Dicas culturais: livros, filmes, podcasts e outros produtos culturais chancelados por personalidades da cidade.

Indicação: Minissérie “Maid”, da Netflix

“É uma história sobre romper com um ciclo onde mulheres são expostas a abusos físicos, psicológicos e sociais. A narrativa traz o drama de mulheres diante da normalização e conivência de uma visão masculina que não lhes permite autonomia ou perspectiva. Um ciclo perpétuo de dependência financeira e emocional, onde a desculpa da ‘família tradicional’ é usada como ferramenta de controle dos corpos e espíritos de mulheres encurraladas. Essa narrativa ecoa em mim pois reconheço essas situações em histórias de minha família. Mulheres que lutaram contra os mesmos desafios da protagonista e carregam cicatrizes eternas dentro de si. 'Maid' também dialoga com as trabalhadoras domésticas informais do Brasil, invisibilizadas, esquecidas e exploradas. Texto, direção e interpretações que captam de forma terna e sincera um pesadelo familiar comum a todos.”

Indicação: Álbum “Homogenic”, de Bjork

“'Homogenic' é o terceiro álbum da cantora islandesa Bjork. Lançado em 1997, o álbum tem características marcantes e atemporais. Essa produção é uma das minhas inspirações de vida e recomendo para todos que gostam de uma experiência única e inovadora. Faixas como 'Yoga', 'All is Full of Love' e 'Pluto' nos levam para uma outra dimensão e apresentam algo totalmente diferente do convencional, assim como a própria Bjork. Destaco o Design incrivelmente elaborado, tanto nos clipes como no encarte do CD. Para quase todas as músicas tem videoclipes, e muitos deles são produzidos por cineastas e ganharam prêmios. Por isso, além do áudio, tem uma construção visual muito interessante. Vale a pena viver a sensação do 'Homogenic'. Para se apaixonar!”.

Indicação: Música “Sol de meio dia”, de Barbara Campelli

“Estou amando esse trabalho novo da cantora curitibana Barbara Campelli. Na música “Sol de meio dia”, ela interpreta uma composição do caloroso Leo Fressato. A voz doce da Badi ganha contornos atuais nessa produção bem trabalhada, somando rigor técnico à uma letra deliciosa que te faz querer mais. A música saiu quentinha do forno no dia 5 de novembro, vale a pena conhecer!”.

Indicação: Livro “Azagaia”, de André Capilé

“Quero indicar o livro “Azagaia”, do poeta André Capilé, lançado há pouco pela Macondo Edições. Trata-se de uma obra curta, em três partes, que forma fragmentariamente um poema longo e forte sobre a experiência violenta da infância negra nos subúrbios brasileiros pelo (des)encontro contínuo com a mãe. Capilé, porém, na contramão de muita poesia contemporânea, é um artesão do verso, trabalha nos truncamentos da linguagem, no desafio mesmo dos modos de enunciar um trauma. É preciso muita força para terminar com versos como: “aqui lembrar que um dia nasceremos livres // floresta / enxame / matilha / escamas // jamais nenhuma peste nos alcançará”,
ainda mais num livro dedicado às mães”.