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Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) é responsável por boa parte de arrecadação de impostos da cidade da Região Metropolitana de Curitiba. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) é responsável por boa parte de arrecadação de impostos da cidade da Região Metropolitana de Curitiba.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A confirmação de que a Petrobras planeja vender a maior parte da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na Grande Curitiba, deixou em clima de apreensão funcionários e o governo municipal. O assunto vinha sendo aventado há algum tempo, e estava nos planos oficiais da empresa desde 2016. Mas agora foi oficializado, como parte da estratégia da Petrobras – que pretende abrir mão da operação de algumas áreas alegando que precisa se concentrar em outras. Apesar do anúncio feito nesta quinta-feira (19), o processo de privatização ainda depende de aprovação da diretoria da empresa.

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O modelo proposto é o seguinte: a Petrobras quer montar duas empresas, uma no Nordeste e outra no Sul, se associando a compradores diferentes. Pela regra apresentada, até podem ser consórcios com vários participantes, sejam nacionais ou estrangeiros, mas é proibido que as mesmas empresas estejam nos dois blocos.

Para cada bloco regional, a Petrobras pretende vender 60% da participação nas refinarias e, com isso, ceder o controle acionário. Com a venda das quatro refinarias e mais os dutos e terminais associados, a empresa estatal deve reduzir a participação na área de refino de petróleo de 99% para 75% – mantendo 9 refinarias, concentradas na região Sudeste.

O bloco Sul deve ser composto pela Repar e pela refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, além de nove dutos e sete terminais. A previsão de Arlindo Moreira Filho, gerente de reestruturação de refino da Petrobras, é de que aprovação interna do projeto deve acontecer em três semanas, dando início à abertura para compra, que pode se estender de nove meses a um ano. Assim, somente no segundo semestre de 2019 a venda seria avaliada por órgãos de regulação, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Situação local

Os próximos meses, portanto, devem ser de muita negociação. Genildo Carvalho, secretário de governo da prefeitura de Araucária, afirma que o clima é de “apreensão e expectativa”. A maior parte do orçamento anual de R$ 1 bilhão, que faz a cidade ficar no topo entre as maiores arrecadadoras do Paraná, vem das movimentações da Repar.

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Segundo Carvalho, a determinação da prefeitura é acompanhar diariamente, a partir desta sexta-feira (20), a situação da proposta de venda do controle acionário da refinaria. “Se acontecer alguma baixa brusca na arrecadação, não temos dinheiro nem para pagar a folha de pagamento. Precisamos monitorar isso.”

O receio é de que parte do refino deixe de ser feito em Araucária, segundo o secretário. “Ainda não sabemos até onde irá atingir a economia”, comenta. Além da refinaria, uma cadeia de fornecedores e distribuidores está instalada na cidade. Ele inclusive explica que o arrefecimento nos últimos anos na área de obras dentro da refinaria já causou impactos na circulação de dinheiro na cidade. Mas a prefeitura também trabalha com uma perspectiva otimista, de que uma companhia privada assuma a operação e decida investir mais. “Especula-se que virá uma empresa estrangeira”, acredita Carvalho.

Trabalhadores

Quem também experimenta momentos de ansiedade são os funcionários da refinaria. Segundo Mário Dal Zot, presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina, a notícia de que a Petrobras pretende abrir mão do controle acionário da Repar foi “recebida da pior maneira possível”.

Atualmente, trabalham na refinaria 800 funcionários diretos e 1,5 mil terceirizados. Os empregados estariam apreensivos com a indefinição, segundo o sindicalista.

A Petrobras informou que a empresa a ser montada – composta pela estatal e pela nova parceira – terá interesse em incorporar ao quadro de pessoal os atuais colaboradores. Para quem não quiser migrar para a empresa nova, a opção, segundo Moreira Filho, será o remanejamento para outra unidade.

Dal Zot diz acreditar que o cenário não é tão simples assim, uma vez que implica alteração no vínculo trabalhista ou mudança de cidade. “Essa situação não preocupa só os funcionários, mas deveria deixar alerta toda a sociedade, já que pode alterar a política de preços dos combustíveis”, destaca. O sindicato informa que vai chamar uma assembleia para breve, para discutir a possibilidade de greve. “Vamos resistir”, avisa.

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