Mãos sem fronteiras

Conheça a história de Lilian Miranda, empresária que encontrou a cura pelas mãos

Heloisa Nichele, especial para Pinó
28/01/2022 10:14
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Durante a pandemia, voluntários da ONG aplicaram a estimulação neural em profissionais da saúde junto à prática meditativa. | Divulgação

Ansiedade, insônia, estresse e depressão. Essas são palavras cada vez mais recorrentes no vocabulário social sobre transtornos mentais que atravessa esta geração. Há 18 anos, passando por essas mesmas dificuldades, Lilian Miranda encontrou a solução para esses e outros problemas na ponta dos dedos. A explicação é simples, mas nada tem de simplória. Refere-se à estimulação neural, uma técnica terapêutica que estimula pontos vitais da cabeça e ao longo da coluna vertebral com as mãos.
A terapia é difundida pelo Mãos Sem Fronteiras, uma organização internacional sem fins lucrativos. É composta por voluntários que têm como objetivo disseminar o bem-estar físico e mental por meio do potencial terapêutico das mãos. Eles atuam na formação em escolas, empresas, hospitais e comunidades para difundir o método e seus benefícios.
Lilian é embaixadora da ONG no Brasil. Tomou como propósito transmitir os saberes da técnica após sentir o impacto em sua vida. Em 2003, imersa em um quadro depressivo, foi parar por acaso em um curso do Mãos Sem Fronteiras no Hospital de Clínicas, em Curitiba. Conta que, mesmo sem acreditar que teria algum resultado, em poucas semanas após o curso, fazendo a autoaplicação da técnica, sentiu seu organismo revigorado. “Eu achei a prática simples, comecei a fazer no dia a dia, cinco minutos ao dia. Em duas semanas eu não tinha mais nada, depois de um histórico pesado de medicamentos”, conta.

Empresária e voluntária

Lilian Miranda sentiu os benefícios da prática terapêutica em 2003, e desde então tem como propósito difundir as técnicas com foco sobretudo em saúde mental.
Lilian Miranda sentiu os benefícios da prática terapêutica em 2003, e desde então tem como propósito difundir as técnicas com foco sobretudo em saúde mental.
Naquele momento Lilian percebeu que, apesar de estar alcançando sucesso como jovem empresária, faltava em sua vida saúde mental. Isso porque ela também é criadora da marca Prata Fina, a maior rede de joias em prata do Brasil. A marca existe desde 1997, e atualmente soma mais de 50 lojas nas regiões Sul e Sudeste. Foi criada quando Lilian começou a vender joias para amigas e conhecidas, a partir do interesse pessoal pelo metal branco, até vislumbrar a possibilidade de consolidar o negócio em Curitiba. “A Prata Fina nasceu dentro da minha bolsa”, brinca.
Depois das experiências, afirma a quem duvide: é possível empreender com saúde e ainda auxiliar as pessoas à sua volta na mesma corrente de autocuidado. “A gente vive melhor quando olha para o umbigo do outro, isso se tornou um estilo de vida. Para empresários eu digo que empreender sem saúde mental é um caminho bem dolorido. Minha missão de vida é compartilhar saúde mental”, destaca.

O Mãos Sem Fronteiras

A ONG atua em duas frentes para difundir o bem-estar físico e mental: prática meditativa e o método de estimulação neural. A técnica terapêutica tem como princípio equilibrar o sistema imunológico, nervoso e cardiovascular utilizando o campo eletromagnético do corpo para acelerar a atividade neuronal e a regeneração celular. “Temos seis pontos vitais que vão da cabeça ao longo da coluna vertebral. Cada um corresponde a órgãos e sistemas. Quando você toca com a ponta dos dedos onde tem o maior número de terminações nervosas, você faz com que o seu sistema nervoso fique desperto”, explica Lilian.
Ela pode ser utilizada tanto para autoaplicação, quanto para ajudar outras pessoas. Ambos os processos são aprendidos nos cursos de capacitação oferecidos pela ONG. Seja como for, a técnica é uma terapia integrativa, ou seja, não substitui tratamentos da medicina convencional, mas atua de forma complementar no alívio de dores, fortalecimento imunológico, equilíbrio do sistema nervoso e prevenção de doenças. A aplicação é de apenas cinco minutos diários.

Cinco minutos de meditação

A meditação proposta pelo Mãos Sem Fronteiras tem o objetivo de acessibilizar e desmistificar a prática meditativa, com uma técnica que dura cinco minutos.
A meditação proposta pelo Mãos Sem Fronteiras tem o objetivo de acessibilizar e desmistificar a prática meditativa, com uma técnica que dura cinco minutos.
Além da estimulação neural, a ONG defende que uma prática meditativa, também de cinco minutos diários, traz benefícios contínuos à saúde física e mental. Esta é a proposta da campanha “5 Minutos Eu Medito”, lançada em 2013, presente em mais de 80 países.
A ação é difundida por meio de um aplicativo para smartphone, desenvolvido em Curitiba. Com funções acessíveis, no programa é possível realizar uma meditação de 5 minutos embalada por uma trilha sonora com essa duração, além disso, dispõe de uma meditação guiada de 12 minutos pela fundadora da ONG, conhecida como La Jardinera. A cada 5 minutos meditados, a marca individual se soma a um meditômetro mundial, que já passa de 23 milhões de minutos meditados no mundo.
Segundo Lilian, o aplicativo “desmistifica a meditação”. O método incentiva os praticantes a meditarem em qualquer hora do dia e lugar, basta se sentar com a coluna ereta, respirar profundamente três vezes, ligar a trilha de cinco minutos para meditação e, por fim, respirar mais três vezes antes de terminar a prática. “A meditação para nós nasce onde está o caos, é lá que você tem que ter equilíbrio mental. Se você tem uma reunião, por exemplo, vá para sala ao lado e pratique cinco minutos. Seguramente a reunião vai ter um outro desenrolar”, defende.
A prática é levada pela ONG em palestras, abertura de eventos, escolas, hospitais e empresas. “Um dia tem 1.440 minutos, o Mãos Sem Fronteiras pede somente cinco para silenciar a mente. Eu posso dizer com garantia que se praticar todos os dias você ganha um enorme presente na sua vida que é estar presente”.

Ações na pandemia

Durante a pandemia, voluntários da ONG aplicaram a estimulação neural em profissionais da saúde junto à prática meditativa.
Durante a pandemia, voluntários da ONG aplicaram a estimulação neural em profissionais da saúde junto à prática meditativa.
Em 2020, durante a pandemia, 30 voluntários da ONG se mobilizaram para percorrer os hospitais e unidades de saúde de Curitiba para aplicar as técnicas aos profissionais das instituições. “Nós ainda não vimos os resultados dessa pandemia em termos emocionais e mentais. Algo que já era latente, a pandemia deixou ainda mais forte. A vida não é somente trabalhar, você tem que doar tempo para as pessoas. Esse é o melhor presente que o Mãos Sem Fronteiras me deu”, afirma Lilian.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, o Brasil tem a maior quantidade de pessoas com ansiedade no mundo. São 18,6 milhões, 9,3% da população. Esses números se agravaram durante o período da pandemia do coronavírus. De acordo com o Ministério da Saúde, em uma pesquisa com mais de 17 mil respondentes, em 2020, 86,5% das pessoas citaram a ansiedade como principal transtorno no momento.
Mais informações sobre a ONG, no site: msfint.com. Acompanhe também pelo Instagram @msf.brasil. O aplicativo para meditação, “5 Minutos”, está disponível para IOS e Android.