• Carregando...
Professor Piva (PSol) em campanha na Rua XV | /Divulgação
Professor Piva (PSol) em campanha na Rua XV| Foto: /Divulgação

O tempo de propaganda na tevê não chega a 50 segundos, enquanto as verbas de financiamento de campanha ultrapassam timidamente os R$ 110 mil. Os números não se referem a um candidato específico, mas ao conjunto dos seis candidatos “menores” ao governo do Paraná, que, ao contrário dos mais bem intencionado na pesquisa Ibope, têm tempo (fora da TV) de sobra, mas dinheiro de menos para tentarem convencer os eleitores.

Veja o quanto cada candidato já gastou em sua campanha

E não é necessário ser perito em estratégias eleitorais para perceber a imensa fenda que separa um tipo de campanha da outra. A começar pela visibilidade na televisão, cujas regras de tempo são estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base no tamanho das bancadas na Câmara dos partidos que compõem a coligação de cada candidato - e que, por isso, acaba tornando mais viável o trabalho dos mais bem amparados.

No Paraná, os extremos se desenham desta forma: de um lado, Priscila Ebara (PCO) e Professor Ivan Bernardo (PSTU) com cinco segundos cada um para “apresentar” seus projetos na telinha. Juntos, a verba arrecadada para bancar os custos de suas respectivas campanhas crava os R$ 2 mil: R$ 600 dela e R$ 1,2 mil dele, conforme consta no banco de dados do TSE. Do outro, a candidata à reeleição Cida Borghetti (PP) larga na frente com 3 minutos e 12 segundos de horário gratuito (e R$ 7,42 milhões registrados no TSE até esta segunda-feira, 1), seguida por Ratinho Junior (PSD), com 2 minutos e 3 segundos e uma verba disponível de R$ 6,15 milhões.

QUIZ: faça o quiz da Gazeta do Povo e descubro qual candidato pensa como você

De baixo para cima nesta escala, a corrida para diminuir a vantagem dos “gigantes” exige um tanto de criatividade. E de companheirismo também. “Quando viajo para o interior, é de ônibus, e algumas vezes consigo uma carona”, comentou com a reportagem o candidato ao Palácio Iguaçu pelo PSOL, Professor Piva, depois de uma manhã de agenda livre em que aproveitou para acompanhar a esposa em uma consulta médica.

O recurso de um pouco mais de R$ 15 mil do ex-vereador de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba (RMC), já estava praticamente esgotado dez dias antes do pleito. Com isso, as investidas do candidato passaram a se concentrar apenas ao redor da capital, por onde ele consegue se deslocar de transporte público.

Mas os ajustes necessários não são assim tão improvisados. Candidato em sete eleições antes desta, todas dentro de um orçamento limitado, Piva considera sua campanha de cálculos estreitos bem mais justa se comparada às demais. “Se tem dinheiro para fazer adesivo faz; se não tem, não faz. E a nossa concepção não é de que somos coitadinhos por causa disso. Não temos dúvidas de que campanhas milionárias são a raiz da corrupção nesse país”, defende.

SAIBA MAIS: Cida prioriza Curitiba e aposta em indecisos e voto feminino para ir ao 2º turno

Com a conta um pouco mais cheia, mas nem por isso folgada, Professor Jorge Bernardi (Rede) também precisa correr para fazer visíveis suas propostas para o governo do estado. Buscando cidades importantes do interior, de onde, acredita, é mais fazer irradiar sua imagem, ele busca ver refletida nas urnas boa parte de sua influência como professor universitário. Nas ruas, aproveita a candidatura da esposa à Câmara Federal para fazer uma espécie de “campanha combo”, ao mesmo tempo em que aposta na imagem de correligionários fortes, como da presidenciável Marina Silva e Flavio Arns, candidato ao Senado pelo Paraná.

Jorge Bernardi (Rede) aproveitou a passagem da presidenciável Marina Silva (Rede) por Curitiba Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O que mais o contraria nisso, diz, são as regras estabelecidas pelas maiores emissoras de tevê que geralmente o deixam de fora dos debates eleitorais – motivo pelo qual não recusa convites de eventos no interior do estado. “Eles roubaram, seus partidos roubaram, elegeram bastante deputados e agora têm bastante tempo de horário na televisão para fazer campanha. Aí aqueles que mais roubaram são os que mais se apresentam à opinião pública”, contesta o candidato, responsável por injetar 60% dos R$ 93 mil usados em sua campanha até o começo desta semana.

CAIXA ZERO: Veja 10 fatores que podem decidir a eleição no Paraná

Em nome de Bolsonaro

O calor extremo que tomou conta do primeiro domingo de primavera foi uma pegadinha para os milhares de inscritos na XVI Corrida do Artilheiro de Curitiba, evento do Exército. Entre os que cruzavam a linha de chegada depois da largada dada às 7h30 da manhã, muitos chegavam ofegantes e ansiosos por um espaço mínimo de sombra – entre eles o candidato ao governo do Paraná pelo PRTB, Geonísio Marinho.

Geonísio Marinho: campanha após correr maratona Angieli Maros/Gazeta do Povo

Depois de cumprir um percurso de dez quilômetros em 1h30, o candidato também se dizia aliviado por já ter começado o dia em plena campanha. Jurou que, mesmo com o cansaço, conseguiu manter sobre os ombros as duas bandeiras que traziam estampados seu rosto e o do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), e, claro, o número que representa cada um deles nas urnas. “Nesse caminho tive uns cinco ou seis que não aceitaram muito bem, mas o resto foi tranquilo”, disse o candidato, que se ancora na campanha do capitão reformado como uma catapulta para o seu nome ao governo do Paraná.

SAIBA MAIS: Última chance: debate na RPC pode ser decisivo para definir 2º turno no Paraná

Sem ainda ter declarado as verbas que amparam suas campanhas, Marinho observa, como os demais, que o dinheiro não é o diferencial nestas eleições. “Eu não estou envolvido em nenhum escândalo como estes grandes e quero fazer política de verdade, sem ter que me comprometer”, ressalta o candidato, que, no dia da prisão do ex-governador Beto Richa, aproveitou para gravar um vídeo em frente ao regimento onde o tucano ficou detido falando sobre honestidade.

A reportagem não conseguiu contato com o Professor Ivan Bernardo para esta reportagem. Ogier Buchi (PSL) não quis participar, e Priscila Ebara não retornou ao pedido.

METODOLOGIA DAS PESQUISAS

Pesquisa realizada pelo Ibope de 24/set a 26/set/2018 com 1.204 entrevistados (Paraná). Contratada por: SOCIEDADE RADIO EMISSORA PARANAENSE SA / TV PARANAENSE, REDE PARANAENSE . Registro no TSE: PR-07128/2018. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Confiança: 95%. *Não sabe / Não respondeu. OBS: A pesquisa está sendo impugnada por representação eleitoral em razão de alegadas discrepâncias técnicas concernentes à estratificação do eleitorado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]