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Advogado Hélio Bicudo, fundador do PT e autor do pedido de impeachment de Dilma, morreu nesta terça-feira (31) | Rovena Rosa/Agência Brasil
Advogado Hélio Bicudo, fundador do PT e autor do pedido de impeachment de Dilma, morreu nesta terça-feira (31)| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O advogado Hélio Bicudo, fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e um dos autores do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff, morreu nesta terça-feira (31), aos 96 anos. 

A saúde do advogado era frágil desde 2010, quando sofreu um AVC. Debilitou-se ainda mais em março deste ano, quando morreu sua mulher, Déa Pereira Wilken Bicudo, após 71 anos de casamento. Ele deixa sete filhos, netos e bisnetos.

Ativista dos direitos humanos, Bicudo ganhou notoriedade nacional ao condenar integrantes do Esquadrão da Morte, organização paramilitar dos anos 1970. Na vida política, o advogado também foi deputado federal de São Paulo por dois mandatos consecutivos, de 1991 a 1999 e vice-prefeito de São Paulo, na gestão de Marta Suplicy (então PT). 

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Biografia

Hélio Pereira Bicudo nasceu em Mogi das Cruzes (SP) no dia 5 de julho de 1922, filho de Galdino Hibernon Pereira Bicudo e de Ana Rosa Pereira Bicudo.

Ele ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1942, mesmo ano em que começou a trabalhar em um escritório de advocacia. Quatro anos depois, obteve bacharel em ciências jurídicas e sociais.

Após ocupar o cargo de promotor e procurador da Justiça, foi nomeado em 1959 chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo, na gestão de Carvalho Pinto (1959-1963). No período, representou-o na comissão que elaborou os estatutos da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo).

Em 1963, quando chefiava o gabinete de Carvalho Pinto, Bicudo se tornou ministro da Fazenda do governo de João Goulart de maneira interina.

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Seis anos depois iniciou a investigação de atividades criminosas cometidas por policiais, em um de seus trabalhos mais notórios. 

Em 1980, Bicudo ingressou no PT, tornando-se o primeiro-vice-presidente da seção paulista da agremiação. Em 1990, foi eleito deputado federal pelo partido com 100 mil votos, tendo sido reeleito quatro anos depois.

Em 1996, o advogado se tornou presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Ele se tornou referência na luta contra a pena de morte no Brasil.

Homenagens

O colega de profissão Miguel Reale Júnior disse que vai lembrar de Bicudo como símbolo de ética, coragem cívica e espírito público. “Ele foi um militante contra a ditadura do governo militar e no fim da vida veio a tomar uma posição firme contra uma outra forma de ditadura, que foi o descalabro do governo Dilma Rousseff.”

Ao lado de Bicudo e da advogada Janaina Paschoal, Reale Júnior foi autor do pedido de impeachment da então presidente, em 2016. Para ele, a morte do colega encerra uma história de coerência, de alguém que ajudou a fundar o PT (Partido dos Trabalhadores), mas depois “se viu eticamente impossibilitado de permanecer em um partido que estava imerso na corrupção”. Bicudo deixou o PT em 2005, na época do escândalo do mensalão.

Outras pessoas do universo político, movimentos e entidades ligadas à advocacia e aos direitos humanos se manifestaram sobre a morte do advogado. O presidente da República, Michel Temer (MDB), escreveu: “O Brasil perdeu hoje Hélio Bicudo, um homem notável. Ao longo de sua vida, pudemos conhecer toda sua trajetória de defesa dos valores democráticos. Minhas sinceras condolências aos seus familiares”.

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A senadora Marta Suplicy (MDB-SP), que teve Bicudo foi vice dela na Prefeitura de São Paulo (2001-2004), também manifestou condolências. “Minhas condolências e sentimento à família de Hélio Bicudo pela perda de um brasileiro democrata e grande defensor dos direitos humanos.”

A advogada Janaina Paschoal falou que “parte um Herói brasileiro!”. “Meus agradecimentos ao nosso Grande Hélio Bicudo! Todo meu amor! Toda minha admiração! Toda minha gratidão! Sem ele, eu não teria conseguido. Que Dona Déa [sua mulher] o receba com flores. Peço a cada um uma oração, conforme a respectiva religião, em sua intenção.”

O promotor de Justiça e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, afirmou: “Seu físico pequeno escondia um gigante moral, um gigante humano, de infinito destemor, que enfrentou sem medo o esquadrão da morte em plena ditadura militar. [...] Foi um dos nomes mais importantes do país na luta contra a pena de morte, tornando-se referência internacional na defesa dos direitos humanos”.

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