Depois de passar quatro dias preso, o ex-governador Beto Richa (PSDB) deixou o Regimento da Polícia Montada, em Curitiba, às 0h40 deste sábado (15). Solto por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o tucano teve de esperar até o início da madrugada para ir para casa. Na saída, concedeu uma coletiva, sem responder a perguntas da imprensa. Admitiu que foi um período de muito sofrimento, indagou quem teria mais credibilidade, ele ou o delator, e prometeu retomar a campanha ao Senado. “Entrei aqui um homem honrado e saio daqui um homem honrado”, finalizou.
Assista à declaração de Beto Richa o deixar a prisão.
Richa foi preso com outras 14 pessoas no âmbito da Operação Rádio Patrulha, que apura supostos desvios no programa “Patrulha do Campo”. Entre os detidos estavam a esposa dele, Fernanda Richa, e o irmão Pepe Richa. A origem das denúncias é a delação premiada acertada pelo ex-deputado estadual Tony Garcia , que para embasar suas acusações entregou ao Ministério Público uma série de gravações envolvendo o então amigo Beto Richa, seus aliados e empresários.
O ex-governador veio caminhando até o portão onde a imprensa o aguardava, usando terno sem gravata e um incomum óculos de grau. Falou por cerca de dois minutos e não respondeu a perguntas. Disse que o Paraná conhece a vida política dele e da família e que sai da prisão honrado e de cabeça erguida. Também atacou a delação do ex-amigo Tony Garcia e garantiu que seguirá respondendo às acusações sem a menor dificuldade. “Lamento que a palavra de um delator cujo histórico de vida não demonstra nenhuma credibilidade... Eu pergunto: vale a palavra dele ou a minha?”, questionou. “Estou esgotado e agora vou encontrar a minha família. E volto para minha campanha.”
Para justificar a prisão de todos, o juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, havia explicado no despacho que a prisão temporária é necessária “quando se constata a possibilidade de que a manutenção da liberdade dos investigados pode ocasionar perturbações ao esclarecimento dos fatos”, como a destruição de provas e a influência no depoimento de testemunhas; e também está prevista “para os crimes de associação e de organização criminosa, tendo em vista a necessidade de integração do sistema gerada pelas sucessivas alterações legislativas”. Segundo o magistrado, esse crime está caracterizado em vídeos, áudios, mensagens, registros telefônicos, relatório e edital de licitação e escrituras públicas.
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Após duas tentativas frustradas de ganhar a liberdade - a primeira com pedido de habeas corpus no TJ-PR e a segunda no STJ -, o ex-governador e a ex-primeira-dama finalmente tiveram sucesso ao levar a demanda diretamente ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que já havia reprovado a atuação dos investigadores no caso. Ele avalizou a alegação da defesa de que a prisão havia sido decretada para burlar a proibição da condução coercitiva - medida prevista na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 444 (ADPF 444) do STF, da qual Mendes é o relator.
O casal saiu separado do regimento. Primeiro, Fernanda Richa deixou o local em um carro branco, sem falar com ninguém. Cerca de meia hora mais tarde, a saída de Beto foi acompanhada por um grupo de cerca de dez apoiadores e uma equipe de gravação de áudio e vídeo, o que sinaliza que Richa ainda mantém de pé a candidatura dele ao Senado. Momentos antes de os dois deixarem o prédio, advogados buscaram do lado de fora um casaco preto, possivelmente para Fernanda, e uma camisa social azul, para Beto Richa - a roupa estava plastificada, como que recém-saída da lavanderia.
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Veja como foi a rápida coletiva de Beto Richa:
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