Motivo de prisão de Richa, Patrulhas do Campo é alvo de inquérito civil desde 2015

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Embora a investigação criminal em torno do programa da gestão Beto Richa (PSDB) Patrulha do Campo tenha iniciado apenas em agosto deste ano, a partir da colaboração do empresário Tony Garcia, um inquérito civil sobre o mesmo tema já tinha sido aberto no ano de 2015 – e até hoje não foi concluído. O edital de licitação do programa – através do qual o governo do Paraná alugava maquinários de empresas para melhorias nas estradas rurais – foi lançado no final de 2011 e os contratos com as empresas vencedoras foram firmados no início de 2012. 

Em dezembro de 2014, na cidade de Francisco Beltrão, o aposentado Altair Blasius procurou o Ministério Público do Estado do Paraná (MPE-PR) para relatar que a empresa Terra Brasil Terraplanagem Ltda, vencedora de um dos três lotes da licitação do programa Patrulha do Campo, já “tinha ido à falência” quando foi chamada para participar da concorrência pelo então secretário especial para Assuntos Estratégicos no governo do Paraná, Edson Casagrande. 

Blasius é morador no município de Nova Prata do Iguaçu, onde fica a sede da empresa, e conhecia os donos dela, os irmãos Emerson Savanhago e Robison Savanhago. Ao MPE, Blasius conta que Emerson receberia R$ 10 mil por mês de Casagrande para manter a empresa em funcionamento. Casagrande também teria dado a Emerson uma “camioneta S10”, como parte da negociação. A ideia, teria explicado Casagrande a Emerson, era arranjar uma empresa do ramo de terraplanagem para participar de uma licitação.

Casagrande, Emerson e Robison foram alvos de mandados de prisão temporária (de cinco dias) no último dia 11, na esteira da Operação Rádio Patrulha, deflagrada pelo braço criminal do MPE. Já a investigação na área civil - aberta a partir do relato do aposentado de Nova Prata do Iguaçu - até hoje não foi concluída, ou seja, nem foi arquivada, nem gerou ação civil pública. 

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O depoimento de Blasius, prestado em dezembro de 2014, foi depois repassado para Curitiba, e ficou nas mãos da promotora de Justiça Cláudia Cristina Rodrigues Martins Madalozo. Em janeiro de 2015, ela iniciou a coleta de informações junto a órgãos do governo do Paraná envolvidos no programa Patrulha do Campo. Em setembro de 2015, um inquérito civil foi instaurado para o aprofundamento das investigações, a pedido da promotora de Justiça Ana Karina Abrão Gama Monteiro. Nesta terça-feira (18), procurado pela Gazeta do Povo, o MPE informou que o inquérito civil “está aberto e continua em andamento”. Agora, o material levantado no inquérito civil também abastece a investigação criminal.

Na Operação Rádio Patrulha, também foram presos temporariamente os irmãos Túlio Bandeira e André Bandeira, que atuaram como representantes da Terra Brasil Terraplanagem junto ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER), responsável pelo processo licitatório. Advogado, Túlio Bandeira já foi candidato ao governo do Paraná e é ex-chefe de gabinete do deputado estadual Ademar Traiano (PSDB). Agora alvos da Operação Rádio Patrulha, Casagrande e os irmãos Bandeira já tinha sido denunciados em outro escândalo de corrupção, ligado à Operação Sinecuras.

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Na total, 15 pessoas foram alvos de mandados de prisão, entre elas o ex-governador do Paraná Beto Richa. Com exceção de Deonilson Roldo, também detido pela Operação Lava Jato, todos foram libertados após quatro dias, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

Outro lado

A Gazeta do Povo ligou para o celular do advogado Gustavo Alberine Pereira, responsável pela defesa de Casagrande, mas não conseguiu contato até a publicação do texto. O advogado Douglas Copetti, que defende os irmãos Savanhago, também não atendeu o celular.