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Para evitar colapso

Sul do Brasil cresce 8% ao ano e demanda execução urgente de projetos logísticos, avalia setor

Especialistas discutem soluções para questões de logística no Sul do país
Especialistas discutem soluções para questões de logística no Sul do país (Foto: Reprodução/YouTube Valor Econômico)

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A região Sul do Brasil, responsável por mais de 16% do PIB nacional, cresce a taxas de 8% ao ano, mas enfrenta o desafio urgente de transformar planejamento logístico em execução. O alerta foi dado durante o seminário "Logística no Brasil", realizado nesta terça-feira (26) em Curitiba (PR), que reuniu autoridades, empresários e especialistas para debater entraves e soluções para a infraestrutura da região estratégica para o agronegócio e a indústria.

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O evento foi promovido pelo Valor Econômico em parceria com a Editora Globo e órgãos do governo federal. O coordenador-geral de Política de Planejamento do Ministério dos Transportes, Rodrigo Ferreira, defendeu que o Plano Nacional de Logística (PNL) busca ser mais do que um documento técnico. “O planejamento é um processo, não apenas um relatório. É preciso que converse com as demandas da sociedade e dê previsibilidade para o setor privado”, afirmou.

Marcelo Vinaud Prado, diretor de Mercado e Inovação da Infra S.A., órgão vinculado ao governo federal, ressaltou a importância dos planos estaduais de logística no Sul, elaborados em conjunto por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Para ele, a região tem “imensos desafios e oportunidades”, com destaque para a modernização da malha ferroviária e a ampliação da infraestrutura portuária. “Há uma cultura de acreditar no planejamento. O desafio é garantir sua execução, com projetos sustentáveis e resilientes”, disse.

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O diretor de operações da empresa Portos do Paraná, Gabriel Vieira, lembrou que o leilão de concessão do canal de acesso em Paranaguá deve atrair investimentos bilionários e ampliar a competitividade frente a vizinhos. “Com dragagens e aprofundamento, vamos receber navios maiores e reduzir custos logísticos”, afirmou.

A expansão da capacidade também foi defendida pelo gerente institucional do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), Rafael Stein. O terminal de contêineres, maior empregador de Paranaguá, movimentou 1,5 milhão de TEUs - medida equivalente a contêineres de 20 pés de comprimento - em 2024 e prevê novos aportes de R$ 400 milhões. “No setor portuário não existe estagnação. Ou você investe, ou perde espaço para concorrentes”, pontuou.

Já as estradas — como principal modal para escoamento da produção — voltaram a ser elencadas como ponto de atenção pelo presidente da Federação Empresas Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), coronel Sérgio Malucelli. Para ele, os gargalos rodoviários ameaçam o crescimento do setor produtivo.

Ele cobrou a duplicação da BR-277 e a criação de novos acessos ao litoral. “Temos só uma estrada chegando a Paranaguá. Se não resolvermos, em poucos anos o escoamento estará colapsado”, disse.

O seminário mostrou que, apesar da eficiência crescente dos portos e avanços em planejamento, a Região Sul ainda enfrenta estrangulamentos em rodovias, ferrovias e na diversificação da matriz logística. A mensagem foi clara: sem execução consistente, o Brasil continuará acumulando planos enquanto perde competitividade global.

O setor produtivo também manifestou preocupação com a competitividade internacional. A consultora Andrea Cordeiro pontuou que gargalos logísticos encarecem as exportações e que o Brasil precisa abrir novos mercados diante de barreiras tarifárias recentes impostas pelos Estados Unidos.

A necessidade de continuidade nos investimentos para o avanço da logística no Sul do país foi consenso. Ex-governador do Paraná e atual presidente do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul), Orlando Pessuti afirmou que obras estruturais não podem ser interrompidas a cada troca de gestão. “Falta visão de longo prazo. Precisamos pensar como país e não apenas em mandatos”, disse.

Já o superintendente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, reforçou que a indústria regional cresce a taxas de 8% ao ano, mas depende de infraestrutura para manter a competitividade. “Não adianta apenas planejar. Ou executamos os projetos ou teremos que pedir para nossa indústria parar de crescer, porque não haverá como escoar a produção”, alertou.

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