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O biodiesel derivado do óleo de cozinha usado foi produzido dentro das instalações do colégio.
O biodiesel derivado do óleo de cozinha usado foi produzido dentro das instalações do colégio.| Foto: Biosun/Divulgação

Um projeto desenvolvido por estudantes de Assaí, no norte pioneiro do Paraná, recebeu duas premiações na Edição 2023 da Olimpíada Brasileira dos Oceanos. A startup júnior Biosun, criada por alunos do ensino médio do Colégio Estadual Conselheiro Carrão, está convertendo óleo de cozinha usado em biodiesel, e foi a primeira colocada na fase regional e premiada com a medalha de prata na etapa nacional entre os projetos socioambientais inscritos na competição realizada no final de 2023.

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O projeto começou ainda em 2022, quando a diretora da escola, professora Leda Koguishi, inscreveu os estudantes em um hackathon, uma competição de inovação com foco em tecnologia, promovido pelo município. O objetivo era resolver problemas reais da cidade de Assaí e de seus 13,8 mil habitantes com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

“Passamos por algumas mentorias aqui na cidade, ofertadas pelo hackathon da prefeitura e resolvemos trabalhar com o problema do descarte irregular do óleo. A forma de reciclagem mais utilizada é a produção de sabão, mas com algumas pesquisas encontramos uma outra forma de reciclar, dentro da escola mesmo. Depois de conversar com nosso professor mentor, conseguimos chegar na ideia desse biocombustível”, disse Eduarda Pietra, uma das integrantes da Biosun.

Óleo de cozinha passa por várias etapas para se transformar em biodiesel

O primeiro resultado real do grupo foi a criação de cerca de um litro de biodiesel a partir de um litro e meio de óleo de cozinha usado. Para isso, as estudantes aplicaram uma série de processos ao óleo para que a substância deixasse de ser um alimento para se transformar em combustível.

“Esse óleo chega com muitas partículas, restos de fritura, e precisa ser filtrado. Depois, o óleo é aquecido e misturado com álcool e outras substâncias. Nesse processo, além do biodiesel é produzido o glicerol, que é separado da mistura. Depois esse biodiesel passa por uma lavagem e está pronto para ser utilizado”, resumiu a estudante Luíza Alves.

Produzido no colégio de Assaí, combustível foi validado pela UFPR

A primeira amostra precisou passar por uma validação, realizada no campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Jandaia do Sul, no norte paranaense. Apesar de ter ido bem no teste de queima, outras etapas ainda eram necessárias para que o produto final atendesse a todas as especificações necessárias para ser considerado um biodiesel.

“A gente precisava de uma análise mais aprofundada”, explicou o professor de Química Matheus Rossi de Souza. “Nós fizemos uma nova produção de biodiesel sob a orientação dos professores da UFPR e comparamos com a amostra que nós tínhamos feito no colégio. Vimos ali que eram necessários alguns ajustes. Adequamos a nossa produção e conseguimos fabricar um lote de 10 litros do biodiesel”, completou.

Biodiesel criado por alunas abasteceu ônibus do transporte escolar

O produto final garantiu ao grupo a primeira colocação no hackathon. Mas o grupo de alunas queria mais, e colocou o combustível à prova no aniversário de Assaí, em maio de 2023. Um ônibus de transporte escolar participou do tradicional desfile movido pelo biodiesel criado pelas estudantes. Além de rodar pela avenida principal da cidade, o veículo circulou por mais uma semana abastecido com o que alguns dias antes era óleo de cozinha.

O biodiesel produzido pelas estudantes abasteceu um ônibus de transporte escolar de Assaí por uma semana.
O biodiesel produzido pelas estudantes abasteceu um ônibus de transporte escolar de Assaí por uma semana.| Biosun/Divulgação

“Foi gratificante ver que conseguimos produzir algo tão grandioso e funcional. Nossas expectativas foram cumpridas e a vivência laboratorial durante o processo me deixou muito feliz”, disse a estudante Eduarda Pietra.

Como resultado, a administração municipal de Assaí se comprometeu a ampliar as instalações de produção de biodiesel da Biosun com a construção de uma usina dentro da própria escola. Desta forma, explica o professor Matheus Rossi de Souza, tanto o refino quanto a produção de biodiesel devem ser realizados totalmente dentro do ambiente escolar.

“A ideia é que o biodiesel seja fornecido para as linhas de ônibus escolares do município. Dessa forma, o estudante virá para o colégio com o ônibus abastecido pelo próprio colégio”, concluiu o professor.

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