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| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O delegado Fernando Segovia foi pego de surpresa com o anúncio de sua destituição do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, anunciada nesta terça-feira (27) pelo novo ministro extraordinário de Segurança Pública, Raul Jungmann. Segovia será substituído pelo delegado da PF Rogério Augusto Viana Galloro, que desde novembro ocupava cargo de secretário nacional de Justiça no Ministério da Justiça.

Segovia disse a interlocutores que só soube de sua queda por meio do noticiário. Ele afirmou que nesta tarde havia participado de uma longa reunião, de quase três horas, com Jungmann em uma sala no quarto andar do Ministério da Justiça, mas que sua saída da direção não havia sido cogitada pelo ministro.

A reunião, no entender de Segovia, era somente um panorama administrativo sobre as diversas funções que a PF desempenha. Ele também disse aos interlocutores que a conversa foi normal e não houve divergência com Jungmann. Segovia chegou a prestigiar a posse do novo ministro da Segurança – ele estava na terceira fileira de convidados e, depois de um discurso de mais de 30 minutos de Jungmann, foi um dos puxadores de palmas.

Fernando Segovia chegou a prestigiar a posse do novo ministro da Segurança, Raul Jungmann, antes de ser demitido.Foto: Marcos Corrêa/PR

Aval do presidente

A reportagem apurou que a saída de Segovia foi acertada na segunda-feira (26) em conversa entre o presidente Michel Temer e Jungmann, que ainda não tinha sido anunciado para o cargo de ministro extraordinário. Segundo fontes do Planalto, o ministro argumentou a Temer que precisava fazer uma nova composição na pasta recém-criada e citou ter atuado com Galloro via Ministério da Defesa quando ele coordenou as forças da Polícia Federal na segurança da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos da Rio 2016.

Temer planejava mudar o comando da PF desde o início do mês, após Segovia ter comentado, em entrevista à agência Reuters, sobre inquérito em andamento que investiga o presidente, mas buscava um outro motivo para não causar constrangimento ao agora ex-diretor-geral. Com a transferência da corporação policial para o novo ministério, o argumento do Planalto é de que é natural que Jungmann queira montar a sua própria equipe e fazer as trocas que julgar necessárias para a nova gestão.

A avaliação do presidente foi de que Segovia acabou criando divisões internas na PF e causou uma saia-justa inclusive junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu a ele que se abstivesse de comentar o inquérito dos portos. De acordo com um interlocutor, Temer perguntou a Jungmann qual seria o destino de Segovia e foi informado que ele será transferido para ser adido da corporação nos Estados Unidos.

A escolha de Galloro teve também como objetivo prestigiar o ministro da Justiça, Torquato Jardim, defensor de seu nome, e evitar passar a mensagem de que Jungmann o atravessou, retirando um delegado-geral que foi nomeado pelo ministro. Número dois da gestão do ex-diretor Leandro Daiello, Galloro era o nome apoiado por Jardim, Daiello e pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen.

Na nota em que confirma o convite a Galloro, o Ministério da Segurança Pública não comentou as razões para a demissão de Segovia.

Lava jato está segura, diz Temer

Após a cerimônia de posse, Temer foi questionado sobre o papel do Ministério da Segurança em relação ao comando a Polícia Federal e a possibilidade de atrapalhar o trabalho da operação Lava Jato, e disse que isso “vem sendo tranquilamente levado a adiante”. “Não há um movimento sequer com vistas à interrupção da operação”, completou.

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