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Vice-prefeito de Curitiba

Paulo Martins chega ao Novo e embaralha corrida eleitoral pelo governo do Paraná

Vice-prefeito Paulo Martins (Novo)
Vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins confirma intenção de disputar governo do PR em 2026. (Foto: Valquir Kiu Aureliano/Prefeitura de Curitiba)

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Sem espaço no Partido Liberal (PL), o vice-prefeito de Curitiba, Paulo Martins, anunciou que irá se filiar ao Novo no dia 8 de agosto com o aval de importantes nomes da sigla, entre eles, o governador mineiro Romeu Zema e o deputado federal pelo Rio Grande Do Sul Marcel Van Hattem. A troca de legendas por Martins mexe com o tabuleiro para a sucessão do governador Ratinho Junior (PSD) nas eleições em 2026, principalmente na busca pelo voto do eleitor de centro e de direita.

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De acordo com Martins, o casamento com o Novo foi firmado pelo alinhamento do partido com as convicções conservadoras defendidas pelo ex-deputado federal, que deixou a Câmara para disputar uma vaga ao Senado pelo PL, em 2022, com o apoio do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Martins teve 1,69 milhão de votos no Paraná (29,12% do eleitorado), mas foi derrotado pelo ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (União Brasil), que venceu a corrida pela única cadeira paranaense em disputa na última eleição ao Senado. 

Em entrevista à Gazeta do Povo, Martins confirmou a intenção de disputar o governo do estado em 2026, sem entrar em atrito com o PSD, partido do governador aliado e do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel. “Em 2022, eu recebi cerca de 30% dos votos do estado [ao Senado], é uma coisa importante e mostra que tem ressonância. Eu tive apoio do governador, do ex-presidente Bolsonaro, a quem eu sou grato. Tenho pensado nisso, pois quando ando pelo estado ou pela cidade, as pessoas me questionam porque querem uma candidatura identificada com os valores da direita de forma consistente, com histórico de trabalho”, afirma o vice-prefeito.

Ele ressaltou que a saída do PL ocorreu em consenso, sem rompimentos com a liderança estadual ou nacional da sigla, além de ter sido comunicada previamente ao prefeito curitibano e ao governador paranaense. Martins avalia que apesar da votação significativa ao Senado, ele deixou de participar das principais decisões do PL no Paraná nos últimos anos.

“Tenho a pretensão de desenvolver um projeto no Paraná. No PL, isso já era uma questão superada. O próprio presidente [Fernando Giacobo] anunciou que o PL estará com o PSD. Neste contexto nacional de reposicionamento, o Novo abriu as portas para eu participar melhor de um partido no Paraná, o que não ocorria mais nos processos decisórios do PL”, argumenta.

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Nos bastidores, Paulo Martins deve se apresentar como uma alternativa da direita para a sucessão de Ratinho Junior e deve buscar o apoio do governador, de quem foi assessor especial e tem uma longa relação como aliado, conforme apurou a Gazeta do Povo.  

O apoio de Ratinho Junior é considerado fundamental na corrida eleitoral ao governo do estado devido à alta aprovação da atual gestão, de cerca de 80% entre os paranaenses. Mesmo assim, o governador ainda não bateu o martelo sobre quem será o herdeiro político em busca de um consenso dentro do PSD e outras legendas aliadas. O secretário de Cidades, Guto Silva, e o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi, são os principais nomes cotados pelo governador, presidente estadual da sigla.

A movimentação política de Martins passa a incluir no quadro de disputa pelo apoio de Ratinho Junior um candidato com experiência como vice-prefeito da capital, como deputado federal e já testado nas urnas em eleições majoritárias. Assim, o grupo político do governador teria mais uma alternativa para fazer frente ao senador Sergio Moro, que aparece nas pesquisas de intenções de votos mais recentes como favorito ao governo paranaense.

Martins também tem no currículo um antagonismo mais direto a Moro. Depois da eleição ao Senado, ambos trocaram farpas por conta da denúncia feita pelo PT e pelo PL na Justiça Eleitoral por suposto abuso de poder econômico na pré-campanha do ex-juiz da Lava Jato em 2022. Com a absolvição de Moro, uma nova eleição ao Senado foi descartada e restou a Martins defender uma candidatura própria do PL à prefeitura de Curitiba no ano passado.

Isso não foi possível devido à aliança costurada entre o governador Ratinho Junior e o ex-presidente Bolsonaro para formação das chapas PSD/PL nas principais cidades do Paraná. Em 2024, Martins foi eleito vice-prefeito da capital paranaense ao lado de Eduardo Pimentel. O acordo vigente ainda prevê o lançamento da candidatura ao Senado do deputado federal Filipe Barros (PL) em 2026, com apoio do PSD no Paraná. No próximo ano, duas vagas ao Senado estão em disputa, sendo que a segunda vaga da coligação será indicada pelo governador Ratinho Junior, que não pretende, ele próprio se candidatar ao Senado.   

As últimas pesquisas eleitorais paranaenses não colocam o nome de Paulo Martins entre os cotados para o governo do estado. Após a filiação, o partido Novo pode notificar os institutos de pesquisa para a inclusão do vice-prefeito curitibano nos próximos levantamentos de intenção de votos para as eleições de 2026 no Paraná.

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Alinhamento na defesa de Bolsonaro e de liberdades

Paulo Martins disse que a troca do PL pelo Novo não significa qualquer mudança de posição em relação aos temas defendidos pela direita conservadora, entre eles, a defesa da família, da vida e das liberdades individuais.

Aliado de Bolsonaro, Martins critica a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução dos processos envolvendo o ex-presidente da República, posição também manifestada pela executiva nacional do Novo. Zema foi o primeiro governador a se manifestar publicamente contra as medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes contra Bolsonaro, na semana passada, entre elas, o uso da tornozeleira eletrônica.

“Há uma clara invasão do Poder Judiciário sobre a competência de outros poderes, um agigantamento do Supremo contra os atores políticos adversários e contra as pessoas com protagonismo social, que acabam sofrendo algum tipo de intimidação. Não é normal o que está acontecendo. O foco é o ex-presidente Bolsonaro, mas ele tem que ser visto como um símbolo da opressão criada no Brasil, uma máquina de opressão política”, afirma Martins.

O presidente estadual do Novo, Lucas Santos, lembra que Paulo Martins já era um aliado do partido na defesa de pautas como a liberdade econômica, o combate à corrupção e o respeito ao dinheiro público. “Mais do que afinidade pontual, o que existe entre o Paulo e o Novo é uma conexão de visão de mundo: defesa das liberdades individuais, combate aos privilégios, responsabilidade fiscal e compromisso com a ética na política”, ressalta.

Questionado sobre as eleições de 2026, Santos respondeu que a chegada de Martins faz parte do projeto de fortalecimento do partido no Paraná e no país e não descarta a possibilidade do novo integrante concorrer ao Palácio do Iguaçu. “Ele é um nome com densidade eleitoral, experiência em Brasília e em Curitiba, e profundo alinhamento com os princípios do partido. Sem dúvida, a presença dele amplia nossas possibilidades para 2026 — inclusive em relação ao governo do estado”, afirma.

O presidente estadual da sigla também destaca a boa relação do Novo com a base governista no estado e na capital, com diálogo para articulações eleitorais no próximo ano. “Temos respeito pelo trabalho que o grupo do governador Ratinho Junior vem realizando no estado, e esse respeito é recíproco. O Novo está aberto ao diálogo, desde que haja sintonia de valores, compromisso com boas práticas de gestão e espaço legítimo para exercer liderança e influenciar o futuro do estado.”

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