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 | Valter Campanato    /    Agência Brasil
| Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O PSDB está cada vez mais próximo do governo de Jair Bolsonaro. Não se trata de uma adesão oficial, mas avulsa. Uma aproximação que não interessa ao principal líder do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que já anunciou que abandonará a legenda que ajudou a fundar se esse namoro avançar. Mas no dia a dia das negociações políticas, os tucanos conversam com os bolsonaristas e há avanços.

Esses sinais de aproximação não são poucos. Dois deputados federais do PSDB não reeleitos estão com os pés dentro da gestão do capitão: Rogério Marinho (RN), ex-relator da reforma trabalhista, foi até anunciado pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) como um sub-secretário de Trabalho na Secretaria de Previdência e Receita Federal; e o Luiz Carlos Hauly (PR), relator da reforma tributária, deve ser aproveitado na cota de parlamentares derrotados que estarão lotados no Planalto. 

Bolsonaro gosta do trabalho de Hauly na reforma tributária. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um articulador do governo no Congresso, confirmou na noite desta terça que Hauly deverá ser aproveitado pelo governo. 

"Meu pai gosta muito do trabalho do Hauly", disse Eduardo. 

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Durante a campanha, Bolsonaro, quando perguntado sobre reforma tributária, citou várias vezes o conhecimento do deputado paranense no setor. Na semana passada, a Gazeta do Povo presenciou um rápido diálogo de Hauly com Onyx. O tucano se aproximou do ministro e disse: 

"Onyx, eu quero ajudar vocês. O Marcos Cintra não gosta tanto da minha proposta, mas é dez vezes melhor que a volta da CPMF. Não quero emprego, não quero nada. Só ajudar" - disse Hauly a Onyx, que respondeu:  

"Vamos conversar sim. O Guardia (Eduardo Guardia,atual ministro da Fazenda) te elogiou muito hoje". 

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Outro indicador dessa aproximação se deu num canto do Congresso. O futuro ministro da Saúde, o deputado Henrique Mandetta, conversou durante um longo tempo com o também deputado e secretário-geral do PSDB, Marcus Pestana, de Minas Gerais. Pestana é outro que não foi reeleito e já foi secretário de Saúde de Minas. O tucano foi convidado por Mandetta para ocupar um cargo no ministério, mas Pestana recusou. O cargo que ocupa na direção do partido e sua relação com o senador Aécio Neves e com Fernando Henrique é um impeditivo. Pestana trocou impressões com Mandetta sobre a situação da saúde no país. 

Na semana passada, Bolsonaro recebeu no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), onde ocorre a transição de governo, a deputada e senadora eleita Mara Gabrilli (SP), num grupo de parlamentares. Mara pediu ao presidente eleito a manutenção da pasta de Direitos Humanos, área na qual atua dentro do Congresso. Bolsonaro se mostrou afeito a ideia e deve atender ao pedido da parlamentar. A dúvida é quem irá assumir essa área. 

A bancada do PSDB deve se reunir hoje com Onyx Lorenzoni. O partido teve uma perda significativa nestas eleições e vai sair dos atuais 49 deputados federais para 29. Vinte a menos.

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