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Imagens  exibidas por Thiago Ferro ficam no canto esquerdo inferior da gravura exibida em primeiro plano na foto | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Imagens exibidas por Thiago Ferro ficam no canto esquerdo inferior da gravura exibida em primeiro plano na foto| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Um grupo de artistas plásticos se reuniu, no fim da tarde desta terça-feira (10), no Museu Municipal de Arte (MuMA), no bairro Portão, para se manifestar em defesa às obras que integram a exposição A Colagem Expandida, que está em cartaz na Bienal de Curitiba. Algumas peças da mostra foram criticadas pelo vereador Thiago Ferro (PSDB). Para o parlamentar, a exposição “contém conteúdo impróprio para menores” e passa “os limites do bom senso”.

A obra que gerou críticas do vereador é a instalação Sociedade Anônima: Arquivos da Comunidade de Lixo, do artista plástico Amorim. Thiago Ferro, pastor da igreja Sara Nossa Terra, chegou a projetar em um telão na Câmara as imagens que considerou impróprias. Trata-se de quatro fotos de dimensões diminutas – de 2,5 x 3 cm – que ficam no canto direito de uma das colagens que fazem parte da instalação. Na avaliação do autor, o parlamentar tirou as imagens do contexto e lhes deu uma dimensão muito maior do que realmente têm.

“Ele pegou um detalhe de uma obra o apresentou em uma narrativa completamente descontextualizada”, disse Amorim. “É uma reação que surpreende, mas que a gente deveria ter esperado. A gente chegou a brincar que falta o MBL de Curitiba vir aqui”, completou.

EDITORIAL:Arte, nudez e um debate distorcido

Além das quatro fotos, o vídeo que faz parte da instalação traz alguns frames em que há nudez. O artista plástico explica que o objetivo é provocar o debate diante da reação que o nu pode provocar nas pessoas – “nos cidadãos de bem”, como ele diz – em pleno século 21. “Meu trabalho também versa sobre sexualidade, apesar de não se resumir a isso. É um tema que precisa ser debatido. Estamos no país que mais mata travestis”, pontuou Amorim.

Classificação

Na entrada da sala, há um cartaz que detalha que a exposição pode ter conteúdo “desaconselhável” para menores de 18 anos. O aviso foi afixado na última sexta-feira (6), depois que uma mãe reclamou do conteúdo de uma das instalações. “Se fôssemos seguir a mesma classificação indicativa usada em produtos audiovisuais, a exposição se enquadraria na faixa etária de 14 anos. É toda uma discussão que se volta para questão educativa da arte”, destaca Mário de Alencar, outro artista que tem obra exposta em A Colagem Expandida.

Aviso na entrada da exposição faz alerta aos paisMarcelo Andrade/Gazeta do Povo

Após a polêmica levantada por Thiago Ferro, o vereador Goura (PDT) visitou a mostra. Ele se espantou, quando viu que as imagens que escandalizaram o colega de Câmara eram tão pequenas. “Mas tanto barulho por fotos desse tamanhinho?”, disse. Em seguida, o parlamentar manifestou apoio à liberdade de expressão e lamentou que o assunto tenha se estendido por tanto tempo.

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“A maior parte do grande expediente da sessão de hoje foi usada para debater isso. São pautas extemporâneas que tira o foco do que é realmente importante para a cidade. Tínhamos que debater o transporte coletivo, a licitação do lixo e tantas outras questões que têm impacto direto na vida das pessoas”, apontou Goura.

Queermuseu

Para os artistas, as discussões que eclodiram em Curitiba pegam carona na polêmica gerada pela suspensão da exposição Queermuseu . “Ali, abriu-se um precedente e era lógico que isso iria se propagar pelo país, como já aconteceram proibições em outros estados”, disse Mário de Alencar. “Parece que Curitiba está consolidando uma leitura que se está fazendo em outros estados, de demonização da expressão artística. As críticas vêm de pessoas que sequer frequentam museus. Quem consome arte, sabe a que a arte se propõe”, completou Amorim, que tem quatro colagens na mostra Queermuseu.

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