Nirvana com orquestra: tributo apresenta músicas da banda em formato sinfônico

Filipe Albuquerque, da equipe Pinó
04/08/2023 15:29
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O trio Seattle Supersonics, que se apresenta em outubro no Teatro Positivo com a Orquestra Sinfônica Villa Lobos | Divulgação

O Nirvana quase arruinou a própria carreira na única vez que veio ao Brasil para duas apresentações em janeiro de 1993. Talvez tenham levado o niilismo a sério demais; o que se viu, inclusive ao vivo pela TV, foi uma banda quase incapaz de tocar as próprias músicas e Kurt Cobain visivelmente fora de si.
Trinta anos depois, a Seattle Supersonics, banda argentina tributo ao Nirvana, encara o desafio de mostrar, com a Orquestra Sinfônica Villa Lobos no palco do Teatro Positivo em 5 de outubro, que há melodia e beleza por trás das guitarras saturadas, da microfonia e da postura ‘nós contra o mundo’ características do trio que, pouco mais de três décadas atrás, bagunçou a indústria da música.
Os ingressos para Tribute to Nirvana By Seattle Supersonics & Orquestra Sinfônica Villa Lobos, promessa de uma experiência pop no mínimo interessante, estão disponíveis no site do Disk Ingressos. É a primeira vez que o trio se apresenta no Brasil.
Seattle Supersonics é de Buenos Aires. Criada em 2010, é reconhecida por sua representação bastante fiel aos originais – em qualidade, encontram um rival à altura na Espanha, um trio chamado The Buzz Lovers. Ezequiel Dias, Estevan Molina e Christian Monteiro, que viajam ao mundo espalhando a palavra de Kurt, Krist e Ghrol, vão mostrar como o barulho pode se juntar a uma sinfônica de forma harmoniosa – o mais perto que o Nirvana original passou de uma orquestra foi na gravação do programa (e disco) Unplugged, em novembro de 1993, quando contou com um violoncelista no palco em algumas músicas. O disco foi lançado um ano depois, já sem Kurt.
No repertório dos Supersonics estão programadas “in Bloom”, “Drain You”, “About a Girl”, “Love Buzz”, “Floyd the Barber”, “Molly’s Lips” (da banda The Vaselines), “School”, “Aneurysm”, “Territorial Pissings” e, claro, “Smells Like Teen Spirit”, o hit que fez a indústria do disco no início dos anos 1990 se perguntar o que estava acontecendo com a cultura jovem.
Fisicamente, Ezequiel Dias, voz e guitarra da Supersonics, lembra bastante Kurt. Como manda a etiqueta de uma boa banda cover, opta pelas mesmas roupas e modelos de guitarras do músico, morto em 1994. Para seu azar, não é canhoto, como era o líder do Nirvana, mas sua voz reproduz à original com perfeição impressionante.
Do lado da Sinfônica, o desafio maior é do maestro Adriano Machado. Ele é o responsável por elaborar os arranjos orquestrais para canções ruidosas que mostraram, mais de 30 anos atrás, que o rock ainda tinha lenha pra queimar desde que largasse mão da megalomania extravagante do hard rock/hair metal do fim da década de 1980.

O pior melhor show da história?

Em janeiro de 1993 o Nirvana veio ao Brasil para duas
apresentações no extinto Hollywood Rock. A banda se apresentou no dia 16 no
Estádio do Morumbi, em São Paulo, e na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, no
dia 23. Quem viu, não se esquece. Foram duas apresentações terríveis.
Históricas, mas terríveis.
Naquele momento, o Nirvana não era apenas a banda esquisita
do clipe de “Smells Like Teen Spirit”, de refrão gritado e grudento. Já era
talvez a maior banda de rock do mundo, ou a que havia chegado ao topo das
paradas ao unir melodias pop a um estrondo elétrico, pegando emprestado
elementos do punk, da new wave e do hard rock dos anos 70. Para o público
brasileiro, era a chance de ver uma banda no auge da fama e que, havia pouco
mais de três anos, tocava em clubes e porões úmidos e enfumaçados dos Estados
Unidos.
João Gordo, líder do Ratos de Porão e que ciceroneou a banda
em São Paulo, admitiu certa vez sua parcela de culpa nas apresentações desastrosas
da banda. Foi ele quem disse a Kurt Cobain que a marca que dava nome ao
festival era de propriedade de uma mega indústria tabagista. O suficiente para Kurt,
Krist Novoselic e Dave Ghrol subirem ao palco de má vontade e, pelo menos Kurt,
com alguns aditivos a mais na cabeça. A história conta ainda que, em São Paulo,
após a apresentação, Courtney Love, então esposa de Kurt, causou tumulto no
meio da rua, mais precisamente embaixo do Elevado Costa e Silva, ou Minhocão,
ao oferecer um maço de notas de dólar a uma travesti. E que o casal, acompanhado
de João Gordo e alguns integrantes da equipe foram parar em um inferninho
alternativo já extinto chamado Der Temple onde dançaram até as 6h. Alguns
poucos sortudos que estavam dentro do clube quando a turma chegou puderam
assistir aquilo de perto.
Punk ao extremo ou irritantemente desleixado, o desempenho do Nirvana naquelas duas datas é motivo de discussões acaloradas até hoje por quem esteve no Morumbi ou na Praça da Apoteose, ou mesmo por quem assistiu pela TV Globo a banda destruir as próprias canções (e os instrumentos) sem se importar com absolutamente nada.
Ao todo, serão 15 apresentações no Brasil. Ao fim da temporada, a Seattle Supersonics segue para shows na Europa e nos Estados Unidos.
Serviço
Tribute to Nirvana By Seattle Supersonics & Orquestra Sinfônica Villa Lobos
Quando: Dia 5 de outubro, às 21h
Onde: Teatro Positivo
Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido
Ingressos: à venda pelo Disk Ingresso a partir de R$ 190 (meia-entrada)
Clube Gazetado Povo garante 50% de desconto sobre o valor de inteira
Classificação: 14 anos

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