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Aumento da profundidade

Consórcio belga-brasileiro vence leilão do canal de acesso ao porto de Paranaguá

Leilão Canal Acesso Porto de Paranaguá
Leilão do canal aquaviário do porto de Paranaguá (PR) servirá de modelo para outros terminais brasileiros. (Foto: Luisa Purchio/Gazeta do Povo)

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O Consórcio CCGD (Canal Galheta Dragagem), arrematou a concessão do canal de acesso ao porto de Paranaguá (PR) após oferecer um desconto de 12,6% sobre a tarifa de referência do edital e uma outorga de R$ 276 milhões. O leilão foi realizado nesta quarta-feira (22) pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

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A proposta do consórcio formado pelos grupos Deme e FTSPar superou as apresentadas pelas outras três concorrentes que participaram do certame: a belga Jan De Nul, a chinesa CHEC Dredging e a brasileira DTA Engenharia. Pelo cronograma da Antaq, a assinatura do contrato deve ocorrer ainda em 2025, com início dos serviços a partir do primeiro trimestre de 2026.

A concessão prevê o aumento da profundidade do canal aquaviário do porto de Paranaguá de 13,1 metros para 15,5 metros e a manutenção desse calado durante os 25 anos de contrato — que pode ser prorrogado sucessivamente até o limite de 70 anos. Para isso, a empresa vencedora terá de investir R$ 1,19 bilhão em obras nos primeiros cinco anos e outros R$ 2,39 bilhões para serviços de manutenção ao longo do contrato.

Além do aumento do calado, que permitirá a operação plena de navios de contêineres de grande porte de até 366 metros e de graneleiros de 120 mil toneladas, o Consórcio CCGD terá de realizar investimentos em sinalização náutica, batimetria, programas e monitoramentos ambientais.

Consórcio vencedor e governador comemoram aumento de eficiência do porto de Paranaguá

O CEO da FTSPar e representante do Consórcio CCGD, André Maragliano, afirmou que o canal de acesso é "o coração do porto" e que a partir de agora será possível garantir "profundidade, manutenção permanente, modernização da sinalização e controle dinâmico do calado."

Com a dragagem permanente do porto de Paranaguá e o aumento do calado, Maragliano disse que o resultado do leilão é uma "conquista que beneficia a todos: operadores, exportadores, importadores e, sobretudo, o Brasil."

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), destacou o ganho de eficiência que o porto de Paranaguá ganhará com o aumento do calado. "[A nova concessão] vai nos dar a oportunidade de colocar, por navio, 600 carretas a mais a partir dos 15,5 metros de calado, com 12% a menos do que é pago atualmente pelos usuários do porto de Paranaguá. É uma demonstração de que o planejamento deu certo", declarou.

"Nós garantimos ao usuário valor mais barato do que se paga hoje, com dois metros a mais de profundidade. Isso demonstra eficiência e um planejamento integrado de infraestrutura", acrescentou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Também participaram do leilão o ministro de Portos e Aeroportos (MPor), Silvio Costa Filho; o secretário-geral de Portos do MPor, Alex Ávila; o diretor-geral da Antaq, Frederico Carvalho Dias; o secretário-executivo do MPor, Tomé Franca; o secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, Sandro Alex; o deputado estadual Fábio Oliveira (Podemos-PR); e o deputado federal Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR).

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Leilão do canal de acesso em Paranaguá será modelo para outros portos

O leilão do canal aquaviário do porto de Paranaguá foi pensado desde o início para servir de modelo para outras concessões desse tipo no Brasil, incluindo o porto de Santos, o maior da América Latina. Os canais de acesso aos portos de Itajaí (SC), Rio Grande (BA) e outros na Bahia também estão em processo de estudos e terão o leilão desta quarta-feira como base.

O objetivo da Antaq é reduzir o custo com dragagens, que são frequentemente necessárias devido ao assoreamento e que normalmente envolvem processos licitatórios longos e que tendem a ser judicializadas, travando a dragagem e, consequentemente, reduzindo a capacidade dos portos. A dragagem contínua deverá reduzir a insegurança jurídica e melhorar a operação dos portos.

“É um leilão histórico, uma primeira concessão de um canal de acesso, onde o porto, como sendo um ente público, cobra tarifas”, disse à Gazeta do Povo o diretor da Antaq, Alber Vasconcelos. “É um modelo que estamos tentando colocar de pé para justamente estimular a previsibilidade dos investimentos nos arrendamentos e impulsionar fortemente os investimentos para o setor portuário”, complementou.

Hoje, seis dos 17 portos brasileiros que movimentam contêineres estão homologados para operarem essas embarcações. Nenhum deles, porém, permite operação com capacidade total, visto que é necessário um calado entre 15,5 metros e 16 metros. Os maiores calados estão em:

  • Sepetiba (RJ) - 15,4 m
  • Salvador (BA) - 15,03 m
  • Suape (PE) - 15 m
  • Santos (SP) - 14,5 m
  • Rio Grande (RS) - 14,2 m
  • Paranaguá (PR) - 13,1 m

Enquanto isso, o governo de Santa Catarina promete que a Baía da Babitonga, onde fica o porto de São Francisco do Sul, terá um calado de 16 metros no segundo semestre de 2026. A empresa belga Jan De Nul, que participou do leilão do canal do porto de Paranaguá, será a responsável pelo serviço de dragagem.

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