Maternidade

A volta do natural à maternidade

Sara Coelho
01/03/2023 12:46
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É fato que no Brasil ainda temos um alto índice de cesarianas eletivas e a taxa de amamentação está abaixo do recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Ainda recordista de cesarianas, o Brasil apresenta uma taxa de 55% dos nascimentos realizados por essa via. O número aumenta no sistema privado para 86% dos partos realizados via cirurgia (Fiocruz). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a taxa ideal de cesarianas deve estar entre 10% a 15% dos partos.
Apesar dos dados alarmantes, é percebido um movimento por parte das mães pela busca de vias mais humanizadas no maternar. Esse cenário demonstra a ascensão dessa nova consciência baseada no respeito à natureza humana, à saúde mental da mãe e dos filhos. E também à medicina baseada em evidências, às pesquisas mais atuais quanto a parto, aleitamento, alimentação e desenvolvimento cognitivo-social dessa nova geração. Bons exemplos são a popularização das doulas, o aumento na procura por consultorias de amamentação e a globalização de conteúdos que mostram os benefícios de devolver à mulher a autonomia em seus partos.
Hoje em dia as mães querem se informar mais sobre o parto, e também conhecer e entender o melhor sobre o corpo, a amamentação e o bebê. O entendimento da fisiologia da gravidez e do trabalho de parto e nascimento faz com que elas criem uma expectativa mais real, desde a fase da gestação, sobre o que é a maternidade. Mais do que o interesse pelo parto humanizado, trata-se de um empenho pela emancipação nesse papel de mãe, pelo direito de escolha e decisão sobre seus corpos, seus filhos e posturas que permeiam o maternar.
A amamentação prolongada e em livre demanda também faz parte dessa nova concepção sobre maternidade. A recomendação da OMS para o aleitamento materno é de dois anos ou até mais e especialistas confirmam que a criança amamentada com leite materno apresenta menor risco de apresentar alergias alimentares, respiratórias e de pele. O leite humano contém os nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento do bebê nos seis primeiros meses de vida, permanece o principal alimento no primeiro ano de vida e continua sendo uma importante fonte nutricional no segundo ano de vida.
A ressignificação da maternidade, dos papeis dos cuidadores, da vivência com os filhos é salutar, uma combinação entre o que aprendemos com nossas avós e mães, atualizamos segundo as mais recentes evidências científicas e recriamos seguindo nossos desejos particulares e anseios para esse papel, exercitando nossa autonomia e direitos de decisão. É chegada a hora de olhar para a maternagem, seus códigos de conduta, sua aura imaculada, sua medicalização, seus traços austeros, suas tradições vezes ultrapassadas, e dizer: Vamos rever tudo isso. Vamos criar um novo maternar.