A crise do leite atinge produtores de todo o país e as saídas encontradas por eles nos últimos meses para solucionar os problemas internos não surtiram o efeito necessário, ao menos até agora. No Paraná, por exemplo, o valor médio do litro de leite oferecido ao produtor chega, em alguns casos, a R$ 1,85.
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Em contrapartida, nos supermercados, o leite teve o valor projetado, no mês de julho, para o valor de R$ 4,61 por litro, de acordo com o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Paraná (Conseleite-PR).
Com atuação muito próxima ao setor agropecuário, o deputado federal Tião Medeiros (PP-PR), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, destaca que os impactos que o produtor de leite tem sofrido beiram a deslealdade. Ele ressalta que o requerimento que solicita providências imediatas do governo federal foi aprovado por unanimidade e cobra uma resposta incisiva do Executivo para que o produtor de leite tenha condições de trabalhar.
"O governo federal precisa buscar uma solução que valorize o trabalho do produtor de leite do Brasil, diante da concorrência predatória, que chegou à situação-limite. É preciso criar alternativas que incentivem a produção leiteira do nosso país, que garanta segurança jurídica, sem que haja diferença de preço nas prateleiras, para o consumidor final", aponta.
Ademais, Medeiros espera, ainda, que o Poder Executivo intervenha e auxilie no estancamento de um problema cíclico. "A situação deste setor é emergencial, mas queremos que o governo federal nos apresente soluções definitivas para esse alto valor pago nos mercados em detrimento ao preço baixo entregue ao produtor", frisa o parlamentar.
Medeiros, que é produtor rural, enfatiza que o momento é de mobilização e união, em especial, dos produtores rurais de cada estado. Ele cita o trabalhador do campo paranaense como um dos mais organizados do Brasil e aposta nas ações coordenadas para alcançar o objetivo proposto.
“Esse drama é de todo um país, que não pode e não vai ver o produtor ficar desempregado ou deixar de fazer o que sabe. Nós vamos em defesa dos produtores de leite, por preços justos, e tenho certeza que o trabalhador rural paranaense seguirá imbuído em lutar por isso”, completa.
Paga-se pouco no campo, cobra-se muito nas prateleiras
O sofrimento financeiro, especificamente do produtor de leite paranaense, é lembrado pela também deputada federal Ana Paula Junqueira Leão (PP-MG), presidente da Frente Parlamentar em Apoio ao Produtor de Leite.
Apesar de representar o estado mineiro, a parlamentar destaca o preço ínfimo pago aos produtores paranaenses, segundo maior produtor de leite do país (com 4,4 bilhões de litros por ano).
“Os produtores estão presentes em 99% dos municípios do Brasil, geram emprego e renda a mais de 4 milhões de famílias brasileiras. Imaginar que no Paraná o leite na mão do produtor tem o valor de R$ 1,85, às vezes, dez centavos a mais e vai para as prateleiras com um preço absurdo, chegando a R$ 7 em algumas capitais, é um desestímulo e um desequilíbrio à produção”, exemplificou Ana Paula.
Segundo a parlamentar, o país enfrenta a pior crise da pecuária nacional de leite, que tem relação direta com a quantidade de leite importado que tem entrado no país. A deputada afirma que o produto estrangeiro representa mais de 10% do leite consumido, produzido e inspecionado no Brasil.
“O ingresso do volume escandaloso de leite importado provocou e continua afetando o súbito recuo do valor, impactando por óbvio o produtor, em especial, o médio e o pequeno. Hoje, o quanto os produtores recebem fica aquém do custo de produção e isso só gera um caminho: o desemprego. Precisamos ajustar esse valor”, lamentou.
Risco de desabastecimento e responsabilidades assumidas
A presidente da Frente Parlamentar lembrou que, se o campo não for conservado, não há possibilidade de a cidade funcionar de forma adequada. Para Ana Paula, a base do sucesso da vida urbana está na dedicação da vida rural, que deve ser promovida.
“Tudo isso gera a redução da circulação econômica, o ingresso de famílias em programas assistenciais, desigualdades, fragilização da segurança alimentar e risco de desabastecimento, e quem perde é o produtor. Que o campo seja conservado e potencializado e essa missão seja cumprida por nós, do setor que é o esteio econômico e social do país”, concluiu a deputada.
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