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Roberto Requião declina de convite para uma vaga em conselho da Itaipu Binacional
Roberto Requião declina de convite para uma vaga em conselho da Itaipu Binacional| Foto: Marcelo Andrade/Especial para a Gazeta do Povo

A oferta de um posto no conselho de administração da Itaipu Binacional não agradou o ex-governador do Paraná e ex-senador Roberto Requião (PT), que classificou o convite por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo como “uma boquinha de luxo”. Nos últimos dias, Requião tem rememorado na rede social seus discursos de apoio ao PT em anos anteriores e destacado sua postura política como independente de partido (o ex-emedebista se filiou ao PT para disputar o governo do Paraná nas últimas eleições).

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Na publicação em que critica o convite para o conselho, no Twitter, Requião relembra um vídeo de 2016 em que recita o poeta português Sidónio Muralha, oponente do governo António Salazar em Portugal, entre os anos 1930 e 1960, e que viveu na capital paranaense, Curitiba. “Se caráter custa caro, pago o preço”, enfatiza o poema, que Requião recitou no plenário do Senado para justificar seu voto contrário ao processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. “Voto pela minha biografia, não me interessa quanto isso custa”, dizia o ex-senador na ocasião. No post desta semana, intitulando o vídeo, ele escreve: “Assim falava antes do impeachment. Agora me oferecem uma ‘boquinha de luxo’ no conselho de Itaipú!”.

A frustração do ex-governador pode estar relacionada à expectativa para que fosse convocado pelo governo Lula para ocupar a diretoria-geral da estatal Itaipu, conforme divulgado em dezembro pela Gazeta do Povo. A companhia energética é estratégica no suprimento de energia nacional e em decisões orçamentárias e políticas que impactam diretamente no desenvolvimento econômico e social da região onde está inserida, bem como nas relações diplomáticas entre o Brasil e o Paraguai, que gerem conjuntamente a empresa, localizada na fronteira entre os dois países.

O convite para o conselho teria partido da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, conforme apurou a jornalista Monica Bergamo, em coluna no jornal Folha de S. Paulo. A matéria dá conta de que Requião considera o cargo de conselheiro uma “sinecura dourada”, que conflitaria com seus “objetivos de uma vida inteira de dedicação ao interesse público”.

Nas declarações, o ex-governador e ex-senador diminui a importância do posto de conselheiro. "Você já pensou o cara sair da presidência do Parlamento Euro-Latinoamericano, do Senado da República e do governo três vezes para ser bedel de Itaipu?”, disse. “O que eu iria fazer com o compliance de Itaipu, me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas? Não tinha o que fazer lá", afirmou ainda. Mesmo assim, Requião declara que segue apoiando o governo do presidente Lula.

Indicações para a Itaipu

As decisões políticas quanto aos cargos diretivos de Itaipu têm impacto significativo em questões estratégicas. Como responsável por liderar a operação e gerenciamento da usina, administrando um orçamento de R$ 4 bilhões, o diretor-geral brasileiro é nomeado pelo presidente da República e suas afinidades políticas podem levar à pressão por parte de grupos interessados em influenciar as decisões tomadas pela empresa. Para cada cargo reservado a um país, há um posto equivalente destinado à outra margem.

Especialmente neste ano de 2023, o nome para o posto deverá lidar com a negociação das prerrogativas a serem adotadas a partir do vencimento do contrato de compra de energia firmado por Brasil e Paraguai em 1973, quando estabelecidos os termos para construção e operação da usina.

O contrato prevê que o Brasil compre a energia gerada que é de direito do Paraguai, porém não utilizada pelo país vizinho, até este ano. Após, o Paraguai poderá optar por novas condições de venda, como nova precificação ou ainda a negociação do excedente no mercado livre de energia.

Embora Requião desclassifique a relevância de um cargo como conselheiro da Itaipu, vale lembrar que o posicionamento do conselho administrativo é definitivo nas tomadas de decisões do executivo da empresa. No caso de Itaipu, o conselho é composto por 12 conselheiros, seis brasileiros e seis paraguaios, além de dois representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, um de cada país. Entre as atribuições estão as definições das diretrizes administrativas, do planejamento estratégico e o cumprimento das propostas orçamentárias de cada exercício.

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