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| Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Um provável desencanto com a política e com os políticos "profissionais" abriu um vácuo e um espaço para que esse universo fosse frequentado por seres de outros metiês. O que se viu nos últimos meses foi um desfile de nomes de celebridades da TV, do esporte e do Judiciário surgirem como alternativas. Alguns desses "outsiders" apareceram, mas também sumiram. Desistiram da política sem ter entrado nela. Ao menos ter experimentado o "sentimento" das urnas.

A lista dos que chegaram a colocar a cabeça para fora, se filiaram até a partidos políticos, mas que na "hora H" recolheram suas armas já é gorda. Listamos: Luciano Huck, Joaquim Barbosa, Bernardinho, Ronaldinho Gaúcho e, agora, José Luiz Datena. Todos, aparentemente e numa análise primeira, bons de votos. Ainda que nunca testados. 

Não sabemos se eles seriam solução para o país, mas para as pretensões dos políticos profissionais, sim, que viam neles uma espécie de pote de ouro para assegurar votos e suas reeleições. E voto hoje é igual a dinheiro. Quanto mais votos, maior o volume de recursos de fundos partidário e eleitoral. Essas celebridades são puxadores de votos. Se iriam ganhar, é outra história. 

Esses cinco citados são filiados a cinco partidos distintos. E não disputariam cargos quaisquer. Tinha ali dois pretensos postulantes à Presidência da República - Huck (PSDB) e Barbosa (PSB) -, a governo do Rio - Bernardinho (Novo) - e dois ao Senado - Datena (DEM) e Ronaldinho Gaúcho (PRB). 

O ensaio de cada um deles em entrar na política e a desistência tem cenas comuns: criaram suspense, idas e vindas e geraram frustrações. Outro ponto que os une é a razão da desistência: a interferência e o peso da família de cada um. Em suma, foram alertados por pais, cônjuges e filhos que "política é uma roubada". 

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Esse é o entendimento do cientisto política Paulo Kramer. Para ele, esses desistentes, conforme aprofundavam conversas com os dirigentes de seus partidos e iam conhecendo melhor os quadros de suas legendas, repensavam. 

“Essas pessoas viram que a política é jogo para profissionais. E um jogo que ficou muito mais complicado nessa conjuntura na qual os políticos estão sendo repudiados de forma universal pela população. Viram que não seria fácil”, diz Kramer. 

Para o especialista, pode ter pesado também a percepção de que a renovação na política será baixíssima, em especial no Congresso Nacional. 

“Viram, por exemplo, que o fundo partidário e eleitoral, de recursos, está todo concentrado nas mãos dos caciques políticos, que controlam a máquina e que não estão interessados assim em renovação. O que os partidos viram nesses nomes é garantia de votos para se manterem também”, afirma. 

O papel das redes sociais e a rapidez da circulação de informação, em especial da negativa, é outro fator que contribui para ninguém de outra área, e bem sucedidos que são, se meter na política eleitoral. 

“As reputações estão sendo facilmente destruídas hoje nessas redes. Diria que no mundo analógico era mais difícil. Hoje, nessa loucura digital, as imagens estão sendo maculadas com rapidez. Esses novatos, com certeza, ficaram preocupados com isso também. Claro que cada um tem uma história pessoal por trás e particular. Para quê o Joaquim Barbosa vai abandonar uma carreira de parecerista e palestrante, bem sucedida, para tentar ser presidente? Por quê Luciano Huck e Datena, que estão entre os maiores salários da TV brasileira, iria entrar nisso. Por melhores que sejam suas intenções, perceberam que o jogo é pesado. E foram alertados por parentes. Assim que vejo.”

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