Curtas gravados em Curitiba ganham prêmios em festivais internacionais

Patrícia Sankari
30/06/2023 18:11
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Bastidores da gravação do curta “Duas” | Divulgação

Quatro dias e meio, baixo orçamento, equipe engajada e boa direção. Isso foi tudo que a  diretora e roteirista ítalo-brasileira, Ana Cavazzana, tinha para produzir dois curtas em Curitiba. O resultado? Prêmios internacionais.
Licenciada em Artes Cênicas e Cinema, Ana trabalha há mais de 25 anos na área audiovisual e gravou seus últimos dois curtas independentes em Curitiba. "Invisíveis" é um terror psicológico que narra a relação de um morador de rua com uma mulher, onde só ele a vê. E "Duas", que conta a história de Maria (Flávia Zaguini) e Fernanda (Maria Maya) que se apaixonam no trabalho, casam-se e vêem a vida alterada em fração de segundos. “Foram quatro dias e meio de gravação ao todo. "Invisíveis" eu gravei na escola Cena 1 e na Rua Carlos Gomes, em que contei com o apoio logístico da Fundação Cultural e da Prefeitura. E "Duas" eu fiz três locações diferentes no parque Tingui”, relatou.
Ambos foram gravados na capital paranaense por causa da logística e também porque Ana queria mostrar a cidade em suas obras. Além disso, o clima de Curitiba contribuiu para a narrativa de "Invisíveis", um filme mais intimista que se beneficiou do tempo fechado da cidade.
Ana Cavazzana em ação no set
Ana Cavazzana em ação no set
No elenco, ela contou com atores locais, como Flávia Zaguini, Mazé Portugal, Sabine Villatore, Guilherme Garcia, Kim Martins, Rodrigo Krieger e Fábio Krieger. E também, com exceção do diretor de fotografia, toda a produção foi composta por curitibanos. “A nossa equipe conta com cerca de dez pessoas. Eu gosto de trabalhar com equipe pequena, assim, todos participam e se sentem parte do projeto”, explica a diretora.
Com estreia prevista para meados de outubro de 2023, "Invisíveis" já recebeu prêmios no Brasil, Índia e EUA. Seus prêmios mais recentes foram no Tietê International Film Awards, com melhor roteiro, melhor performance e melhor edição. Já "Duas", com estreia prevista para o mesmo período, recebeu prêmios de melhor direção, melhor roteiro, melhor atriz, melhor filme, melhor fotografia, entre outros. Seus últimos prêmios conquistados foram na Índia, em cinco categorias, além de estar presente em festivais da América, Europa, Ásia e África.

Os altos e baixos da profissão

Sempre trabalhando com projetos inclusivos e temas focados em conscientização, Ana possui diversos curtas autorais que se encontram em competição em mais de 160 festivais pelo mundo, e seus filmes já ganharam mais de 12 prêmios internacionais. Porém, chegar até aqui não foi fácil. “São passinhos de formiguinha e é difícil. Eu fui assistente de direção por muitos anos, eu fiz trabalhos em que os diretores nem me olhavam. Até que eu dei meu grito de independência e fui fazer meus próprios trabalhos”, conta.
Para Ana, o fundamental para seguir na carreira no audiovisual é acreditar no que você está fazendo, ter paciência e resiliência. “Se eu pegar um roteiro e dar na mão de mil pessoas, ninguém nunca vai ter minha visão, meu olhar. No meio há espaço pra todo mundo. Mas, para dar certo, é preciso ter humildade. A gente não faz cinema e nem arte sozinho. Precisamos das outras pessoas. E precisar é muitas vezes admitir que a gente não sabe fazer tudo. Cada dia eu estou aprendendo uma coisa nova. O processo criativo não é meu, não existe egocentrismo, existe um trabalho de todos”, finaliza.