem em tecnologia e inovação, considerando todo o perímetro do município. Mais recentemente, surgiu o Curitiba Tecnoparque, que começou com uma delimitação de áreas específicas, mas que passou a abranger toda a cidade.

Nesse modelo, não basta que a atividade da empresa esteja relacionada à tecnologia. É preciso apresentar um projeto de pesquisa e desenvolvimento de inovação que passa por uma análise técnica do Comitê de Fomento do Município, formado por entidades do setor público, de universidades e da sociedade civil organizada, explica Lacerda. “A finalidade não é o empresário colocar na ponta do lápis quanto está economizando de imposto”, diz. “O benefício é muito maior, porque com a execução do projeto de inovação, ele se torna mais competitivo no mercado.”

Desenvolvimento regional

Outro destaque paranaense é o Parque Tecnológico de Pato Branco (PTPB), no Sudoeste. Implantado em 2016, o PTPB é modelo do MCTIC para cidades de até 100 mil habitantes, e ajudou a tornar Pato Branco, em poucos anos, em referência nacional em desenvolvimento tecnológico. O arranjo conta com dois tipos de estrutura: espaços de 515 metros quadrados, alugados a R$ 4 mil para empresas já consolidadas; e de 20 metros quadrados, ao custo de R$ 80 mensais, para projetos incubados.

A cultura de inovação na cidade vem dos anos 1990, em uma articulação do município com o campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) na cidade. Hoje o parque abriga 20 empresas incubadas e 12 pré-incubadas, boa parte resultado de pesquisas iniciadas em cursos de graduação.

O parque realiza ainda o evento bienal Inventum, que em 2017 recebeu mais de 110 mil visitantes com a realização da primeira edição da Campus Party realizada no Sul do país. Para se ter uma ideia, a população de Pato Branco é de pouco mais de 80 mil habitantes. “A ideia é que a tecnologia não esteja presente apenas no ambiente acadêmico ou produtivo, mas na cultura de toda a comunidade”, explica o secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Géri Natalino Dutra.

Resultado em empregos

Pato Branco está hoje entre os municípios que mais geram emprego no Paraná. Nos cinco primeiros meses de 2019, foram 1.894 vagas formais abertas, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em 2017, foi a cidade que mais criou empregos com carteira assinada no estado. O município ocupa ainda o 4º lugar do Paraná no Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), com destaque para a saúde, educação e geração de emprego e renda.

Em diferentes fases de implantação, os parques tecnológicos nos municípios de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e Medianeira, no Oeste do estado, começam a se tornar realidade. Em Maringá, no Noroeste, o governo do estado, por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), abriu edital até o dia 31 para chamamento de empresas interessadas em se instalar no parque tecnológico planejado para o município. Segundo o governo estadual, devem ser investidos até R$ 80 milhões no empreendimento focado em soluções voltadas à saúde pública, em especial para tratamentos de alto custo.

Em Toledo, no Oeste, já está em funcionamento um projeto liderado pela iniciativa privada e que deve se tornar referência nos próximos anos. Trata-se do Parque Científico e Tecnológico de Biociências (Biopark), fundado pelo casal de farmacêuticos Luiz e Carmen Donaduzzi, que investiu R$ 100 milhões de recursos próprios. Parte do dinheiro veio de financiamento pelo BRDE.

Projeto do Parque Científico e Tecnológico de Biociências (Biopark)
Projeto do Parque Científico e Tecnológico de Biociências (Biopark)| Divulgação/Biopark

Com uma área total de 4 milhões de metros quadrados, o Biopark pretende transformar a região Oeste do Paraná em polo de pesquisa, desenvolvimento e inovação. No momento, além de um corpo funcional próprio, abriga nove empresas da área de tecnologia da informação, além do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Toledo. Em até 30 anos, o casal Donaduzzi prevê que o parque gere 30 mil empregos e um investimento de R$ 12 bilhões provenientes da iniciativa privada.

A Anprotec trabalha, no momento, na atualização do panorama de parques tecnológicos no Brasil. O último levantamento do MCTIC, de 2014, apontava a existência de 94 arranjos do tipo no país, dos quais 38 encontravam-se em projeto, 28 em fase de implantação e outros 28 em operação. A região Sul concentrava 35 parques tecnológicos na ocasião.

Confira a lista de iniciativas de parques tecnológicos já identificadas pelo Separtec

  • Parque de Software (Curitiba);
  • Tecnoparque da PUC-PR (Curitiba);
  • Vale do Pinhão/Curitiba Tecnoparque (Curitiba);
  • Parque Tecnológico da Saúde Tecpar (Curitiba);
  • Fundetec (Cascavel);
  • Parque Tecnológico de Cornélio Procópio;
  • Parque Tecnológico de Itaipu (Foz do Iguaçu);
  • Cidade dos Lagos (Guarapuava);
  • Parque Tecnológico do Norte Pioneiro (Jacarezinho);
  • Parque Tecnológico de Londrina;
  • Parque Tecnológico de Maringá;
  • Parque Cientifico e Tecnológico de Medianeira;
  • Parque Tecnológico de Agroinovação (Paranavaí);
  • Parque Tecnológico de Pato Branco;
  • Parque Tecnológico de Ponta Grossa;
  • Biopark (Toledo);
  • Parque Tecnológico de Umuarama;
  • Parque Tecnológico Virtual do Paraná.
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