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polícia detalha investigação sobre ataque em escola no Paraná
A investigação sobre o ataque em colégio estadual do município de Cambé (PR) foi detalhado na 10ª Subdivisão de Delegacia de Policia Civil, na manhã desta quarta-feira (28).| Foto: Fábio Calsavara/Gazeta do Povo

Com o envolvimento de um mentor intelectual, o jovem de 21 anos responsável pela morte de dois adolescentes dentro de um colégio na cidade de Cambé (PR), na última semana, começou a planejar o crime quatro anos atrás. As informações foram divulgadas pela Polícia Civil do Paraná na manhã desta quarta-feira (28).

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O responsável pela execução dos tiros estudou no Colégio Estadual Helena Kolody do segundo ao sétimo ano. "Durante esse tempo, nas palavras dele, sofreu bullying de colegas mais velhos. Passaram-se nove anos e, segundo ele, esse bullying deixou nele um trauma e, há quatro anos, passou a arquitetar ataque a essa unidade escolar específica. Na mente dele, era uma vingança pelo que ele sofrera. Por quatro anos, a cabeça dele arquitetou o que fazer", afirmou o delegado-chefe de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro.

As investigações e depoimentos colhidos apontaram que o responsável pelos disparos pensou em usar um artefato explosivo para cometer o crime. "Era uma forma de desviar o foco da polícia enquanto praticava o atentado. Ele chegou a produzir uma bomba de fabricação caseira, mas devido ao baixo resultado alcançado, não investiu nesse plano. Já havia arquitetado esse plano em três outras oportunidades - havia marcado para fazer o atentado, inclusive no dia 20 de abril", declarou o delegado-chefe de Londrina.

"Ele conta de uma forma muito lúcida, consciente e concatenada esses fatos e tudo que foi perguntado pela Polícia Civil".  

Delegado-chefe de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, sobre o depoimento do responsável pelo crime.

Em maio, o jovem de 21 anos já havia ido até o colégio para fazer um levantamento do local. "Ele já conhecia bem o colégio, mas fazia nove anos que não ia lá. Foi até lá com o mesmo pretexto (obter cópia de documentos escolares), fez o mesmo percurso que repetiu agora em junho", detalhou Amarantino Ribeiro. O rapaz testou previamente as armas que usaria no dia do crime e procurou adolescentes de idade próxima àqueles que cometiam bullying contra ele anos antes - e não crianças mais novas, ainda segundo as informações oficiais da polícia.

Participação no crime dos outros suspeitos detidos pela polícia

O ex-aluno responsável pelo assassinato dos dois estudantes dentro do colégio informou a conhecidos sobre a data que cometeria o crime. “Aquele colega que ia ser preso (no mesmo dia) sabia que o ataque ia ser feito na segunda-feira. Outros foram ouvidos como testemunhas. O adolescente conduzido à delegacia (no dia do crime) foi ouvido e liberado porque, embora tenha gravado um vídeo, não era partícipe do ataque, porque o jovem matador já tinha feito diversos vídeos falando que ia matar. A mente dele era para praticar esse tipo de atentado”, explicou o delegado.

Delegado de Cambé, Paulo Henrique Costa,  e delegado-chefe de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, durante coletiva de imprensa para detalhar a investigação sobre o ataque a escola.
Delegado de Cambé, Paulo Henrique Costa, e delegado-chefe de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, durante coletiva de imprensa para detalhar a investigação sobre o ataque a escola.| Fábio Calsavara/Gazeta do Povo

Além da prisão em flagrante do responsável pelos disparos, possível depois da contenção inicial do jovem por um cidadão que ouviu o barulho dos tiros e entrou na escola, no mesmo dia do crime, a polícia prendeu outro jovem de 21 anos. Ele seria amigo do atirador, também morador de Rolândia e, de acordo com a polícia, se mostra envolvido com auxílio material do delito e por instigar o executor ao plano.

Outro jovem, de 18 anos, preso dias depois em Pernambuco, é considerado o autor intelectual do ataque. Junto com o atirador agressor, é responsável por planejar, arquitetar e trocar mensagens para a prática do crime. Eles teriam se conhecido pelas redes sociais.

"O executor confirmou que já tinha a ideia e queria fazer (o ataque). Porém, buscou outras pessoas que compactuavam do mesmo gosto perverso por morte e massacre nas redes sociais. E esse menino de Pernambuco é uma dessas pessoas com quem mantinha contato".

Delegado de Cambé, Paulo Henrique Costa, que conduziu a equipe de investigação

Há, ainda, outros jovens com prisão temporária decretada, responsáveis pela venda da arma e munições usadas no ataque à escola. De acordo com a equipe de investigação, eles estão elencados em uma investigação separada, porque, até esse momento, a polícia apurou que eles não tinham ciência de que seriam usados para cometer o crime. O inquérito policial sobre o ataque à escola de Cambé será remetido ao Poder Judiciário.

A polícia também apreendeu materiais relacionados à comunicação entre os jovens, do Paraná e de Pernambuco. “É uma operação complexa. Para esse material que está apreendido em Pernambuco, um policial nosso vai de avião buscar e aprofundar a investigação. Porém, não com relação a esse caso de Cambé, que está solucionado”, diz o delegado.

Cronologia do caso

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