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Segundo Duque, ex-presidente era chamado pelo apelido de “nine”, em referência ao fato de ter apenas nove dedos nas mãos. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Segundo Duque, ex-presidente era chamado pelo apelido de “nine”, em referência ao fato de ter apenas nove dedos nas mãos.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em depoimento à Justiça Federal em Curitiba nesta sexta-feira (5), o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, disse que o alto escalão do governo federal se referia ao ex-presidente Lula por diversos apelidos e também por meio do sinal de alisar o rosto na área das bochechas e do queixo, numa referência à barba de Lula. Segundo Duque, Lula tinha o comando do esquema de corrupção na Petrobras.

VÍDEO: Assista ao trecho do depoimento em Duque conta o papel de Lula no esquema

Duque contou ter sido chamado a Brasília para uma reunião em 2007, ocasião em que o então ministro Paulo Bernardo teria lhe relatado que Lula havia determinado que João Vaccari assumisse o papel de arrecadar recursos para o PT junto a empresas que prestavam serviços à Petrobras.

“Ele me disse: “olha, você vai conhecer uma pessoa indicada pelo...”(Duque alisa a barba). Ele fazia esse movimento, não citava o nome. O presidente Lula era conhecido com o chefe, era chamado como grande chefe, nine (nove em inglês) ou esse movimento com a mão”, contou o ex-diretor da estatal no depoimento, alisando novamente a barba.

Na audiência com Moro, Duque contou ter conhecido José Dirceu e Antonio Palocci em reuniões na casa do lobista Milton Pascowith, mas negou ter recebido qualquer pedido de pagamento por parte dos dois políticos petistas.

“Todo mundo diz que eu fui indicado por Zé Dirceu. Até onde sei, quando desse processo da minha escolha para a diretoria, houve um embate entre Delúbio (Soares) e Silvio Pereira. Delúbio defendia um outro nome para a diretoria de Serviços, Irani Varela, que foi meu antecessor. O Silvio Pereira defendia o meu nome. O José Dirceu, então ministro (da Casa Civil), foi chamado para dar uma decisão”, contou o ex-diretor da Petrobras.

Segundo Duque, Dirceu optou por seu nome: “A decisão foi clara: o PSDB já está contemplado na diretoria da Petrobras (na verdade, Duque se refere à diretoria de outra estatal, Furnas), eu não vou colocar na diretoria da Petrobras atender a um pedido do doutor Aécio Neves. Quem vai ficar na diretoria é Renato Duque. Este fato fez com que de alguma maneira eu ficasse ligado a uma imagem de José Dirceu”, contou Duque em depoimento.

OUTRO LADO: Depoimento é tentativa de fabricar acusações, diz Lula

Para Lula, o depoimento de Renato Duque é mais uma tentativa de fabricar acusações contra o petista. Em nota divulgada pelo Instituto Lula, o ex-presidente afirma que os investigadores da Lava Jato não conseguiram produzir provas e apelaram para a fabricação de depoimentos mentirosos.

“O desespero dos procuradores aumentou com a aproximação da audiência em que Lula vai, finalmente, apresentar ao juízo a verdade dos fatos”, segundo o comunicado.

A nota afirma que, conforme a defesa de Lula alertou, o adiamento do depoimento do ex-presidente serviu apenas para que se pudesse encaixar no processo os depoimentos fabricados de ex-diretores da OAS e, agora, o de Renato Duque.

“Os três depoentes, que nunca haviam mencionado o ex-presidente Lula ao longo do processo, são pessoas condenadas a mais de 20 anos de prisão, encontrando-se objetivamente coagidas a negociar benefícios penais”, diz o comunicado.

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