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Com o anúncio do bloco formado pelos partidos de centro – PP, DEM, PR, PRB e SD – de apoio à candidatura do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), os demais postulantes ao cargo de presidente da República ficaram com poucas opções para formar alianças. A possível coligação em torno do tucano vai garantir mais de 4 minutos e meio de tempo de TV (38% do total), além de mais dinheiro e mais cabos eleitorais espalhados pelo país em prol da candidatura Alckmin.

A distribuição de tempo de TV e do Fundo Eleitoral público entre os partidos é feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) através de critérios como o tamanho da bancada das legendas no Congresso. Para se ter uma ideia, juntos, os partidos do Centrão têm nas mãos 25,3% do total de recursos divididos entre as agremiações. Somando com a fatia do PSDB, o grupo detém 36,2% do fundo. O partido que mais vai receber recursos individualmente é o MDB (13,6% do total fatiado), que ainda pode se juntar ao Centrão no apoio a Alckmin.

Em relação ao tempo de TV, os partidos do Centrão estão entre os 12 que mais têm tempo para somar às candidaturas. Fora essas legendas, os partidos com mais tempo de TV são PT, MDB, PSD, PSB, PTB e PDT.

Com DEM, PP, PR, PRB e SD comprometidos com Alckmin, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL) e o candidato do PT terão de correr para fechar alianças que tornem suas campanhas competitivas. “Talvez só com partidos pequenos, não vejo eles em uma grande coligação”, diz o cientista político Márcio Coimbra. “O que vai sobrar para eles é o discurso. Todos vão ter o discurso de não estar carregando o peso do governo Michel Temer nas costas”, completa Coimbra.

Para o cientista político Paulo Kramer, o apoio negociado por Alckmin o deixa bem posicionado para quando começar a propaganda em rádio e TV. “Essa etapa analógica é importante porque corresponde ao rádio, a TV e aquela política tradicional do boca a boca, do corpo a corpo, a influência capilar dos cabos eleitorais, dos prefeitos, vereadores, líderes comunitários, influenciadores locais e por aí vai”, explica.

O xadrez político das coligações

Desde a última sexta-feira (20), os partidos começaram a realizar suas convenções e definir o rumo das legendas para chegar às urnas. O PDT lançou a candidatura do ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, à Presidência sem nenhum apoio expressivo. O partido negociava com o Centrão e levou uma rasteira às vésperas da convenção. Agora, o PDT tenta atrair o apoio do PCdoB e do PSB para tentar dar musculatura à campanha de Ciro.

No domingo (22), foi a vez do PSL lançar Jair Bolsonaro candidato a presidente, também sem nenhuma legenda aliada por enquanto. O capitão da reserva chegou a negociar com o PR – que acabou migrando para a candidatura de Alckmin – e com o PRP, sem sucesso.

O Podemos, do pré-candidato Alvaro Dias, estuda uma coalizão com o PRTB de Levy Fidelix e com o PSDC, de José Maria Eymael, além do PTC. Alckmin ainda pode atrair o PSD e o MDB para sua coligação, caso o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não seja confirmado candidato.

Outro que está caminhando sozinho por enquanto é a Rede de Marina Silva. O PSB ainda se divide entre disputar a presidência com um candidato próprio, ficar neutro na disputa ou apoiar o PT ou Ciro Gomes. O PCdoB prega união em torno de um único candidato da esquerda e não sabe se vai para o lado do PT ou de Ciro. Já o PSOL decidiu lançar a candidatura de Guilherme Boulos, sem nenhuma coligação. O PT ainda tenta atrair o PROS.

“Vamos ver o que sobra aí, vai ficar uma xepa da feira”, aposta Kramer. “Partidos minúsculos e com pouco tempo de TV se coligando”, explica o cientista político. Ele também acredita que o MDB deve abandonar a ideia de lançar a candidatura de Meirelles. “Acredito que o próprio MDB também tenderá a ser sugado por essa força gravitacional do Centrão em relação ao Alckmin”, aposta.

Sem tempo de TV, candidatos vão ter que apostar em campanha digital

Para Kramer, sem tempo de TV que torne as candidaturas competitivas, os candidatos terão que caprichar na mensagem e apostar na campanha digital. A situação é mais crítica para Bolsonaro, Ciro e Marina, que têm partidos com pouco dinheiro e pouco tempo de TV.

“Se sobrarem poucos aliados e pouco tempo de TV vai restar a eles formatarem a seguinte mensagem: o Alckmin está agrupando o Centrão herdeiro do Eduardo Cunha. Ele agora virou pai adotivo dos filhos de Cunha”, ressalta o cientista político.

Kramer se refere ao ex-presidente da Câmara de Deputados, hoje preso e condenado na operação Lava Jato, Eduardo Cunha. O ex-parlamentar foi o responsável por aglutinar os partidos de centro em prol do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O grupo, mesmo depois da cassação e prisão de Cunha, acabou sendo a base de sustentação do governo Michel Temer (MDB), livrando o presidente de duas denúncias criminais apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e garantindo número suficiente para aprovação de reformas propostas pelo governo.

“Esses outros candidatos também deverão intensificar sua propaganda digital”, aconselha Kramer. Jair Bolsonaro chegou a dizer que não precisava de tempo de TV, pois tinha influência suficiente nas redes sociais para fazer sua campanha. Mas o deputado tem tido dificuldades para chegar ao público nessas plataformas. Isso porque o Facebook decidiu recentemente limitar o alcance de posts de páginas e dar preferência ao conteúdo pessoal produzido por usuários da rede social.

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