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| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ataques da líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), a outros deputados pelo Twitter fizeram crescer a pressão para tirá-la do cargo. Para deputados ouvidos pela reportagem, as atitudes recentes da parlamentar a descredenciariam para continuar a negociar a reforma da Previdência e a comandar a articulação política na Casa.

Sem que tenha sido provocada, Joice criticou no fim de semana, por meio do microblog, dois colegas que apoiam a aprovação da reforma, o que incomodou parlamentares da base aliada do presidente Jair Bolsonaro. No primeiro caso, a deputada ironizou a troca do nome do PPS para Cidadania e foi rebatida pelo líder da legenda na Câmara, deputado Daniel Coelho (PE). Depois, bateu boca com o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), chamando-o de “oportunista” e “moleque”.

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Kim havia apontado uma suposta contradição do tratamento do PSL em relação ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele disse que falta coerência ao partido de Jair Bolsonaro.

“A líder errou. Essa condução da discussão política via redes sociais tem de acabar. Ela e o PSL perdem a legitimidade para fazer a discussão agindo desta maneira. Uma líder não pode se dar ao luxo de atacar dois aliados que publicamente se declararam a favor da reforma”, afirmou o deputado Darci de Matos (PSD-SC).

As críticas à liderança de Joice, porém, começaram dentro da própria legenda dela. Deputados do PSL dizem não reconhecer na parlamentar a capacidade de conduzir o diálogo com a Câmara. No domingo (24), um grupo a cobrou, via WhatsApp, mais detalhes de como deveriam atuar para defender propostas do governo, como a reforma da Previdência, e sobre a comunicação com o Palácio do Planalto.

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Joice, porém, se esquivou e jogou a responsabilidade ao líder na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). “Sou líder do governo e não sou líder do PSL. Os interesses individuais dos integrantes do partido são tratados com o líder do partido e não comigo”, rebateu a deputada.

Segundo Delegado Waldir (PSL-GO), líder do partido na Câmara, os articuladores escolhidos por Bolsonaro estão falhando. “Os líderes estão sendo ineficientes na articulação. A construção (de apoio) está errada”, afirmou o parlamentar.

Escolha

Joice foi escolhida para o cargo pelo próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e avalizada por Bolsonaro. A relação da deputada com outros líderes na Casa, porém, já estava estremecida há algumas semanas, desde que ela apresentou a coordenadores de bancadas regionais uma lista de cargos que o governo estava disposto a discutir, mas exigindo como contrapartida o apoio ao governo, por escrito.

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Um dos alvos da parlamentar, Kataguiri atribui a o “insucesso” de Joice na articulação pela forma como ela trata os demais parlamentares. “Ela sabe que não está funcionando”, afirmou. “Está na hora de o governo começar a negociar com os partidos e com as lideranças. Não há como ver esses tipos de ataques se repetindo”, disse Celso Maldaner (PSD-SC).

O bate-boca com Kim

Kim havia apontado uma suposta contradição do tratamento do PSL em relação ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele disse que falta coerência ao partido do presidente Jair Bolsonaro.

Joice respondeu pedindo para que o líder do Movimento Brasil Livre não fosse “mais oportunista do que a média de sempre” e negou que o partido tivesse se manifestado nos termos utilizados por Kim.

Ele retrucou: “Tem de ser muito cara de pau para falar em oportunismo. Dizia que Maia era o demônio na Terra, o arqui-inimigo da lava-jato, o simbolo-mor da corrupção. Depois de eleita, passou a ser Maia desde criancinha. Tenha dó.”

Joice respondeu chamando Kim de “moleque” (ele tem 23 anos) e pediu para deputado deixar “os adultos” trabalharem. “Kim, você está realmente o que sempre foi; um moleque. Só isso e mais nada. Biruta de aeroporto. Seus comportamentos em relação ao Jair Bolsonaro no 1º e 2º turnos da eleição mostram bem isso. Pega a chupeta e vai nanar, neném. Deixa os adultos trabalharem.”

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