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| Foto: Luciano Coelho/Folhapress

A agenda oficial do Fórum Econômico Mundial, em Davos, tinha uma entrevista coletiva de Jair Bolsonaro (PSL) programada para as 13h desta quarta-feira (23). O presidente já havia sinalizado que não participaria do evento, mas s ministros Paulo Guedes (Economia), Sergio Moro (Justiça) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) concederiam a entrevista. No entanto, ela foi cancelada sem mais explicações cerca de 40 minutos antes de acontecer.

Nem a organização do evento foi informada sobre o cancelamento da coletiva: ficou sabendo junto com a imprensa, que já estava na sala aguardando os ministros para a entrevista. A sala, inclusive, estava preparada para a coletiva com quatro lugares -- do presidente e ministros -- e placas indicando o nome de cada um.

Oficialmente, a organização do fórum anunciou o cancelamento da entrevista 15 minutos após o horário em que deveria ter começado. Ao anunciar o cancelamento, os organizadores do Fórum disseram que não saberiam informar os motivos que levaram à não-realização da conferência e pediu aos jornalistas que obtivessem informação diretamente com o governo brasileiro. Alguns profissionais ainda seguiram na sala de imprensa e muitos estrangeiros -- portugueses, mexicanos, suíços, alemães e chineses -- questionaram os jornalistas brasileiros para tentar entender o que está acontecendo.

Após o cancelamento da coletiva oficial, havia um burburinho de que o presidente faria um pronunciamento do hotel em que está hospedado. Não há confirmação disso.

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O dia de Bolsonaro em Davos

Mais cedo, Bolsonaro se reuniu com o presidente da Suíça, Ueli Mauer, e com o ex-premiê britânico Tony Blair após almoçar com investidores e apresentar os prospectos para o Brasil. Em seguida, porém, ele tomou o caminho de volta a seu hotel em vez de se dirigir ao centro de imprensa, seria realizado o pronunciamento, seguido de entrevista.

O assessor da Presidência Tiago Pereira Gonçalves disse a repórteres que aguardavam o presidente no hotel que o cancelamento da entrevista coletiva se deu devido à “abordagem antiprofissional da imprensa”. Outros assessores, registra a GloboNews, alegam que o presidente precisa repousar porque será submetido à cirurgia para retirada da bolsa de colostomia no domingo (27) e sua agenda está muito sobrecarregada.

Na manhã desta quarta, Bolsonaro declarou em entrevista à agência Bloomberg que, se seu filho Flávio Bolsonaro for culpado no caso envolvendo movimentações atípicas em sua conta, ele pagaria por isso. Desde então, os jornalistas brasileiros têm insistido em perguntas sobre o caso ao presidente, que responde apenas com silêncio.

A assessoria de comunicação do presidente tentou organizar uma declaração antes do encontro bilateral com o premiê italiano, Giuseppe Conte, mas o brasileiro se recusou, alegando falta de tempo.É incomum que um chefe de Estado ou governo não dê nenhuma entrevista coletiva em Davos, evento visto como uma vitrine mundial para investidores.

“Respiradinha”

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, atribuiu à agenda pesada e o cansaço a decisão do presidente Jair Bolsonaro de cancelar pronunciamento. “A agenda é pesada. A diferença acaba influindo. Ele já não dorme muito bem, de muito tempo, não é de hoje. Se der uma chancezinha às vezes ele dorme no carro porque a programação é cansativa”, explicou o general, depois de o presidente ter retornado ao hotel.

Segundo Augusto Heleno, não “há nada além disso” com o presidente. O ministro disse que os encontros do presidente em Davos têm sido ótimos e almoço desta quarta foi bastante produtivo. “Não tem nada que possa ter levado ele a sair com pressa. Ele precisava dar uma respiradinha para continuar na programação”, disse.

O ministro negou também que o presidente tenha se sentido mal. “Sentiu nada. Você não viu a velocidade que ele saiu de lá. Essa velocidade não é de alguém que está sentindo alguma coisa. É de alguém que está se sentindo bem”, disse o general.

Heleno foi escalado para dar explicações depois de mais de uma hora de informações desencontradas sobre o cancelamento do pronunciamento do presidente.

Bolsonaro cancelou a coletiva, mas manteve a agenda que tinha com o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe. Em seu Twitter, Bolsonaro destacou o encontro e ressaltou a estratégia de aproximação com países que possam fortalecer “um processo econômico e social de bilateralidade”.

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A coletiva que não foi

A proposta desse evento era de que os ministros fariam um pronunciamento a partir das 13 horas (horário de Brasília) e, depois, o espaço seria aberto para perguntas. A duração total seria de uma hora.

Inicialmente, estava prevista a presença do presidente Jair Bolsonaro. A princípio, os ministros Paulo Guedes e Sérgio Moro dariam entrevista coletiva à imprensa e, na ocasião, Bolsonaro faria apenas uma declaração. Ele, porém, cancelou a participação, pouco menos de uma hora antes de começar a coletiva, sem explicar o motivo. 

O Palácio do Planalto não informou o motivo da desistência, apenas informou que “por enquanto, está suspensa a declaração”. A participação de Ernesto Araújo havia sido incluída após a desistência do presidente.

Na terça-feira (22), chamou a atenção o fato de Bolsonaro não ter falado com a imprensa após o seu discurso.  

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