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| Foto: ANDRESSA ANHOLETE/AFP

Nenhum político com pretensões eleitorais foi tão atingido pela delação de Joesley Batista quanto Aécio Neves (PSDB-MG). O senador afastado cumpre uma espécie de ‘prisão domiciliar’, mesmo sem estar condenado. Não sai de casa, não viaja a Minas Gerais (nem ao Rio de Janeiro), a irmã está presa, seu ainda mandato expira ano que vem e foi flagrado em grampos com diálogos pouco republicanos.

Variou, em pouco mais de dois anos, de quase presidente da República à mais indesejável companhia.

Se vier a ser preso, será a pá de cal. Se não for, não terá salvado sua pele. O “mineirinho”, como aparece na lista da Odebrecht, ainda “detém” o recorde de pedidos de investigação no STF, cinco ao todo. Um legado que o avô Tancredo Neves reprovaria.

Leia mais: Aécio será preso? Primeira Turma do STF julga pedido de Janot nesta terça

Dono da confiança de 51 milhões de eleitores no segundo turno das eleições presidenciais de 2014, Aécio vê seus 48,36% dos votos válidos evaporarem. O tucano pontua menos de 10% nas pesquisas de intenção de voto atuais, em pesquisa que ainda não aferiu o estrago JBS.

Em dezembro de 2015 – auge da crise do governo do PT com admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff - o tucano atingia 25% das pessoas consultadas em sondagens eleitorais.

Caso o STF acolha o pedido de prisão de Aécio, feito pelo procurador Rodrigo Janot, o Senado ainda precisa chancelar a decisão. Os parlamentares devem se reunir no plenário para avaliar se ele ficará mesmo preso ou não, conforme prevê a Constituição Federal.

Mas, além da prisão, Aécio enfrenta outra batalha no Senado Federal. Nesta terça-feira foi aberto o prazo de cinco dias úteis para que o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto Souza (PMDB-MA) se manifeste sobre se aceita ou não uma representação contra o tucano apresentada pela Rede e pelo PSOL. Se aberto, o processo pode levar à cassação do senador.

A representação contra Aécio chega com um mês de atraso no colegiado. Inicialmente, a demora ocorreu para que o grupo reconduzisse Souza à presidência. Depois, o senador e afastou por alguns dias por licença–médica. Essa deve ser a postura dos parlamentares que aguardam o desdobramento do julgamento do STF antes de analisar o pedido de cassação.

Souza já afirmou na segunda-feira (19) que vai aguardar a decisão da Primeira Turma do Supremo antes de decidir sobre o processo no Conselho de Ética. Os senadores tendem a evitar declarar apoio à prisão e à cassação de Aécio para não comprometer ainda mais situação do tucano. Perguntado sobre o assunto, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) desconversou.

O Palácio do Planalto também tem atuado para garantir que o tucano não seja punido pelo Senado, já que Aécio é um dos principais defensores nos bastidores da permanência do PSDB na base do governo.

Após a divulgação da abertura do prazo de análise da admissimibilidade do processo no Conselho de Ética, Aécio voltou a se defender: “a defesa do senador reafirma que não houve qualquer afronta ao decoro parlamentar já que se tratou de empréstimo entre pessoas privadas, sem uso de dinheiro público e sem qualquer tipo de contrapartida por parte do senador. Por isso, a defesa entende que a ação deverá ser desconsiderada pelo Conselho de Ética”, disse nota divulgada pela defesa do tucano.

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