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Plenário vazio da Câmara dos Deputados:  investigação ameaça andamento das reformas. | Lula Marques/Agência PT
Plenário vazio da Câmara dos Deputados: investigação ameaça andamento das reformas.| Foto: Lula Marques/Agência PT

No Congresso Nacional, o impacto das novas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), que atingem 42 deputados e 29 senadores, coloca em risco o ritmo da tramitação das reformas essenciais: Previdência, Política e Trabalhista.

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Os parlamentares se dividem sobre a velocidade com que essas reformas vão andar após o feriado. A divulgação da lista esvaziou corredores da Câmara e do Senado e os parlamentares que agora são investigados se recolheram. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que também é investigado, garantiu que os trabalhos não serão alterados pela chamada “lista de Fachin”.

“Vamos continuar com o mesmo ritmo de votações“, disse Rodrigo Maia à Gazeta do Povo nesta quinta-feira.

Maia é investigado em dois inquéritos. Ele teria recebido, entre 2008 e 2014, pouco mais de R$ 1 milhão para sua campanha e de seu pai, o ex-prefeito do Rio César Maia. E também por ter facilitado votação de uma medida provisória. O parlamentar nega as acusações.

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Dos deputados citados nas novas investigações do STF, 15 são integrantes dessas comissões especiais. E cinco estão em postos-chave, como presidente ou relatores.

Otimista, o presidente da Comissão da Reforma da Previdência, Carlos Marun (PMDB-MS), diz que está mantido o cronograma do texto do relator, que será apresentado na próxima terça. Apesar da convicção de Marun, ele chama os parlamentares investigados na Lava-Jato às suas responsabilidades.

“São apenas 42 deputados citados. Não é um percentual tão grande assim. E ainda está na fase de inquérito, haverá uma investigação. Seria muita irresponsabilidade para o Congresso agora em função disso. Não somos irresponsáveis”, disse Marun.

Líder da Maioria na Câmara, Lelo Coimba (PMDB-ES) disse que a Casa vive uma paralisia após a divulgação da lista e estima que esse ambiente pode durar até duas semanas. A lista apareceu e o quórum de votação no plenário evaporou na tarde da última terça. Coimbra acha fundamental votar todas as reformas ainda nesse primeiro semestre.

“Não bastasse a lista, estamos vendo agora a divulgação dos vídeos, das imagens dos depoimentos dos delatores. Impacta mais ainda. E gera uma indignação na sociedade. Incomoda. É um revés na classe política. Mas essa lista já estava sendo esperada desde outubro do ano passado. E, após tudo revelado, a tendência é diminuir essa pressão. Todos vão começar a se defender e os casos são distintos”, disse Coimbra, cuja preocupação maior não é a Câmara.

“Não sei como está o ambiente no Senado, onde um terço dos senadores foram atingidos”, completou o peemedebista.

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Para o senador Alvaro Dias (PV-PR) não há clima para votar as reformas nesse momento. Ele disse que o presidente Michel Temer terá que atuar com muita habilidade para aprovar as mudanças nessas áreas estratégicas para a melhoria da economia.

“A lista mexe com todo cenário e joga muita pressão no Congresso Nacional”, disse Dias. “A suspensão dos trabalhos não contribui nesse momento de esquizofrenia no Congresso. Há um prejuízo nas tramitações das reformas, o que vai exigir do presidente Temer um esforço maior. Ele terá que superar suas próprias limitações para comandar as reformas, que são imprescindíveis. Mas o momento é de risco. Risco de sepultarmos as boas ideias”, afirmou o senador.

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O deputado Paulinho da Força (SD-SP), que também é investigado, integra três comissões que envolvem as reformas, a Política, Trabalhista e Previdenciária. Ele disse que o fato de estar na “lista de Fachin” não o intimida e que não vai deixar de trabalhar por essa razão.

Seu entendimento é de que, com a pressão da Lava Jato, agora é que o governo vai querer apressar as votações. Paulinho da Força, como é conhecido, é contra a tramitação simultânea de todas as reformas.

“Acho que a lista não muda muito, não. Até acelera a votação. O governo agora vai querer atropelar. Precisamos, nós sindicalistas, ficarmos atentos ou corremos o risco de ser atropelado. A reforma trabalhista está acabando com o imposto sindical e propondo a livre negociação entre patrão e empregado. Ora, como negociar se não teremos os recursos do imposto sindical? Como negociar sem dinheiro?”, disse.

Os cinco deputados investigados agora na Lava Jato e que estão em postos de comando em comissões de reforma são: Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), presidente da comissão da reforma política; Daniel Vilela (PMDB-GO), que preside a reforma trabalhista; Arthur Maia (PPS-BA), relator da reforma da Previdência; Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política; e Júlio Lopes (PP-RJ), 2.º vice-presidente da comissão da reforma da Previdência.

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