Uma das cidades mais antigas do Paraná, a Lapa é um município que fica no sul do estado, na região dos Campos Gerais. Fundada por tropeiros e pela exploração da erva-mate, a cidade conserva o Brasil do século XIX, em um cenário em que natureza e história se misturam para criar uma atmosfera mística e única. Localizado a menos de 80 km de Curitiba, o destino uma ótima opção para quem quer aproveitar o sossego e conhecer a história do Paraná.

É impossível passar pelo centro da cidade e não passear pelo passado. Por isso, o turismo histórico é o mais forte na região. Com diversos pontos tombados pelo IPHAN, o estilo colonial marca presença na arquitetura do Centro Histórico. O edifício mais antigo da cidade é a Igreja Matriz de Santo Antônio, erguida no longo da segunda metade do século XVIII.

Vários desses espaços refletem um importante momento da Revolução Federalista, o Cerco da Lapa, que aconteceu em 1894. Com a instabilidade política do início da República, a revolução implodiu no Rio Grande do Sul no ano anterior por conta da insatisfação dos federalistas, que pretendiam “libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos”, que na época era o presidente do estado.

O conflito se alastrou pelo sul do Brasil e os maragatos — como os federalistas eram popularmente chamados — começaram a conquistar cada vez mais ao norte, em direção a São Paulo. Em fevereiro de 1894, os maragatos alcançam o Paraná, mas são barrados pelas tropas legalistas — os chamados pica-paus, comandadas por Coronel Gomes Carneiro. A missão do exército local formado em maioria por civis era derrotar os maragatos ou ao menos segurar seu avanço por algum tempo.

Os lapeanos aguentaram firme, mas acabaram perecendo por falta de alimentos e munição depois de 26 dias. O próprio Coronel morreu por conta de ferimentos da batalha, mas sem nunca abandonar seu posto, dando ordens até em seu leito de morte. Por mais que a batalha tenha sido perdida, ela permitiu que o chefe da República Marechal Floriano Peixoto tivesse tempo suficiente para reunir forças e deter as tropas federalistas.

Um dos mais famosos pontos de turismo histórico da cidade é o Panteon dos Heroes. Marcado pelos canhões e pela fachada imponente, ele é o local de descanso eterno dos restos mortais dos de heróis lapeanos do Cerco da Lapa.

utras áreas da cidade também parecem nos transportar ao passado. De frente para o Panteon fica a Casa Lacerda. O museu federal retrata a vida no lar de uma família abastada do Século XIX, com mobília e decoração de todos os ambientes sendo original da época. O Theatro São João é outra boa opção de passeio perto. Com 150 anos, o espaço mantém seu interior de madeira e ainda funciona como teatro e espaço de visitações. Em 1880 ele recebeu a visita de D. Pedro II, da imperatriz Tereza Cristina e de sua comitiva.

Mas estas são apenas algumas sugestões de passeio. O centro histórico da cidade possui muitas outras opções interessantes e melhor jeito para conhecer tudo é percorrer o centro histórico a pé e com calma. Para quem quer experimentar a vivência completa, é possível se hospedar nas pousadas do centro, como a Pousada Tropeira e a Pousada Solar da Lapa.

De tradição fortemente católica, as igrejas da cidade são um reflexo da sociedade e  arquitetura da época. A mais antiga da cidade, a igreja de Santo Antônio tem fachada típica do período colonial, concluída em 1784. Ela faz parte do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional.

O Santuário de São Benedito, o maior santuário dedicado ao santo em todo o mundo, é outra atração interessante. Localizado mais para o sul da cidade, sua construção iniciou em 1940 e foi concluída 15 anos depois.

O messianismo também é parte importante da cultura da região. A figura do monge João Maria De Agostini, italiano que se refugiou na Lapa em 1847, cerca o imaginário local. De espírito andarilho, o monge dedicava seu tempo ao estudo das plantas, medicava os enfermos, realizava profecias e fazia orações, mas ficou marcado principalmente pelos discursos aguerridos, que condenavam, principalmente, a prática da escravidão e aprisionamento de crianças indígenas pelas elites locais.