• Carregando...
Fernanda e Beto Richa se escondem no carro da polícia após prestarem depoimento, em setembro. Eles negaram irregularidades. | Alexandre Mazzo/ Gazeta do Povo
Fernanda e Beto Richa se escondem no carro da polícia após prestarem depoimento, em setembro. Eles negaram irregularidades.| Foto: Alexandre Mazzo/ Gazeta do Povo

Escândalos de corrupção, prisões, vitórias e derrotas nas urnas. O ano de 2018 foi intenso na política paranaense, com fatos que já entraram para a história. Relembre cinco fatos marcantes do ano de 2018:

1 - Prisão de Beto Richa

Governador do Paraná por dois mandatos, Beto Richa (PSDB) foi preso em Curitiba, em 11 de setembro de 2018, no âmbito de um inquérito envolvendo o programa Patrulha do Campo. A esposa dele, Fernanda Richa (ex-secretária da Família e Desenvolvimento Social), e o irmão José Richa Filho (ex-secretário de Infraestrutura e Logística) também estavam entre os presos da chamada Operação Rádio Patrulha. A investigação foi aberta pelo Ministério Público do Paraná, a partir da delação do empresário Tony Garcia, figura já conhecida no meio político.

A prisão do tucano, determinada pelo juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, durou apenas quatro dias. Então candidato ao Senado, Beto Richa acabou liberado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou a soltura dos demais. Luiz Abi Antoun – primo de Beto Richa – também era alvo de um mandado de prisão, mas estava em viagem ao Líbano, e não chegou a ser detido. Seu retorno ao Brasil ainda não aconteceu. 

A investigação já rendeu uma primeira denúncia e 13 pessoas se tornaram rés, incluindo Beto Richa, que responde pelos crimes de corrupção passiva e fraude à licitação. Entre os réus, também estão aliados de longa data do tucano – como Ezequias Rodrigues e Deonilson Roldo. Eles rejeitam as acusações.

...e de aliados

Não foi apenas a Operação Rádio Patrulha que movimentou o 11 de setembro de 2018. Na mesma data, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal deflagravam a Operação Piloto, com base em delações da Odebrecht. O objetivo, explicaram os investigadores, era aprofundar as apurações referentes à licitação, no ano de 2014, de uma obra na PR-323, que teria sido direcionada à empreiteira, em troca de R$ 4 milhões ao grupo do então governador do Paraná, Beto Richa. Dois nomes ligados ao tucano foram presos – e permanecem assim até agora – durante a Operação Piloto: o ex-chefe de gabinete Deonilson Roldo e o empresário Jorge Atherino. 

2 - Lava Jato esbarra nas rodovias do Paraná

Os investigadores do Ministério Público Federal e da Polícia Federal que atuam na Operação Lava Jato esbarraram em concessões de rodovias do Paraná. A primeira fase da Operação Integração (48ª fase da Lava Jato) foi deflagrada em fevereiro e levou para a prisão Nelson Leal Júnior (do Departamento de Estradas de Rodagem) e Hélio Ogama (da Econorte). Ao longo da investigação, ambos se tornaram delatores, admitindo que a elaboração dos aditivos nos contratos de concessões ocorria em um contexto de pagamento de propinas.

Em 26 de setembro de 2018, uma segunda etapa da Operação Integração levou para a prisão novos nomes ligados às cúpulas de todas as concessionárias de pedágio que atuam no Anel de Integração. Naquela data, o ex-secretário de Infraestrutura e Logística José Richa Filho – que 15 dias antes já tinha sido alvo da Operação Rádio Patrulha – voltou para a prisão. Mas, até o início de outubro, todos os mandados de prisão já tinham sido derrubados – a maioria via Gilmar Mendes.

3 - Políticos tradicionais sem mandato

Três vezes governador do Paraná, Roberto Requião (MDB) não conseguiu se eleger em outubro para o terceiro mandato de senador. Ele ficou em terceiro lugar na disputa, vencida por um novato na vida pública, Oriovisto Guimarães (Podemos), e por um ex-senador, Flávio Arns (Rede).

Mas, aos 77 anos, Requião declarou que não pretende “se aposentar” da vida pública. “Não me recolho à vida privada, não tenho também esse direito. Enquanto respirar, viverei pelo Brasil, fiel, intransigentemente fiel, à utopia que me embala desde a meninice: o sonho de um país soberano, desenvolvido e bom para todos”, discursou Requião, que é um crítico do novo presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). 

Outros velhos conhecidos da política paranaense também se frustraram em 2018. Às vésperas do registro de sua candidatura ao governo do Paraná, o ex-senador Osmar Dias (PDT) desistiu da corrida – e Ratinho Junior (PSD) ganhou o Palácio Iguaçu já no primeiro turno. Já o irmão de Osmar, o senador pelo Paraná Alvaro Dias (Podemos), insistiu na candidatura à Presidência da República, e fracassou – fez 0,80% dos votos.

Beto Richa (PSDB), atropelado por escândalos de corrupção, não conseguiu nem 500 mil votos na eleição ao Senado. 

4 - Onda bolsonarista marca a eleição no Paraná

Um dos principais aliados do presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Francischini (PSL) se tornou o candidato a deputado estadual mais votado da história do Paraná. Delegado licenciado da Polícia Federal, ele fez 427.742 votos e carregou mais sete parlamentares para a Assembleia Legislativa – o PSL será a maior bancada da Casa a partir de 2019. Na bancada do Paraná na Câmara dos Deputados, o campeão de votos, Sargento Fahur (PSD), também se beneficiou na onda bolsonarista.

5- Lava Jato: primeiro parlamentar condenado

O deputado federal pelo Paraná Nelson Meurer (PP) foi condenado, de forma unânime, pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em 29 de maio de 2018, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O paranaense foi o primeiro político no exercício do mandato a ser julgado por ministros do STF no âmbito da Operação Lava Jato.

Mas, a execução da pena – prisão por mais de 13 anos, além de multa – só deve começar após a publicação do acórdão. A condenação também não interferiu até agora no exercício do mandato na Câmara dos Deputados – no Conselho de Ética, Meurer se livrou de qualquer punição. Ele não se candidatou à reeleição, e encerra o seu sexto mandato consecutivo na Casa em janeiro de 2019.

Já a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann – eleita deputada federal pelo Paraná em outubro – foi absolvida pela mesma Segunda Turma, em julgamento concluído em 19 de junho de 2018. No âmbito da Operação Lava Jato, ela tinha sido acusada pelos crimes de corrupção passiva e lavagem dinheiro. Delatores falaram de um repasse ilegal de R$ 1 milhão para a campanha eleitoral da petista, em 2010. Os ministros do STF não encontraram provas. A petista, contudo, segue alvo de outros inquéritos abertos pela Lava Jato.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]