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Durante o interrogatório ao juiz federal Sergio Moro nesta quarta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou várias farpas com o representante do Ministério Público Federal (MPF). Lula desafiou o MPF a apresentar provas de que o tríplex no Guarujá realmente pertence a ele.

“Nunca solicitei e nunca recebi apartamento. Eu imaginei, ou imagino que o Ministério Público a hora que for falar, vai apresentar as provas. Ele deve ter pelo menos algum documento que prova o direito jurídico de propriedade para poder dizer que é meu o apartamento”, desafia Lula.

Lula diz a Moro que nunca teve intenção de comprar o tríplex

Para lula, a investigação do MPF foi uma criação a partir de reportagens da imprensa. “Essa acusação é baseada em denúncias de imprensa. Todo esse processo está subordinado à Época, Globo, Veja. Na verdade, o Ministério Público está prestando contas a esses órgãos de imprensa”, acusou.

O ex-presidente disse, ainda, que só soube dias depois que sua falecida esposa, a ex-primeira dama Marisa Letícia, teria visitado o imóvel. “Eu nem sabia que tinha tido a visita, doutor. Não sei se o senhor tem mulher, mas nem sempre elas perguntam pra gente o que vão fazer”, disse Lula.

Lula também discutiu com um dos procuradores ao ser perguntado sobre o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari – a questão era se o ex-presidente chegou a questionar Vaccari sobre o envolvimento dele na Lava Jato. “Eu aprendi com vocês, advogados, que todo mundo é inocente até provar que ele é culpado. Portanto, o Vaccari era tratado por mim como um dirigente nacional do Partido dos Trabalhadores e eu não conversava de finanças de PT porque eu não era da direção do PT, ponto”, respondeu Lula.

Depois que o procurador insistiu na pergunta, Lula se irritou. “Não importa se eu perguntei ou não, ele sempre negou. Negou pela imprensa, negou publicamente, negou para o PT”, disse.

“Estou perguntando especificamente se o senhor conversou com ele sobre isso”, respondeu o procurador.

“Veja, sinceramente não interessa se eu perguntei ou não”, retrucou o ex-presidente.

“O senhor não gostaria de responder então?”, questionou o procurador.

“Não é que eu não gostaria de responder, é que o Vaccari não devia explicações a mim. Ele era da executiva nacional do PT e eu não era. Ele era tesoureiro do PT e eu não era. O PT não tinha que prestar contas para mim das suas finanças”, diz Lula.

“Eu entendi a sua linha de argumentação, mas é uma pergunta objetiva, senhor presidente, com todo respeito. O senhor chegou a conversar com ele sobre isso?”, insiste o procurador do MPF.

“Deixa eu acabar a nossa polêmica aqui. Vamos dizer que eu perguntei e ele disse que não”, disse Lula. “Espero que não seja por essa resposta minha que eu seja condenado”, ironizou o ex-presidente.

O clima foi tenso durante as quase cinco horas de depoimento. Em diversos trechos, Lula aparece irritado com as perguntas de Moro e do Ministério Público.

Entenda o caso

Segundo a acusação do Ministério Público Federal (MPF), Lula teria recebido “benesses” da empreiteira OAS – uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras - em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários). O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira. Os procuradores da Lava Jato acusam na Justiça Lula de ser o verdadeiro dono do tríplex que estava em reforma.

O interrogatório é um dos últimos passos do processo. Depois de ouvir todos os réus, Moro deve abrir prazo para apresentação de alegações finais para o MPF e para as defesas dos réus do processo. Além de Lula, também respondem no processo o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e outros quatro executivos da OAS.

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