A divisão interna entre os advogados que compõem a equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em alerta a direção do PT. Integrantes da cúpula petista temem a saída do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence da equipe depois de desentendimentos com o advogado Cristiano Zanin Martins.
Sepúlveda – contratado por ter bom trânsito nas cortes superiores – quer conversar com Lula pessoalmente antes de decidir se continua ou não na defesa do petista. O ex-ministro teria se sentido desautorizado por Zanin e pelo próprio Lula no caso do pedido de prisão domiciliar para o ex-presidente feito ao STF. Segundo petistas, Sepúlveda fez o pedido sem consultar a equipe, o que enfureceu Zanin por contrariar a estratégia política/jurídica de não aceitar decisão que não seja pela inocência de Lula.
Na quinta (29), o ex-ministro Eugênio Aragão, outro membro da defesa do ex-presidente, disse que não tem cabimento o pedido apresentado por Pertence porque, a seu ver, nada justifica a detenção do ex-presidente. O artigo 319 do Código de Processo Penal, na qual se basearia, serve para a prisão preventiva, “não para uma inconstitucional antecipação de pena”, afirmou Aragão. “O que tem que fazer com Lula é assumir isso na integridade. Lula não tinha nada que estar preso. Ele está preso por capricho”, completou.
Vaivém
O desentendimento entre os advogados ficou evidente quando veio a público o pedido de prisão domiciliar, feito por Pertence em 21 de junho e confirmado no mesmo dia pelo deputado federal Wadih Damous (PT-RJ). Horas depois, Zanin distribuiu à imprensa uma nota negando o pedido. “O ex-presidente Lula está pedindo nos recursos dirigidos aos Tribunais Superiores o restabelecimento de sua liberdade plena porque ele jamais praticou qualquer ato ilícito”, dizia o texto. “A defesa de Lula não apresentou ao STF ou a qualquer outro Tribunal pedido de prisão domiciliar.”
A advogada Valeska Teixeira Martins, sócia e mulher de Zanin, negou que haja crise na defesa de Lula. O principal temor dos petistas é de que as divergências entre os advogados prejudique a defesa do ex-presidente justamente no momento em que o STF pode julgar os recursos que pedem a libertação do petista.
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