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| Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil/Agência Brasil

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou uma nota, na manhã desta quinta-feira (15), mudando completamente de discurso. Anteriormente, FHC teria dito que a antecipação das eleições seria um ‘golpe’, porém, agora afirma que esse seria um gesto de grandeza do presidente Michel Temer (PMDB).

A tese das eleições antecipadas é uma bandeira levantada pelos partidos de esquerda, nunca antes cogitada pelo PSDB. A nota surge na mesma semana em que os tucanos afirmaram que continuarão no governo, mesmo contrariando boa parte do partido.

No texto, FHC diz ainda que se a situação política do país continuar como está, não há motivos para o PSDB continuar no governo. “Se tudo continuar como está com a desconstrução continua da autoridade, pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo mais como o PSDB possa continuar no governo”, declarou.

Outro ponto levantado pelo ex-presidente na nota é de que os partidos precisam pensar no país e não em seus próprios interesses neste momento. Entretanto, não se posiciona como o PSDB deveria agir neste momento.

Confira na íntegra a nota:

“A conjuntura política do Brasil tem sofrido abalos fortes e minha percepção também. Se eu me pusesse na posição de presidente e olhasse em volta reconheceria que estamos vivendo uma quase anomia. Falta o que os políticólogos chamam de ‘legitimidade’, ou seja, reconhecendo que a autoridade é legítima consentir em obedecer.

A ordem vigente é legal e constitucional (dai o ter mencionado como “golpe” uma antecipação eleitoral) mas não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto.

É diante desta perspectiva que os partidos, pensando no Brasil, nas suas chances econômicas e nos 14 milhões de desempregados, devem decidir o que fazer.

A chance e a cautela a que me refiro derivam de minha percepção da gravidade da situação. Ou se pensa nos passos seguintes em termos nacionais e não partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o desconhecido.

A responsabilidade maior é a do Presidente que decidirá se ainda tem forças para resistir e atuar em prol do país.

Se tudo continuar como está com a desconstrução continua da autoridade, pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo mais como o Psdb possa continuar no governo.

Preferiria atravessar a pinguela, mas se ela continuar quebrando será melhor atravessar o rio a nado e devolver a legitimação da ordem à soberania popular.

É este o sentimento que motiva minhas tentativas de entender o que acontece e de agir apropriadamente, embora nem sempre no calor dos embates diários e de declarações dadas às pressas tenha sido claro nem sem hesitações.”

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