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Deputados estaduais tomaram posse na sexta-feira (1º) | Divulgação/ALEP
Deputados estaduais tomaram posse na sexta-feira (1º)| Foto: Divulgação/ALEP

Ninguém escapa à tendência do crescimento da “bancada da bala” no Legislativo, sobretudo o Paraná. Dos 54 deputados estaduais empossados na Assembleia Legislativa (Alep) na sexta-feira (1º), pelo menos 14 estão ligados diretamente às bandeiras da segurança pública.

“Já tivemos a ascensão das bancadas evangélica, ruralista, do futebol. Em 2018, foi a vez da bancada da segurança, ou como é chamada, da bala. É um fenômeno nacional e aqui no Paraná não aconteceu diferente”, admite o cientista político e professor Doacir Quadros. “É fácil entender o cenário. O alto índice de insegurança que o Brasil vem experimentando mostra que os gestores estão com dificuldade neste campo. Isso fez com que, na última eleição, tivéssemos a escolha de delegados, capitães e demais profissionais do segmento.”

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A avalanche de políticos com soluções para o setor se deve principalmente ao efeito Bolsonaro. A força popular do então candidato, hoje presidente da República, robusteceu seu partido no estado. Oito nomes do PSL foram escolhidos para a Casa legislativa estadual. O principal deles é seu grande articulador de campanha, Fernando Francischini, recordista de votos para o cargo (mais de 427 mil).

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O deputado estadual não respondeu ao pedido de entrevista, mas em conversas anteriores com a Gazeta do Povo disse que suas proposições se darão “no dia a dia da segurança” já que o Legislativo estadual não tem tanta autonomia na área criminal.

“Se for observar no âmbito estadual, não existe o mesmo poder de fogo do Congresso Nacional, até mesmo pelo número de parlamentares que lá estão”, concorda Quadros. Além disso, a grande maioria dos parlamentares daqui estão em primeiro mandato e a eles faltará uma experiência legislativa para articular seus interesses. “Há uma composição de bancada, mas ela é fragilizada pela falta de reconhecimento e articulação”, pondera o cientista político.

Outras bancadas se mantêm fortes

As bancadas religiosa e ruralista do estado também se mantêm fortes. Pelo menos nove nomes têm uma ligação estreita com denominações evangélicas e católicas e outros 11 vêm de histórico de luta ou trabalho no agronegócio.

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“A bancada religiosa está sempre presente e há de entender que esse cenário [nacional] mostre um pedido pela defesa de valores familiares e de costumes, pauta que bate com a dessa bancada”, avalia o cientista político. “Ainda não tivemos discussões [sobre lideranças] e composição da bancada. Embora tenha havido uma grande mudança [no parlamento estadual], existe uma bancada muito representativa do interior. Normalmente aqueles que são do interior têm uma afinidade com o agronegócio. E eles são mais de 50% [da Alep]”, defende Artagão Junior (PSB), deputado estadual reeleito e um dos coordenadores do bloco do agronegócio na Assembleia. O grupo deve levantar a discussão sobre desburocratização do campo, com leis ambientais menos restritivas.

Tanto as pautas do bloco religioso quanto as do agronegócio parecem estar alinhadas com as ideias de governo de Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). E isso ajuda. “As pautas no Legislativo têm que estar sempre orientadas para os serviços do Executivo. Se a pauta não for uma preocupação prioritária do Executivo, ela tende a não ter espaço na agenda do Legislativo. Isso é o que os estudos mostram. Um projeto encaminhado pelo Executivo é discutido em 30 dias, enquanto um projeto de um parlamentar leva dois anos”, aponta Quadros.

Os demais prometem articulação

De fora dos grandes blocos, os deputados com pautas tidas como progressistas prometem se articular como forma de ter mais representatividade. “Eu espero que sim [que exista diálogo com parlamentares ideologicamente semelhantes]”, aposta Goura (PDT), ex-vereador que pretende levar ao plenário da Alep debates sobre direitos humanos e serviços públicos.

“Tem alguns temas aos quais acredito que consigamos trazer uma certa união entre esquerda e direita, como a bicicleta. Acho que tratar da redução de mortes no trânsito, para citar um exemplo, pode resultar em uma frente parlamentar”, diz o deputado eleito pela primeira vez para a Alep.

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