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A ministra e presidente do TSE, Rosa Weber, cercada pelos ministros Luis Roberto Barroso, vice do TSE, e Dias Toffoli, presidente  do STF, durante entrevista coletiva após o primeiro turno. | Valter Campanato/Agência Brasil
A ministra e presidente do TSE, Rosa Weber, cercada pelos ministros Luis Roberto Barroso, vice do TSE, e Dias Toffoli, presidente do STF, durante entrevista coletiva após o primeiro turno.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“Rosa Weber [presidente do Tribunal Superior Eleitoral] sabia do tamanho da repercussão e impacto que as fake news poderiam causar na eleição deste ano”. A afirmação é de um dos ministros da Corte Eleitoral com quem a Gazeta do Povo conversou nesta sexta-feira (19). Ele continua: “Ela preferiu ignorar o assunto, isolar-se dos colegas da Corte, impedi-los de falar sobre o pleito. No fim, precisou de ajuda de fora, criou uma crise interna e enfraqueceu a instituição.”

A avaliação é compartilhada por outros colegas. A reportagem conversou entre quinta (18) e sexta (19) com quatro ministros do TSE, após a reportagem da Folha de S.Paulo que revelou um suposto esquema de envio em massa de notícias pelo WhatsApp contra a campanha presidencial petista. Nesta sexta à noite, o ministro Jorge Mussi determinou abertura de uma investigação sobre o caso.

“Ela [Rosa Weber] foi alertada [sobre as fake news], mas preferiu se isolar, não agir. Na véspera da eleição, caiu a ficha. Sua estratégia tinha ido por água abaixo. As fake news mostraram a força. Ela se sentiu insegura, convocou reforço. Agora, está cercada por gente de fora do tribunal e não fala com a população, para o cidadão comum. Apequenou o TSE e criou uma crise institucional”, afirmou um outro ministro.

Servidores insatisfeitos

Não são apenas eles que reclamam da condução de Rosa. Pelos corredores e salas de vários andares do TSE, encontra-se servidores insatisfeitos. O clima, que já estava tenso desde o final do primeiro turno, teve seu clímax ontem.

A presidente do TSE pediu que os ministros não falassem sobre o pleito. “Argumenta que os discursos podem ficar desencontrados, confundir as pessoas”, relatou mais um deles.

Outro foi além: “Fomos excluídos do processo, enquanto uma equipe que não faz parte da Justiça Eleitoral foi colocada aqui dentro”.

Mais que visitantes

No fim de semana do primeiro turno, aumentaram os boatos sobre a insegurança e falha do sistema de urnas eletrônicas. Eram as fake news se espalhando com mais força. Dentro do tribunal, pessoas que acompanham o grupo de combate às notícias falsas alertaram a ministra sobre o tamanho que a coisa estava tomando.

“No domingo (6), ela ficou insegura. Pediu reforços do Supremo [Tribunal Federal], da [Raquel] Dodge, do Ministério da Segurança Pública. E então decidiu-se pela formação dessa força tarefa”, contou um dos ministros que falou com a reportagem.

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Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann tem assumido a frente de algumas reuniões internas e até de conversas com a imprensa. Inclusive, sua ausência nesta sexta-feira (19) teria, conforme informações que corriam pelos corredores do tribunal, motivado o adiamento de uma entrevista coletiva na qual se falaria sobre as acusações levantadas pela reportagem da Folha, para domingo (21).

Também devem estar presentes na ocasião o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), general Sérgio Etchegoyen, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, e o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Rogério Galloro. Além, claro, de Rosa Weber.

O grupo se reúne todos os dias desde a última segunda (15) e o fará até o próximo domingo (28). A ideia é monitorar grupos responsáveis por divulgação de notícias falsas que estão sendo investigadas pela Polícia Federal.

Começou com Gilmar

A primeira força tarefa contra as fake news foi formada no TSE em dezembro do ano passado pelo então presidente da Corte, Gilmar Mendes. Luiz Fux, que assumiu o comando do tribunal em fevereiro, fez do assunto sua principal pauta.

Em 14 de agosto, ao tomar posse, Rosa falou em “continuidade administrativa como diretriz do nosso agir”. Logo em seguida, mencionou as fake news. O único momento em que o fez:

“Das mãos competentes de Sua Excelência, recebo a administração deste Tribunal. Pavimentou o ministro Luiz Fux, com sua equipe, de forma atenta e minuciosa, o caminho a ser trilhado nestas eleições, incansável no combate às fake news, aspecto dos mais deletérios e preocupantes na guerra à desinformação”. Muito falou sobre urna eletrônica e Identificação Civil Nacional (ICN).

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Desde que Rosa assumiu, o grupo criado para combater as fake news se reuniu pela primeira vez apenas na semana passada.

Procurada, a assessoria de imprensa do TSE não retornou os questionamentos da reportagem sobre os pedidos da ministra para que os colegas não se posicionem no pleito, nem sobre a convocação de reforços no combate às fake news.

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