Saúde & bem-estar

Correndo juntos: grupos de corrida ampliam benefícios da prática

Patrícia Sankari
15/03/2024 18:26
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O treino em grupo motiva e auxilia. | Arquivo pessoal/Murilo Klein

A corrida é uma das atividades físicas mais amadas pelos brasileiros. Cerca de 81% das inscrições em atividades esportivas realizadas no Brasil, em 2022, foram na modalidade de corrida de rua, segundo a pesquisa “Perfil do atleta brasileiro”, realizada pela plataforma de inscrições Ticket Sports. No entanto, estabelecer e manter o hábito de fazer exercícios físicos pode ser desafiador para muitos. Por isso, grupos de corrida e caminhadas têm se destacado como uma poderosa ferramenta para incentivar a prática regular e criar uma comunidade dedicada ao bem-estar. “O senso de pertencimento e a camaradagem motivam a iniciar e manter o hábito de praticar exercícios regularmente”, explica o psicólogo Luti Christóforo.
Segundo ele, a socialização durante as atividades de corrida em grupo contribui significativamente para a redução do estresse e ansiedade. Além disso, o apoio social e a interação positiva ajudam a criar um ambiente acolhedor e relaxante.
Outro ponto, conforme Cristóforo, é o sentimento de fazer parte de algo maior, que auxilia no fortalecimento do comprometimento individual. Ou seja, aspectos psicológicos, como a necessidade de pertencer e a identificação com objetivos comuns, impactam positivamente a perseverança no hábito de se exercitar.
“O compromisso que essas pessoas estabelecem com os treinadores e também com um grupo de amigos faz com que a regularidade nos treinamentos seja maior. Nós, das assessorias, muitas vezes conseguimos manter essas pessoas motivadas a partir do estabelecimento de metas ou ainda do simples ato de convidar as pessoas para estarem junto conosco”, explica o profissional de educação física e proprietário da V8 Assessoria Esportiva, Murilo Ugolini Klein, que trabalha treinando pessoas para corridas desde 2008.
Apesar de os treinos serem em grupo, as singularidades de cada um são levadas em consideração.
Apesar de os treinos serem em grupo, as singularidades de cada um são levadas em consideração.
Foi o que aconteceu com o empresário Hélio Oliveira, que começou a fazer caminhadas e também correr junto com outros amigos há 10 anos e, durante esses trajetos, descobriu grupos de corridas. “Depois que peguei gosto pela corrida, tudo virou motivação. Seja por um desafio pessoal, uma superação ou treinar para atingir determinado tempo ou distância”, explica Hélio.

O individual dentro do grupo

O suporte emocional oferecido por membros do grupo, segundo Cristóforo, desempenha um papel crucial na superação de desafios. A conexão emocional proporciona uma rede de apoio vital para enfrentar barreiras e manter a prática regular de esportes.
Porém, mesmo com o apoio do grupo, os obstáculos pessoais estão ali, e podem, sim, desmotivar. “É normal cada um estar passando por uma fase de vida e alguma coisa interferir. Por isso, buscamos conversar com essas pessoas o máximo possível para que possamos entender, interpretar e auxiliá-las, diminuindo, por exemplo, a carga ou a intensidade do treinamento”, explica Klein.
Além disso, mesmo em grupo, há especificidades individuais para cada treino. Conforme o educador físico, por meio da fisiologia do exercício e de um olhar individualizado para as características e demandas dos alunos, é possível prescrever treinos que melhor se adaptem a cada pessoa, estabelecendo algumas métricas voltadas a melhorar o condicionamento físico e manter a motivação. “Os treinos são prescritos para as pessoas que nos contratam conforme os objetivos e a individualidade de cada um. O nosso foco está em ajudá-las nesse processo, para que elas consigam o que buscam”, explica.
Cristóforo afirma que essas abordagens específicas, como estabelecer metas realistas, celebrar conquistas e promover um ambiente inclusivo, incentivam a consistência no exercício. “Essas estratégias são especialmente eficazes para aqueles que estão começando e podem enfrentar dificuldades iniciais, construindo uma base sólida para a prática regular de exercícios”, complementa o psicólogo.
Hélio Oliveira começou a correr com um grupo de amigos há 10 anos.
Hélio Oliveira começou a correr com um grupo de amigos há 10 anos.

Querendo comecar?

“Acredite e continue!”. Essa é, para Klein, a dica principal. “Acredite que você vai conseguir e que a corrida pode ser, sim, um esporte para você. E continue, porque as dores vão aparecer, vai ser difícil, nem todo dia vai ser legal. Durante o treino, haverá dificuldades, mas vai sempre valer a pena pelo resultado que você vai ver depois, as amizades que vai fazer durante o processo e os benefícios que terá na saúde”, diz.
“O ideal é começar aos poucos, para ir adaptando, pois, no final, valerá a pena a gratidão que sentirá a cada corrida” explica a corretora de imóveis Patrícia Schmidt, que começou caminhando nos parques, buscando saúde e qualidade de vida, e hoje faz parte de grupos de treinamentos e contabiliza mais de 30 corridas. “Eu amo correr, é um momento de conexão comigo mesma, superação e foco”, afirma.
Murilo ainda ressalta a importância de ter acompanhamento médico e de um profissional de educação física para que o corpo seja treinado da maneira correta, sem danos à saúde.

Onde é melhor começar a correr?

De acordo com Murilo Ugolini Klein, treinador da V8 Assessoria Esportiva, na capital paranaense, para os iniciantes, os parques mais indicados são o Barigui e o Náutico, que são locais mais planos. As ciclovias também são uma boa pedida, com destaque para a Marechal Floriano Peixoto e a que passa no Centro Cívico e segue até o Parque São Lourenço.