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Temer corre risco de ter o mesmo fim de Dilma, a cassação. | /
Temer corre risco de ter o mesmo fim de Dilma, a cassação.| Foto: /

Há pouco mais de um ano, o Brasil acompanhou a queda da presidente Dilma Rousseff, acusada de crime de responsabilidade por ter cometido pedaladas fiscais e assinado decretos suplementares que violavam a legislação. A petista, que nunca teve traquejo político, viu seu governo perder a sustentação no Congresso e acabou retirada da Presidência após um processo de impeachment que durou oito meses e meio. Seu vice-presidente a substituiu e agora é ele quem enfrenta uma grave crise. Apesar da recente perda de apoios, Michel Temer ainda conta com muitos aliados no Congresso. No entanto, não consegue reunir forças populares em sua defesa. Embora as duas crises possam ter o mesmo desfecho, muitos fatos as diferenciam.

Deflagração da crise

DILMA: A crise mudou de patamar em 4 de dezembro de 2015, quando o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de impeachment protocolado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal. Cunha reagiu ao perceber que não teria votos dos três petistas que compunham o Conselho de Ética da Câmara no processo que pedia a cassação de seu mandato.

TEMER: A crise foi deflagrada no último dia 17, quando jornal O GLOBO revelou que o dono da JBS, Joesley Batista, havia feito uma delação premiada e gravado o presidente dando aval a pagamentos do silêncio de Eduardo Cunha e ouvindo o relato do empresário de que estaria cooptando juízes e promotores da Lava Jato.

Primeiro ministro a abandonar

DILMA: Coube a Eliseu Padilha, então ministro da Aviação Civil e pessoa mais próxima do então vice Michel Temer, dar a ignição no processo de debandada formal de aliados. Padilha pediu demissão um dia depois de Eduardo Cunha aceitar o pedido de impeachment.

TEMER: O primeiro a sair após a delação da JBS foi Roberto Freire (Cultura), do PPS. Outros ministros cogitaram deixar suas pastas, mas grande parte dos partidos aliados se mantém em compasso de espera.

Primeiro partido a pular fora

DILMA: O primeiro partido a abandonar Dilma foi o PRB, que tinha o Ministério do Esporte, no dia 16 de março de 2016. Mas foi com a saída do PMDB, principal aliado de Dilma e partido do então vice, que a base aliada da petista começou a ruir. O rompimento foi selado por aclamação no dia 29 de março de 2016.

TEMER: Dono da sexta maior bancada da Câmara, o PSB reuniu sua executiva três dias após a deflagração do escândalo e decidiu, por unanimidade, o rompimento. O pilar da governabilidade do Planalto, no entanto, continua sendo o apoio do PSDB e do DEM, vistos como os ideólogos do projeto econômico do governo. Nas duas legendas, no entanto, há forte pressão pelo rompimento e seus dirigentes já avisaram que só garantem manter o apoio a Temer até o TSE julgar a chapa presidencial.

Os apoios

DILMA: Abandonada, à época, pelo próprio partido e por forças de esquerda, Dilma começou a fazer atos e discursos classificando a abertura do impeachment como um “golpe”. A narrativa reacendeu a militância petista e também de aliados de esquerda. Dilma promoveu eventos no Planalto para disseminar sua tese de ser vítima de um “golpe”, “inocente” e “honesta”, sendo processada por políticos “revanchistas” e “corruptos”. Alguns grupos de artistas, juristas e jornalistas também saíram em defesa da presidente.

TEMER: Ao contrário de Dilma, que contava com um inimigo político na presidência da Câmara, Temer tem no atual comandante da Câmara, Rodrigo Maia, um de seus mais importantes aliados. Além disso, o presidente possui, pelo menos em tese, uma base aliada bastante numerosa. Oficialmente, o governo ainda conta com 16 partidos aliados, que, juntos, somam 349 deputados.

As fraquezas

DILMA: Tinha interlocução falha com o Congresso, foro onde seu impeachment seria julgado. Parlamentares passaram os cinco anos de seu governo reclamando por não serem atendidos no Planalto. Além disso, o fracasso da política econômica do governo, que resultou numa grave crise e desemprego, a fizeram perder a confiança do mercado financeiro.

TEMER: Não obteve apoio popular. A aprovação de seu governo tem apenas um dígito: 9%. Ao encampar as reformas da Previdência e trabalhista, ganhou apoio do mercado, mas viu sua popularidade, que já era baixa, cair ainda mais. Setores da oposição ainda martelam o fato de Temer não ter sido eleito presidente. A população, portanto, não avalizou seu projeto de governo.

As acusações

DILMA: Crime de responsabilidade por ter editado decretos suplementares e feito pedaladas fiscais. Os decretos, que ampliaram as despesas, trouxeram um impacto na meta fiscal de 2015. Pela lei do impeachment, a petista teria infringido dispositivo da lei orçamentária ao abrir crédito sem fundamento em lei.

TEMER: Após a delação da JBS, o Supremo Tribunal Federal autorizou abertura de inquérito para investigar se o presidente praticou corrupção passiva, formação de quadrilha e obstrução à Justiça.

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