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| Foto: Andressa Anholete/AFP

A oposição na Câmara dos Deputados já definiu sua estratégia para a sessão que vai definir o destino do governo Michel Temer nesta quarta-feira (25). Em desvantagem nessa disputa, os opositores vão tentar adiar a votação para prolongar a “sangria” do presidente. Eles não vão registrar presença no plenário em um esforço para impossibilitar o quórum mínimo de 342 deputados, condição na qual o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai iniciar a votação pelo arquivamento da segunda denúncia criminal contra Temer.

Já o governo está jogando todas suas fichas em resolver esse assunto ainda nessa quarta. E apresentou uma proposta "diferente" aos aliados que não querem dar a cara a favor de Temer ou para algum parlamentar que conseguiu virar o voto. Ministros do Planalto e líderes governistas estão pedindo que esses parlamentares ao menos marquem a presença no painel e deixem o plenário se não desejarem votar. O governo tem a certeza, e dificilmente será diferente, de que a oposição terá os 342 votos para derrotar o parecer do relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG). 

"O governo está premiando até mesmo o deputado que marque a presença, para atingir os 342 votos e se iniciar a votação. E que depois vá embora. O tempo nos favorece", disse a deputada oposicionista Jandira Feghali (PCdoB-RJ). 

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A ideia do governo, inicialmente, era tentar colocar esses 342 votos o quanto antes e encerrar essa história. Mas dificilmente conseguirá. A tática da oposição é não marcar presença. A ideia de partidos como PT, PCdoB, Rede, PSOL e PDT é que, no máximo, dois parlamentares de cada legenda discursem. O simples discurso já significa registro de presença. E a orientação, então, é que as outras dezenas de deputados dessas legendas não peçam para falar. 

"A oposição está no esperneio de sempre. Como ocorreu na primeira denúncia. Vieram com essa estratégia de não dar presença e acabou que se chegou ao quórum dos 342 para iniciar a votação. E perderam. Como vão perder de novo", disse o governista Darcisio Perondi (PMDB-RS). 

Perondi defende a punição para deputado da base que não votar a favor do parecer de Andrada. "Se é da base tem que votar conosco. Do contrário, não tem razão de ter benesses e não ter compromisso algum com o governo do Michel". 

Nesta terça-feira (24), Silvio Costa (Avante-PE) fez um discurso no plenário realista. "Nós sabemos que não temos os 342 votos para derrotar o governo. O que temos que fazer é tentar adiar essa votação. Não vamos dar quórum. Agora, se vermos no painel que já estão registradas as presenças dos 342 para começar a votação, aí sim, registramos as nossas. É a realidade", disse. 

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Um líder governista, que pediu para não ser identificado, falou abertamente da negociação para se ter os votos necessários. "O jogo é esse. Olha o desgaste do governo com essa portaria do trabalho escravo! Não dá para recuar. Refis, emendas, cargos...É tudo do jogo. E não fomos os primeiros a fazer isso", disse ele.

Entenda o rito de votação

A Câmara vai repetir nesta quarta-feira o mesmo rito da votação em plenário da primeira denúncia contra Temer. A sessão de apreciação da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) começará às 9 horas, mas a votação com chamada nominal no microfone só acontecerá quando o quórum alcançar 342 parlamentares presentes.

O quórum mínimo de abertura da sessão é de 51 deputados, mas a Ordem do Dia se iniciará com 52 presentes. O primeiro a falar será o relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que terá até 25 minutos para defender o seu parecer. Os advogados de defesa também poderão se manifestar pelo mesmo tempo dado ao tucano.

Parlamentares inscritos para discussão do relatório poderão falar por até cinco minutos, alternando entre contrários e favoráveis ao parecer. Após o discurso de quatro oradores, poderá ser apresentado requerimento de encerramento da discussão, desde que haja ao menos 257 deputados presentes.

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Se o requerimento for aprovado e o quórum de votação (342 presentes) for alcançado, começará a fase de votação. De acordo com o roteiro produzido pela Secretaria-Geral da Mesa, dois oradores contrários ao parecer e dois favoráveis poderão, de forma alternada, fazer uso da palavra por até cinco minutos cada. Líderes poderão discursar por até 1 minuto para orientar suas bancadas.

Na sequência, os deputados serão chamados nominalmente pelo presidente Rodrigo Maia. Eles terão de responder “sim”, “não” ou “abstenção” ao parecer. A chamada será em ordem alfabética, por estado, alternando entre representantes das regiões Norte e do Sul do país.

Deputado que não estiver presente quando for chamado terá uma segunda chance de votar ao término da votação do estado. Se não aparecer para votar na segunda chamada, o deputado será dado como ausente. Para que o pedido da PGR seja aprovado, são necessários 342 votos dos 513 parlamentares contra o parecer de Bonifácio. Só o presidente da Câmara não votará.

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