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 | Daniel Caron/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Daniel Caron/Arquivo Gazeta do Povo

O doleiro Alberto Youssef e o ex-senador Delcídio Amaral serão ouvidos como testemunhas de acusação na ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o seu marido e ex-ministro nas gestões Lula e Dilma, Paulo Bernardo. Eles integram o grupo de nove testemunhas de acusação contra o casal e o terceiro réu da ação penal, o empresário de Curitiba Ernesto Kugler Rodrigues. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa os três de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras para aplicar na campanha eleitoral da petista ao Senado, no ano de 2010.

Eles negam a acusação, que foi oferecida em maio do ano passado ao Judiciário pela PGR. Em setembro do mesmo ano, a Segunda Turma do STF acolheu a denúncia da PGR, por unanimidade, determinando a abertura da ação penal. A convocação das testemunhas para depor sobre o caso significa, na prática, o início efetivo do processo.

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As testemunhas foram convocados pelo ministro Edson Fachin em despacho assinado no fim de março e começam a ser ouvidas no dia 5 de maio. Os primeiros a depor serão o ex-presidente do PP Pedro Corrêa, preso em Curitiba, e o advogado Antônio Carlos Brasil Fioravante Pierruccini, parceiro de negócios do doleiro Alberto Youssef.

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Quase uma semana depois, em 11 de maio, será a vez do ex-senador Delcídio do Amaral. No dia seguinte, em 12 de maio, serão ouvidas mais três pessoas: Youssef; Rafael Ângulo Lopez, considerado o “braço direito” do doleiro; além de Ricardo Pessoa, da empresa UTC Engenharia S/A. Em 15 de maio, será a vez de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e do lobista Fernando Baiano. O último a ser ouvido como testemunha de acusação, em 22 de maio, será Rogério Cunha de Oliveira, ex-diretor de Óleo e Gás da empreiteira Mendes Júnior.

Ainda não há data marcada para a oitiva das testemunhas de defesa. Os réus somente passam pelo interrogatório depois de todas as testemunhas serem ouvidas.

O CASO

A denúncia tem como ponto de partida relatos dos dois principais delatores da Lava Jato: o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. Costa disse aos investigadores que autorizou a entrega de R$ 1 milhão para a campanha eleitoral de Gleisi a pedido de Paulo Bernardo.

Na denúncia, a PGR informa que Costa não se lembrava exatamente da situação – se tinha sido ou não uma solicitação feita diretamente a ele pelo marido da petista, que em 2010 era ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão. A PGR destaca, contudo, que Costa foi “seguro e categórico” ao afirmar que houve de fato o pagamento e que, de todo modo, o pedido teria partido de Paulo Bernardo.

Depois, um novo elemento ainda foi incluído pela PGR: uma agenda do ex-diretor da Petrobras apreendida no início da operação Lava Jato registrava as iniciais “PB” ao lado do número “0,1”. Costa esclareceu que o “código” significava “um milhão pago a Paulo Bernardo para a campanha eleitoral de Gleisi Hoffmann”.

O relato de Costa também foi corroborado pela delação do doleiro Alberto Youssef. Após admitir não se lembrar de detalhes – sua narrativa foi modificada mais de uma vez -, Youssef disse aos investigadores que entregou o dinheiro ao advogado Antonio Carlos Brasil Fioravante Pieruccini, que era parceiro de negócios do doleiro e hoje também colabora com a Lava Jato. Foi Pieruccini quem revelou detalhes aos investigadores do que teria sido a operação ilegal.

O advogado sustenta que pegou o dinheiro com Youssef, em São Paulo, e levou para Curitiba, entregando nas mãos do empresário Ernesto Kugler Rodrigues. Teriam sido quatro entregas de R$ 250 mil cada, em espécie. Pieruccini alega não se lembrar de todas as datas das entregas – apenas uma, em 3 de setembro de 2010 -, mas soube apontar todos os quatro locais onde ele teria se encontrado com o empresário. Rodrigues teria sido o responsável pela entrega do dinheiro à campanha eleitoral.

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