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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Pela primeira vez em 11 anos o Brasil registrou deflação em um mês, segundo o IPCA. O índice de junho, divulgado nesta sexta-feira pelo IBGE, foi de -0,15%. Em 12 meses, a inflação acumulada em junho foi de 3,14%.

De verdade, ficamos um tiquinho mais ricos, sem perceber – ou, melhor, aumentou o poder de compra médio do real. Não que devamos gostar de deflação. O recuo constante e amplo nos preços, como registrado no Japão nos anos 2000 é uma doença econômica tão difícil de curar quanto a hiperinflação dos anos 80 e 90 no Brasil.

Mas é bom sentir o gosto de ver a inflação se comportando como em países de economias estáveis. Nesses lugares, seus bancos centrais perseguem metas em torno de 2% ano, enquanto no Brasil ainda temos uma meta de 4,5%, largada às moscas na última década.

A queda forte da inflação tem boas e más razões. As boas estão ligadas ao realismo de preços adotado a partir de 2015. Foi quando o país abandonou o controle de preços de energia e combustíveis, que ajudaram a maquiar a escalada dos preços nos anos anteriores. Também fomos beneficiados por uma melhora na produção agrícola, que ainda tem peso importante no nosso índice de inflação.

O lado ruim é que os preços estão subindo em ritmo menor também porque estamos na maior recessão da história. Com isso, o consumo caiu e as empresas têm de controlar custos e preços para continuar vendendo. Também houve aumento no desemprego, o que sempre faz com que a renda disponível caia.

A inflação no Brasil não deve continuar caindo. A previsão de analistas é que ela feche o ano um pouco acima de 3% e volte para a casa dos 4% no ano que vem. Então a deflação de junho é mesmo um ponto ainda fora da curva.

No longo prazo, porém, pode ser diferente. O Banco Central está aproveitando a queda da inflação para tentar influenciar as expectativas para o futuro. Para isso, se comprometeu a atingir metas mais baixas, de 4,25% em 2019 e 4% em 2020. Se continuar depois, podemos chegar logo aos 3%, um bom índice para países emergentes.

Ao mesmo tempo, a inflação menor abriu espaço para os juros caírem. Há quem acredite que chegarão a 7,5% no ano que vem, contra os atuais 10,25% ao ano. Esse é o processo que pode trazer de volta o crescimento em 2018.

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