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 | Ricardo Stuckert/Divulgação
| Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Ibope divulgado nesta terça-feira (18)* mostra o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), com 19% das intenções de voto. O petista cresceu 11 pontos desde a última pesquisa, divulgada na semana passada. Se comparado com o percentual que tinha na pesquisa de 20 de agosto, o crescimento foi de 15 pontos. Com o crescimento, Haddad está consolidado no segundo lugar da disputa, atrás do capitão da reserva Jair Bolsonaro (PSL), que oscilou apenas dois pontos – dentro da margem de erro – da semana passada para cá, passando de 26% para 28%. Desde agosto, Bolsonaro cresceu 8 pontos. 

Pelo menos cinco fatores ajudam a explicar o crescimento das intenções de voto em Haddad:

1) Transferência de votos

Desde que foi registrado como candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT), já era esperado que Haddad virasse o candidato principal do partido. Isso porque, mesmo com Lula preso e inelegível, o PT registrou a candidatura do petista à presidência. O partido esperava manter Lula na disputa o máximo possível. Tanto que só oficializou a candidatura de Haddad no limite do prazo estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao barrar a candidatura de Lula

A candidatura de Haddad, inclusive, foi lançada em frente à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula está preso. O PT também aposta em uma estratégia de usar a imagem de Lula na propaganda eleitoral, reforçando a mensagem de que Haddad é o candidato do ex-presidente. Conforme os dias vão passando, a mensagem fica mais clara na cabeça do eleitor que ficou órfão de Lula. 

2) Fato novo

Enquanto todos os candidatos estão em campanha desde, pelo menos, o início deste ano, Haddad só começou a campanha para valer no último dia 11 de setembro, portanto há uma semana. A candidatura petista passou a ser a novidade da eleição. Como só virou candidato agora, Haddad também só está sendo alvo de ataques dos adversários nesse momento, enquanto os demais candidatos estão tentando se sobrepor uns aos outros há mais tempo. 

Os candidatos a presidente melhor colocados nas pesquisas foram entrevistados no Jornal Nacional na semana de 27 a 31 de agosto. Como Haddad só oficializou a candidatura na semana passada, a entrevista dele ao Jornal Nacional foi na sexta-feira (14) – e ele se saiu relativamente bem. Com isso, ganhou mais destaque na mídia e o eleitor, que assistiu às entrevistas dos demais candidatos, não tinha o desempenho dos adversários de Haddad frescos na memória para fazer comparações. 

A presença de Manuela D’Ávila (PCdoB) como vice de Haddad também passa a impressão de renovação a parte do eleitorado, por formarem uma chapa mais jovem do que os demais candidatos. 

3) O Nordeste

Reduto de votos para Lula, o Nordeste tem sido destino frequente de Haddad nesta eleição. O ex-prefeito de São Paulo, que não é conhecido amplamente no Nordeste, tem buscado mostrar a cara na região para conquistar os votos que iriam para o seu padrinho político. O Nordeste é importante para Haddad, também, para evitar o crescimento do candidato Ciro Gomes (PDT), ex-governador do Ceará. 

Durante as visitas, Haddad faz questão de falar sobre sua proximidade com Lula e resgatar o legado petista, que beneficiou majoritariamente a população dessa região. Além disso, Haddad conta com muitos aliados do PT nos estados nordestinos, concorrendo aos governos estaduais. Esses candidatos são importantes, pois atuam como cabos eleitorais para o ex-prefeito de São Paulo. 

4) Dinheiro e tempo de TV

A máquina do PT para fazer campanha também ajuda a explicar o crescimento de Haddad. O PT tem o segundo maior tempo para fazer campanha no horário eleitoral gratuito: são 2 minutos e 23 segundos por bloco do programa eleitoral, que vai ao ar duas vezes por dia, três vezes por semana. Enquanto isso, candidatos que brigavam pelo segundo lugar, como Ciro Gomes e Marina Silva (Rede), têm, respectivamente, 38 segundos e 21 segundos. 

O PT também tem mais dinheiro para gastar na campanha. O partido conta com 12% do dinheiro distribuído entre as legendas para a campanha deste ano – o segundo maior fundo. São R$ 212 milhões para dividir entre os candidatos a governador, senador, deputados e presidente. 

5) Deslizes de Ciro

O principal candidato da esquerda com chances de chegar ao segundo turno e derrotar Bolsonaro parecia ser Ciro Gomes (PDT), mas o ex-governador do Ceará estacionou nas últimas pesquisas Ibope. O pedetista é conhecido por seu temperamento explosivo, mas vinha tentando manter um tom mais moderado na campanha. Até que, neste final de semana, xingou e deu um empurrão em um homem durante entrevista em Boa Vista (RR). Esse episódio, somado a outros, o afastou ainda mais do eleitorado. Melhor para Haddad, que deixou o político cearense para trás.

Metodologia do Ibope

*Pesquisa realizada pelo Ibope de 16 a 18 de setembro de 2018 com 2.506 entrevistados em todo o Brasil. Contratada por: Rede Globo e jornal O Estado de S. Paulo. Registro no TSE: BR-09678/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.

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