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Uma comitiva com um objetivo claro: conquistar o bolso dos empresários paranaenses. O presidente do Paraguai, Santiago Peña, chegou a Curitiba nesta terça-feira (9) oferecendo estabilidade monetária de 84 anos, incentivos fiscais e a promessa de um ambiente "amigável ao capital privado" para quem quiser investir do outro lado da fronteira.
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A visita à sede do governo paranaense, o Palácio Iguaçu, encerrou dois dias de agenda bilateral e simbolizou mais do que cortesia diplomática. Foi uma vitrine para exibir potencialidades e consolidar o diálogo entre dois vizinhos que compartilham fronteira, cultura e negócios cada vez mais robustos.
Santiago Peña e o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), conduziram um encontro com representantes de entidades e do setor produtivo paranaense. A tônica foi clara: ampliar os canais de investimento, fortalecer a integração logística e explorar oportunidades conjuntas em áreas estratégicas como energia, agroindústria e inovação.
O Paraná como vitrine e a “Opep do alimento”
Ratinho Junior destacou que a relação bilateral já movimenta cifras expressivas. Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em 2024 o Paraná exportou ao Paraguai US$ 632 milhões. Já as importações paranaenses do país vizinho foram de US$ 839 milhões.
A expectativa é fechar 2025 na casa de R$ 1 bilhão. “O Brasil forte ajuda o Paraguai, e o Paraguai forte ajuda o Brasil, em especial o Paraná. Estamos vivendo um bom momento econômico e queremos fortalecer essa amizade e os laços comerciais”, afirmou Ratinho Junior.
O governador paranaense apresentou aos visitantes números do avanço econômico do estado, que projeta alcançar R$ 800 bilhões em PIB (Produto Interno Bruto) até 2026, quase o dobro de 2019. Citou ainda investimentos privados de mais de R$ 330 bilhões nos últimos anos e reforçou a ideia de que a região formada pelo Sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina pode liderar a segurança alimentar mundial.
“Temos que ser a Opep do alimento. É essa região que vai garantir comida para o mundo”, disse, comparando esses países da América do Sul à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Além de dados econômicos, Ratinho Junior ressaltou iniciativas culturais de impacto, como o Centre Pompidou Paraná em Foz do Iguaçu, projetado pelo arquiteto paraguaio Solano Benítez. Para ele, projetos conjuntos simbolizam a força da integração regional.
Santiago Peña destaca estabilidade paraguaia e faz convite a investidores
Durante passagem pelo Paraná, Santiago Peña ressaltou que o Paraguai deixou de ser o “segredo melhor guardado da América” para se apresentar ao mundo como destino estratégico de investimentos. “Com 6,5 milhões de habitantes, produzimos alimentos para 100 milhões de pessoas. E em 84 anos não mudamos um zero da nossa moeda. Isso simboliza a confiança e a previsibilidade que oferecemos”, afirmou.
O presidente Santiago Peña frisou que o país tem a terceira maior comunidade brasileira no exterior, atrás apenas dos Estados Unidos e de Portugal — quase meio milhão de pessoas, muitas oriundas do Paraná, presença que reforça a integração cultural e econômica. “Queremos que os empresários do Paraná descubram o Paraguai. Somos um país amigável ao capital privado, que valoriza a liberdade para trabalhar, inovar e empreender”, disse.
O ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Javier Giménez, detalhou os instrumentos criados para atrair investimentos, como a modernização da Lei de Maquila e da Lei 6090, que reduzem impostos e ampliam incentivos a indústrias e serviços. Também destacou a hidrovia Paraguai-Paraná e a Rota Bioceânica, que deve cortar em até 22% o tempo de transporte da produção até os portos chilenos.
Entre os projetos conjuntos, Ratinho Junior e Peña visitaram as obras da Ponte da Integração, que ligará Presidente Franco a Foz do Iguaçu. Prevista para liberar o tráfego no próximo mês de dezembro, a estrutura deve desafogar a saturada Ponte da Amizade, abrindo um novo corredor logístico. “Vai melhorar o fluxo de turistas e criar um corredor para caminhões, fortalecendo a relação Brasil-Paraguai”, afirmou o governador.
Ao encerrar a visita, Peña foi enfático ao reforçar o convite a empresários paranaenses. “O Paraguai não é apenas mais um país da América do Sul. É o país para quem quer investir no longo prazo. Estamos prontos para crescer juntos”.
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